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Em aplicativo, bispo mantém conversas de cunho sexual

Um escândalo sexual atinge a maior autoridade da Igreja Católica na região de Rio Preto. No centro das denúncias está  o bispo diocesano Dom Tomé Ferreira da

Em aplicativo, bispo mantém conversas de cunho sexual
Em aplicativo, bispo mantém conversas de cunho sexual

Redação Publicado em 07/09/2018, às 00h00 - Atualizado às 12h03


Entre documentos de investigação do Vaticano, em conversas por aplicativo, Dom Tomé teria trocado imagens sensuais com jovem de grupo da Igreja Católica, BOM DIA teve acesso aos documentos

Um escândalo sexual atinge a maior autoridade da Igreja Católica na região de Rio Preto. No centro das denúncias está  o bispo diocesano Dom Tomé Ferreira da Silva. Conversas por aplicativo de telefone entre o bispo e um jovem da cidade estão entre os documentos juntados pelo enviado do Papa Francisco, o bispo de Santo Amaro, dom José Negri. O BOM DIA, com exclusividade, teve acesso a parte dos documentos enviados ao Vaticano.

As acusações de “péssimo” relacionamento entre Ferreira da Silva e os mais de 120 padres da Diocese, diante das acusações de comportamento sexual do bispo, tornaram-se pequenas. Dom José Negri esteve na cidade por mais de dez dias, averiguando todas as denúncias. O caso envolve até suspeitas de uso do Seminário católico para encontros amorosos entre dom Tomé e seminaristas.

O escândalo que mais abalou a Igreja foi o que envolve o bispo e um rapaz da cidade, cujo nome o BOM DIA preserva nesta reportagem. O jornal teve acesso com, com absoluta exclusividade, a uma conversa atribuída ao bispo e um jovem, num aplicativo de telefone.

A cópia da suposta conversa entre dom Tomé o rapaz tenho cunho estritamente sexual. Nas mensagens, o bispo pede que o rapaz mostre suas pernas, “bumbum”. O trecho da conversa a que o BOM DIA teve acesso indica que os dois já haviam trocado fotos, pois do telefone do jovem é enviada uma mensagem que diz: “Quero mais”. A resposta do bispo foi “Mostre e retribuo”. O rapaz responde: “Já mandei”.

As mensagens trocadas entre o bispo e rapaz, segundo uma fonte da Cúria, deixou o bispo José Negri “estarrecido”. Ele não acreditava no que via entre os documentos que coletou na cidade. Pelo menos mais de oitenta padres foram ouvidos pelo bispo durante sua investigação. Dom Negri vei a Rio Preto por ordem do Papa Francisco, que tem adotado medidas severas contra padres, bispos, cardeais e outros sacerdotes, envolvidos em escândalos sexuais.

VINGATIVO – Padres acusam o bispo de ser vingativo e perseguidor. Para o enviado do Vaticano, padres de Rio Preto denunciaram que o tratamento dispensado pelo bispo a eles é incompatível com seu cargo. Eles narraram o caso do padre Luis Bernardes, que era de Sebastianópolis do Sul, onde havia problemas. O padre foi remanejado para uma paróquia de Rio Preto. Leigos que se posicionaram contra sua decisão teriam sido destituídos de seus cargos.

HISTÓRICO – Em Rio Preto desde 2012, o bispo Dom Tomé já enfrentou outras situações de constrangimento à Igreja. Em 2015, em reunião programada para dar explicações aos padres da Diocese, Dom Tomé chegou a horar, negando todas as acusações. No início de seu trabalho na cidade, o bispo teve problemas com parte dos fiéis e o caso ganhou as ruas e mídia. Agora, diante de novo escândalo, o Vaticano pode determinar seu afastamento temporário até que as autoridades do Vaticano decidam o que fazer.

PAPA FRANCISCO – O pedido de investigação  sobre as denúncias contra o bispo de Rio Preto partiu do papa Francisco à Nunciatura Apostólica em Brasília (mais alta representação do vaticano no Brasil), que encarregou o cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, de presidir as investigações. Em visita-surpresa a Rio Preto, dom Odilo ouviu dom Tomé, que negou as denúncias.

Segundo um padre, o cardeal também conversou com o ex-motorista do bispo, que com quem manteria relacionamento amoroso . O gerente da agência bancária de onde teriam sido feitos saques da conta Cúria em benefício do motorista, com padres do Colégio de Consultores e com sacerdotes que denunciaram o bispo.

A fonte da Cúria disse ainda que o cardeal fez perguntas sobre um abaixo-assinado enviado por fiéis ao Vaticano. Eles pediam a saída do bispo porque ele teria deixado de investigar padres que estariam abusando do dinheiro da Igreja e não teria punido um padre acusado de assediar três ex-secretárias de sua paróquia.

Em nota, a assessoria de dom Odilo disse que ele não comentaria o caso, mas que confirma a visita “fraterna e privada” a dom Tomé. “Na ocasião, também conversou com outras pessoas sobre a diocese.”

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