Colunistas
É importante olhar para a França

Por Kleber Carrilho
É importante olhar para a França
Neste fim de semana, ocorre o primeiro turno das eleições francesas. Embora algumas pesquisas estejam captando alguns movimentos diferentes, a tendência é que aconteça o óbvio daqui a duas semanas, no segundo turno: Emmanuel Macron será reeleito, contra a “quase” ex-radical de direita Marine Le Pen.
Porém, mais do que olhar para o resultado, é importante entender o cenário mais profundo. Macron foi um presidente medíocre, não contribuiu com absolutamente nada para o planejamento do país para o futuro, mas se beneficiou de um fato que representa um grande risco: o débâcle dos partidos e movimentos políticos tradicionais franceses.
E, como a França ainda tem uma importante característica de chegar à frente ou, pelo menos, mostrar antes as crises e rupturas sociais, já há alguns séculos, esse pode ser o recado principal: não haverá mais política como havia.
Esta observação é óbvia, porque muitos pensadores já entenderam esse processo de fim de uma época que transparece nas democracias ocidentais. Porém, a impossibilidade de que algum movimento político consiga fazer frente à irrelevância simbólica de Macron esfrega na cara de todos que algo já aconteceu, mas às vezes ainda parecia escondido, nas sociedades ditas democráticas. Michel Maffesoli é uma referência nesta observação: há muitos anos, ele demonstra que a estrutura política do Estado, com todos os penduricalhos, inclusive os partidos políticos, já não dão mais conta do que os indivíduos e os grupos sociais, cada vez mais difusos, líquidos e complexos, querem.
A pergunta que chega agora é: e depois de Macron? Saindo da França, podemos adaptar para perguntar: e depois de Biden? Chegando ao Brasil, em que grande parte dos democratas parece ter reconhecido um único caminho, a pergunta é: e depois de Lula?
Este é um mundo novo. Volodimir Zelensky, o mito de camiseta verde, é herói midiático mundial. Arranjou o seu arqui-inimigo, pode culpar os amigos que não ajudam e se tornou aquele que representa a coragem, a força e a união de um povo.
Nesta nova forma de representação política, parecer ser é muito mais importante do que ser. Mais do que sempre foi. Inclusive porque a comunicação não precisa ter nada de realidade, de plano político, de execução. É só aparecer e parecer.
Macron foi (e ainda é) o grande representante dos políticos-nada. Mas está sendo substituído rapidamente por jogadores de videogame, que movimentam mundos virtuais e metaversos, apresentam-se 24 horas por dia no grande irmão (o big brother no sentido mais orwelliano possível) das redes sociais e se mantêm no poder para encarar novos desafios, novas aventuras e novos inimigos.
Enquanto isso, as pessoas reais morrem, em guerras sem sentido, desnutridas ou obesas, sempre com um celular conectado na mão.
Kleber Carrilho é professor, analista político e doutor em Comunicação Social
Instagram: @KleberCarrilho
Facebook.com/KleberCarrilho
-
Sem categoria19 horas atrás
Maitê Proença sobre namorada: “Queria que ela fosse um homem”
-
Sem categoria18 horas atrás
Cantor Tarik Lima e namorada morrem após acidente em estrada na Paraíba
-
Sem categoria19 horas atrás
Vencedor de “A Fazenda”, Lucas Viana, é socorrido em festa durante crise e faz alerta; confira
-
Sem categoria22 horas atrás
Enfermeira envolvida no caso Klara Castanho pode ter registro cassado
-
Sem categoria23 horas atrás
Mãe de menina vítima de estupro se pronuncia sobre audiência: ‘Me senti um nada, por não tomar decisões pela minha filha’
-
Sem categoria21 horas atrás
Festa de São João: conheça a história do santo festeiro e as diferentes tradições em cada estado brasileiro
-
Sem categoria17 horas atrás
Virginia Fonseca comemora 2 anos de relacionamento com Zé Felipe com sequência de stories no Instagram
-
Sem categoria23 horas atrás
Justiça suspende decisão que obrigava IBGE a coletar dados sobre orientação sexual no Censo 2022