Das Mídias Sociais

Por Rodrigo Sayeg

Das Mídias Sociais

O que une bolsonaristas e petistas? Essa pergunta parece incompreensível, especialmente no cenário atual de acirramento das divisões políticas no País. Qualquer pessoa que ouvisse essa pergunta iria responder “nada”. Porém, e se eu levantasse aqui uma reflexão de que existe sim algo que os une?

Conforme matéria do jornal BBC “Críticas sobre suposta censura e falta de transparência do Facebook unem petistas e bolsonaristas”.[1]

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Mídias sociais. A novidade do século XXI, que mudou o comportamento de toda a sociedade, desde suas relações mais pessoais e íntimas, por exemplo, relações familiares e relacionamentos amorosos, assim como o mundo dos negócios, justamente pela sensação de liberdade de comunicação e aparente transparência que nos passa.

Hoje, é quase impossível imaginar um mundo no qual a pessoa não se encontre conectada a uma mídia social. Conforme pesquisa publicada no site Resultados Digitais, em 2021, 130 milhões de brasileiros usam o Facebook, sendo que o Instagram e o Whatsapp, plataformas controladas por este titã do mercado digital, correspondem respectivamente a 110 milhões e 120 milhões de brasileiros. O Facebook Messenger possui 77 milhões de usuários brasileiros[2]. Em outras palavras, mais da metade dos Brasileiros são usuários de redes sociais.

E qual o impacto desta transformação? De acordo com o relatório emitido pelo DataReportal, os brasileiros passam, em média, 3 horas e 42 minutos por dia conectados às redes sociais.[3]

Portanto, as mídias se tornaram a força controladora das relações sociais. E este é justamente o motivo pelo qual devemos repensar nossa relação com elas. O controle que estas exercem na nossa comunicação chega ao ponto de ser surpreendente. Conforme o Observatório da Imprensa, mantido pelo Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo “cerca de 70% dos Brasileiros ativos no Facebook se informam pela rede social”[4].

Este número corresponde a 91 milhões de brasileiros, tendo em vista os números retromencionados.

Em outras palavras, quase metade da população se informa através da referida rede social. E tal relação traz seus perigos. Recentemente, os Estados Unidos, outro país grande usuário das redes sociais, está investigando o Facebook no seu envolvimento na polarização do discurso político que levou à invasão do capitólio no mês de janeiro deste ano. Tanto que, no dia 5 deste mês, Senadores do Congresso Americano convocaram o CEO do Facebook ao Capitólio para que este justifique as acusações e os indícios de que a referida companhia se aproveitou da polarização para aumentar seus lucros[5]. Conforme a Sra. Frances Haugen afirmou perante o Senado Norte Americano, o algoritmo do Facebook “prioriza posts de maior repercussão, os quais potencialmente podem causar danos”[6].

Talvez, este fórum não seja tão livre e transparente assim, até porque não custa citar as palavras do Ministro Thomas da Suprema Corte Americana ao se referir sobre a conta de Twitter de Donald Trump, na época Presidente dos Estados Unidos, de que, “é peculiar dizer que algo é um fórum público quando uma companhia privada tem autoridade irrestrita para sumir com ele”.[7]

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[1]https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53364255

[2] VOLPATO Bruno. Ranking: as redes sociais mais usadas no Brasil e no mundo em 2021, com insights e materiais gratuitos. RESULTADOS DIGITAIS. 24.08.2021. https://resultadosdigitais.com.br/blog/redes-sociais-mais-usadas-no-brasil/

[3] Extraído de https://datareportal.com/reports/digital-2021-global-overview-report

[4] Extraído de http://www.observatoriodaimprensa.com.br/e-noticias/cerca-de-70-dos-brasileiros-se-informam-pelo-facebook/

[5] Extraído de https://www.cnbc.com/2021/10/05/congress-demands-mark-zuckerberg-answer-questions-at-haugen-hearing.html

[6]https://www.cnbc.com/2021/10/05/facebook-whistleblower-testifies-before-senate-committee.html

[7]https://www.cnbc.com/2021/04/05/supreme-court-erases-lower-court-ruling-against-trump-over-his-twitter-account.html