Diário de São Paulo
Siga-nos

Damares diz que não se arrepende de frase polêmica e que nenhum direito adquirido será retirado

A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou na noite de quinta-feira (3), em entrevista, que não se arrepende da declaração

Damares diz que não se arrepende de frase polêmica e que nenhum direito adquirido será retirado
Damares diz que não se arrepende de frase polêmica e que nenhum direito adquirido será retirado

Redação Publicado em 04/01/2019, às 00h00 - Atualizado às 08h49


Em vídeo, ministra diz que ‘meninos vestem azul e meninas vestem rosa’. Ela explicou a declaração em entrevista.

A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou na noite de quinta-feira (3), em entrevista, que não se arrepende da declaração polêmica que deu logo após assumir o cargo, sobre cores para meninos e meninas. Ela também disse que o governo Bolsonaro não vai acabar com nenhum direito adquirido pela população LGBTI.

Na entrevista ao “Jornal das Dez”, Damares voltou a dizer que a frase em que afirma que “menino veste azul e menina veste rosa” era uma “metáfora” contra o que chama de “ideologia de gênero”, e explicou a declaração ao responder se estava arrependida, diante da repercussão da fala.

“De jeito nenhum. Foi uma metáfora. Nós temos no Brasil o ‘Outubro Rosa’, que diz respeito ao câncer de mama com mulheres, temos o ‘Novembro Azul’, que é com relação ao câncer de próstata com o homem. Então quando eu disse que menina veste cor de rosa e menino veste azul, é que nós vamos estar respeitando a identidade biológica das crianças”, disse.

Vídeo de ministra sobre cores para crianças repercute nas redes

A frase foi registrada em um vídeo feito por apoiadores, logo após Damares assumir o ministério. Ao final da fala, a ministra foi aplaudida pelo público que a cercava em uma sala.

A declaração provocou repercussão e foi criticada, ficando entre os assuntos mais comentados nas redes sociais nesta quinta-feira. Foi criada também a hashtag “cor não tem gênero”. O cantor Caetano Veloso divulgou uma foto, usando cor de rosa.

Caetano Veloso, em sua conta no Instagram — Foto: Reprodução/TV Globo

Caetano Veloso, em sua conta no Instagram — Foto: Reprodução/TV Globo

A Associação Nacional de Travestis e Transexuais disse em nota que a declaração da ministra “fere a liberdade individual, o direito à autodeterminação e a dignidade da população trans”.

População LGBTI

Damares Alves diz que nenhum direito LGBT será retirado pelo governo Bolsonaro

Damares Alves diz que nenhum direito LGBT será retirado pelo governo Bolsonaro

Ainda durante a entrevista, Damares foi questionada sobre políticas públicas para a população LGBTI, e afirmou que “nenhum direito adquirido será violado pelo governo Bolsonaro”, ao comentar sobre a adoção de crianças por casais gays.

“Os homossexuais já podem adotar, e nós não queremos mudar isso. Nenhum direito adquirido vai ser violado pelo governo Bolsonaro, que isso fique claro. O homossexual já pode adotar uma criança. Qualquer pessoa acima dos 21 anos pode, desde que tenha 16 anos de diferença do adotante para o adotado, então isso é direito adquirido”.

Sobre a Medida Provisória assinada por Bolsonaro que não deixa explícito que a comunidade LGBTI faz parte das políticas e diretrizes destinadas à promoção dos direitos humanos, como constava anteriormente, Damares Alves afirmou que o assunto ficará subordinado à Secretaria Nacional de Proteção Global, e que houve apenas uma mudança de nome.

“A MP trouxe oito secretarias, entre elas, a Secretaria de Proteção Global, e hoje foi publicado o decreto que detalha o que tem em cada secretaria. Está lá mantida a diretoria da proteção à comunidade LGBT, não foi mexida em nada. Nós tivemos uma reunião durante a transição, com a comunidade LGBT, e a diretoria destinada à comunidade LGBT vai focar no combate à violência contra a comunidade LGBTI. Então, ela está lá, inclusive com os mesmos funcionários, ela só mudou o nome”.

Diretoria vai focar no combate à violência contra gays, diz ministra dos Direitos Humanos

Diretoria vai focar no combate à violência contra gays, diz ministra dos Direitos Humanos

Damares afirmou também ser possível combater o preconceito contra gays “sem dizer para a menina que ela não é menina”.

“É uma questão de política pública, para que não haja exagero da doutrinação ideológica. Vamos continuar combatendo o preconceito”, afirmou.

Mais cedo, nesta quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro afirmou pelo Twitter que, no governo dele, “não haverá abandono de auxílio a qualquer indivíduo nas diretrizes de direitos humanos”. Ele não mencionou na rede social nenhum episódio especifico que tenha motivado a declaração.

Jair M. Bolsonaro

@jairbolsonaro

Não haverá abandono de auxílio a qualquer indivíduo nas diretrizes de Direitos Humanos. A Secretaria Nacional da Família, Secretaria Nacional de Proteção Global e o Conselho Nacional de Combate à Discriminação ficarão responsáveis por este papel.

Na mensagem que publicou na tarde desta quinta no Twitter, Bolsonaro declarou que o trabalho de manutenção das diretrizes de direitos humanos caberá à Secretaria Nacional da Família, à Secretaria Nacional de Proteção Global e ao Conselho Nacional de Combate à Discriminação.

Compartilhe  

últimas notícias