O delegado Fábio Pinheiro Lopes, que investiga o caso do sushiman Leandro Santos, morto a tiros pela Polícia Militar (PM), na semana passada, dentro de um
Redação Publicado em 30/11/2018, às 00h00 - Atualizado às 08h34
O delegado Fábio Pinheiro Lopes, que investiga o caso do sushiman Leandro Santos, morto a tiros pela Polícia Militar (PM), na semana passada, dentro de um restaurante japonês em São Paulo, decretou sigilo no inquérito. Segundo ele, a divulgação de informações à imprensa pode atrapalhar as investigações que apuram as causas e eventuais responsabilidades pela morte de Leandro Santos.
“Foi decretado sigilo no inquérito. É o que posso dizer”, disse Fábio, que é titular do 15º Distrito Policial, no Itaim Bibi, Zona Sul da capital.
O caso é investigado como homicídio “decorrente de oposição à intervenção policial”, resistência e lesão corporal. Segundo os policiais militares, o sushiman teve um surto e ameaçou esfaquear outros funcionários e clientes do restaurante Jam, onde trabalhava.
Os PMs alegam que agiram em legítima defesa. O 15º DP apura isso e ainda se os agentes cometeram excessos.
Antes da decretação do sigilo, o G1 teve acesso ao vídeo de câmeras de segurança do Jam que gravaram a ação policial para conter o sushiman e assistiu ao que segue: ele é cercado e encurralado por aproximadamente dez PMs. Leandro aparece sozinho, sem reféns, segurando duas facas. Não foi permitido, porém, fazer cópia e divulgação do conteúdo.
Os vídeos mostram que, após libertar as vítimas, o sushiman atira uma faca na direção dos agentes da PM sem atingi-los. Na sequência, eles revidam com tiros de balas de borracha e taser, uma arma de choque. Mas nenhum desses armamentos atinge Leandro.
Nas mesmas filmagens, ao menos dois PMs atiraram no sushiman pelas costas, baleando ele quatro vezes com balas de pistola .40, uma arma letal.
O homem de 26 anos, que trabalhava havia sete anos no Jam, foi socorrido e morreu no hospital. Ele era casado e deixa uma filha de seis meses.
Ainda nesta quinta-feira a Ouvidoria da Polícia deu entrevista coletiva para informar que analisou as imagens da ação da PM que resultou na morte de Leandro, mas que, por conta da decretação do sigilo, não poderia divulga-las à imprensa.
“Elas mostram um total despreparo dos policiais no uso de armas não letais e ainda que não havia a necessidade do emprego de arma de fogo”, declarou o ouvidor Benedito Mariano.
Além da Ouvidoria, os vídeos do restaurante estão com a Polícia Civil, a Corregedoria da PM e foram encaminhados também ao Ministério Público (MP). O material será analisado e periciado pela Superintendência da Polícia Técnico-Científica, que divulgará um laudo a respeito da ação dos agentes da PM.
A Polícia Civil ouviu parentes de Leandro que negaram que ele pudesse ter algum problema pessoal para desencadear o suposto surto informado pelos PMs.
Em nota, o restaurante Jam lamentou a morte do funcionário, que trabalharia havia sete anos no local. “Lamentamos profundamente a perda do colaborador Leandro e permanecemos solidários com a família, entes queridos e demais membros da equipe neste momento de muita dor. Que sua alma descanse em paz”.
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