O diretor do Museu Nacional, Alexandre Kelnner, cobra celeridade nas obras de contenção do prédio em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, destruído por um
Redação Publicado em 02/10/2018, às 00h00 - Atualizado às 11h33
O diretor do Museu Nacional, Alexandre Kelnner, cobra celeridade nas obras de contenção do prédio em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, destruído por um incêndio há um mês. Com a verba de quase R$ 9 milhões liberada pelo Ministério da Educação, tiveram início, no dia 21 de setembro, as obras emergenciais. Mas ainda falta segurança para o trabalho dos cientistas.
Os técnicos estão escorando as paredes do palácio para evitar desabamentos. Enquanto isso, os profissionais do museu não podem entrar no local. E a cada dia aumenta a ansiedade para tentar recuperar o acervo que ainda está lá dentro.
As obras emergenciais devem acabar em seis meses, mas os especialistas acreditam que antes disso já consigam entrar para retirar algumas peças. Porém, não há uma data para o início dessas buscas.
“Não sou muito otimista, mas também não sou um cara pessimista. Mas estou esperançoso diante do que a gente já viu. Vamos recuperar material, mas precisamos ter celeridade. Toda vez que chove nós perdemos um pouquinho”, disse o diretor do Museu Nacional, Alexandre Kelnner.
Kelnner disse que, diante da tragédia ocorrida, ficou contente com a sensibilidade do MEC em ajudar nas obras emergenciais para dar estabilidade ao prédio e segurança às pessoas para que possam entrar e fazer o resgate do material. Mas cobrou das autoridades urgência na liberação de mais ajuda financeira.
“Esse dinheiro [liberado pelo MEC] dá unica e exclusivamente para escorar as paredes, colocar um teto provisório e retirar o entulho; porém, é fundamental que o Brasil trabalhe para que a gente possa recompor o museu o quanto antes”, reforçou Kelnner.
Ele disse, ainda, que está pleiteando junto ao Congresso Nacional para que seja colocada, ainda no orçamento deste ano, uma verba destinada ao Museu Nacional para fazer a primeira reforma estrutural do prédio, como obras em banheiros e instalações.
Nesta terça-feira (2), haverá um ato para marcar os 30 dias desde a tragédia. Um abraço simbólico será dado no entorno do Museu, que segue completamente cercado para evitar o acesso de pessoas não autorizadas.
Os técnicos que realizam as obras emergenciais no Museu Nacional são acompanhados de perto por cientistas. Isso porque o que para olhos leigos parecem pedras, são na verdade, meteoritos. A pesquisadora Elisabeth Zucolotto diz que é muito fácil confundir esses fragmentos de corpos celestes com pedaços de cimento.
Ela conseguiu resgatar 30 meteoritos no dia seguinte ao incêndio – antes de o aparato de segurança da Polícia Federal impedir totalmente o acesso aos escombros. Mas ela ainda está ansiosa para recolher outros 400 fragmentos. Entre eles está o mais valioso e raro deles, o Angra dos Reis, um meteorito rochoso mais antigo que a Terra, com mais de 4 bilhões de anos.
“Ele tem essa importância científica grande porque ele é como se a gente tivesse ido lá num asteroide e tivesse recolhido o framento dele e trazido ele pra cá. Está idêntico”, enfatizou a pesquisadora Elisabeth Zucolotto.
O Angra dos Reis está guardado dentro de um armário em uma das salas destruídas pelo fogo e que, por enquanto, ainda está inacessível. A pesquisadora, no entanto, diz ter quase certeza de que, protegido pelo ferro do armário onde estava guardado, segue preservado.
“Desde que aconteceu [o incêndio], eu não consigo quase dormir de noite, acordo de madrugada pensando nos meteoritos que tem. Acho que eu só vou começar a trabalhar em pesquisa depois que eu estiver tranquila, que eu tiver achado os meteoritos”, disse a pesquisadora.
As causas do incêndio seguem desconhecidas e a Polícia Federal disse que não comenta investigações em andamento.
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