Lembro que há alguns anos saiu uma peça de campanha eleitoral que se chamava "Eu quero morar na propaganda da Bahia", a oposição dizia que a propaganda era
Redação Publicado em 25/09/2020, às 00h00 - Atualizado às 09h25
Lembro que há alguns anos saiu uma peça de campanha eleitoral que se chamava “Eu quero morar na propaganda da Bahia”, a oposição dizia que a propaganda era “bem diferente do dia-a-dia” e contrastava as imagens da propaganda com cenas tristes da falta de assistência à população.
Na última terça (22) o Presidente Jair Bolsonaro cumpriu o tradicional papel legado aos chefes de estado do Brasil ao discursar na abertura da Assembleia Geral da ONU.
Não pude assistir, fui pedir a opinião de alguns amigos no Twitter e recebi respostas como:
– Populista, um monte de dados que ele tira do chapéu, só pra variar um pouco, naquele toque especial de mentir que ele tem.
– Uma bela b…., passou a vergonha no débito.
Ao mesmo tempo alguns amigos criticaram, vi bolsonaristas vibrarem e um post transloucado do astrólogo. Enfim a confusão de sempre quando o assunto é alguma ação do atual ocupante do Palácio do Planalto.
Depois, com um pouco mais de tempo, fui assistir e ler o discurso e fiquei com algumas impressões:
– Fala em verdade, mas mente.
– Fala em abertura, mas o posicionamento isola.
– Fala em proteção ao meio ambiente, mas nega os problemas que enfrentamos na área.
– Bolsonaro mais uma vez usou a nefasta tática de misturar verdades ou meias-verdades com mentiras. Uma uma cortina de fumaça para não desnudar fracasso da sua gestão em áreas sensíveis para a comunidade internacional, como o combate à pandemia e a preservação do meio-ambiente.
– O presidente também tosca (e inconstitucionalmente) fez um aceno à base evangélica.
O fato é que Bolsonaro e seus seguidores têm plena fé de que está certo e de que falou a mais pura verdade. Quem critica ou aponta erros, é inimigo e torce contra o Brasil.
O devaneio presidencial tem dragado cada vez mais nosso país para a negação dos nossos problemas e a divisão da nossa população. Mais uma vez faço um humilde apelo para que não caiamos nessa armadilha e para que o presidente trabalhe pela união do país, com base na ciência e na verdade, não nas vozes da sua cabeça, do seu séquito ou dos seus filhos.
Assim como a propaganda do Governo da Bahia era “diferente do dia-a-dia”, o discurso presidencial é deslocado da realidade. O Brasil precisa compreender que o auto-engano não resolve problemas, só os acumula.
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