Diário de São Paulo
Siga-nos

Diário do Tricolor – Opinião: falhas de planejamento mostram que o São Paulo está perdido

Há 52 dias, o São Paulo entrava em campo para disputar a primeira semifinal da Libertadores, contra o Atlético Nacional. Com duas derrotas, o sonho do

Diário do Tricolor – Opinião: falhas de planejamento mostram que o São Paulo está perdido
Diário do Tricolor – Opinião: falhas de planejamento mostram que o São Paulo está perdido

Redação Publicado em 27/08/2016, às 00h00 - Atualizado às 09h19


De semifinalista na Taça Libertadores, a equipe hoje está quatro pontos à frente do Z-4 do Brasileirão. Diretoria não se planejou contra saída dos principais jogadores

Gustavo Vieira de Oliveira, José Jacobson Neto, Carlos Augusto de Barros e Silva e José Alexandre Medicis - diretoria do São Paulo (Foto: Juca Pacheco / saopaulofc.net)

Gustavo Vieira de Oliveira, José Jacobson Neto, Carlos Augusto de Barros e Silva e José Alexandre Medicis formam a diretoria do São Paulo (Foto: Juca Pacheco / saopaulofc.net)

Há 52 dias, o São Paulo entrava em campo para disputar a primeira semifinal da Libertadores, contra o Atlético Nacional. Com duas derrotas, o sonho do tetracampeonato sul-americano virou pesadelo e, quase dois meses depois, a realidade é uma só: a equipe se despedaçou.

Os principais jogadores foram embora (Ganso, Calleri), e não houve reposição à altura. Todo o trabalho que vinha sendo feito por Edgardo Bauza foi interrompido por um convite para trabalhar na seleção argentina. Ricardo Gomes chegou para realizar todo um trabalho de reconstrução.

Mas como um time que chegou a sonhar com o Mundial do Japão agora pode estar apenas quatro pontos à frente da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro?

Nas 17 rodadas restantes, a luta será muito árdua, principalmente porque, para quem observa o time treinar todos os dias no CT da Barra Funda, fica a dúvida de onde pode vir a melhora. Perder para um time da Série C (o Juventude), em casa, pela Copa do Brasil, pode não ter sido o fundo do poço.

São Paulo, que já sabia que ficaria sem Calleri, perdeu Ganso e Kardec a poucos dias do fechamento da janela internacional e sem ter nenhum bom reforço engatilhado

É fato que, sem Ganso, o São Paulo ficou acéfalo. Durante a Libertadores, existia o otimismo de que o contrato poderia até ser renovado. Mas a saída de Luiz Antônio Cunha da diretoria, após se desentender com o presidente Leco, acabou com essa possibilidade.

Era Cunha quem tinha ótimo relacionamento com o camisa 10 e principalmente, com seu empresário, Giuseppe Dioguardi.

Em 16 de julho, três dias após o São Paulo ser eliminado da Libertadores, a venda do meio-campista para o Sevilla foi anunciada por R$ 34,5 milhões, sendo que o Tricolor ficou com R$ 16 milhões. Não deu nem tempo de aproveitar esse dinheiro – após mais três dias, a janela de transferências para contratar reforços do Exterior fechou, e não houve reposição à altura para tamanha perda. Caso clássico de falta de planejamento.

Não existe dentro do elenco um jogador com característica e qualidade parecidas às de Ganso. A alternativa vem sendo utilizar um esquema com três volantes, numa proposta tática em que eles se revezam na função de armador. É muito otimismo achar que João Schmidt, Hudson e Thiago Mendes (ou Wesley) podem jogar como um Ganso.

Quem também tenta ajudar na criação é o peruano Cristian Cueva, contratado por R$ 8,8 milhões e que ainda está se adaptando ao novo clube. Em seu último clube, o Toluca, do México, nem meia ele era – costumava jogar como um ponta esquerda.

No comando do ataque, o problema é igualmente grande. O excelente Calleri chegou no início do ano para um contrato curto, de apenas seis meses, e caiu como uma luva na equipe. Marcou 16 gols e roubou a cena na Libertadores, competição em que terminou como principal artilheiro. Após a eliminação para o Atlético Nacional, ele acertou sua saída.

Como isso já era esperado, o problema parecia que poderia ser facilmente contornado, já que o elenco contava com Alan Kardec como peça de reposição. Só que uma proposta do Chongqing Lifan levou o camisa 14. E aí o desespero tomou conta da diretoria, que também havia perdido Rogério que, irritado por ser utilizado em posição errada pelo técnico Edgardo Bauza, pediu para ser negociado (Kieza, outro que poderia jogar como centroavante, já havia saído em março, sem deixar saudade nenhuma no Morumbi).

A venda de Kardec foi anunciada em 15 de julho. O time tinha quatro dias para ir ao mercado e contratar um substituto. E, no desespero, você quase nunca consegue a melhor opção. O clube, depois de sonhar com  Diego Tardelli e Barcos, acertou com Andres Chavez, argentino que estava na reserva do Boca Juniors. Também trouxe Gilberto, que teve passagem por vários times do Brasil (sem deixar uma grande marca em nenhum) e tinha acabado de rescindir vínculo com o Chicago Fire, dos Estados Unidos. Vale enfatizar: o São Paulo sonhou com Tardelli e Barcos, mas acordou com Chavez e Gilberto para as vagas de Calleri e Alan Kardec. Aí complica.

Contratações no mercado nacional podem ser feitas até o dia 16 de setembro, mas certamente não chegará ninguém capaz de mudar o patamar da equipe

Sem reposição à altura para as peças que saíram, o time entrou em queda livre em campo. Nas últimas nove partidas que disputou, conquistou apenas uma vitória. A diretoria segue atirando para todos os lados em busca de reforços. Tanto que, agora, cogita contratar o meia-atacante Marquinhos, que está encostado no Internacional e que teve passagens apagadíssimas por Cruzeiro e Palmeiras. As contratações no Campeonato Brasileiro podem ser feitas até 16 de setembro, mas certamente não chegará ninguém capaz de mudar o patamar da equipe.

O que mais preocupa os torcedores é que, olhando para frente, não se enxerga possibilidade de melhora. A diretoria, que segue calada, apesar de tudo que vem acontecendo de errado, acena com uma ampla reformulação para 2017. Mas essa história já foi falada em outros anos, e nada mudou. Trocam-se os jogadores, muda-se o perfil dos técnicos e o time segue sem conquistar títulos. Os rivais estão nadando de braçadas à frente. E o sentimento é de que a mudança precisa vir de onde nunca vem – de cima pra baixo.

Compartilhe  

últimas notícias