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Da hora extra no treino às dicas do técnico na base: como Mancini “resgatou” Gabriel no Corinthians

Fagner foi eleito o craque do jogo, Gustavo Mosquito chamou a atenção participando de dois gols e Cazares voltou a marcar pela segunda partida seguida, mas

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Redação Publicado em 18/01/2021, às 00h00 - Atualizado às 09h32


Volante reassume vaga e passa a ter papel importante na construção de jogadas do Timão

Fagner foi eleito o craque do jogo, Gustavo Mosquito chamou a atenção participando de dois gols e Cazares voltou a marcar pela segunda partida seguida, mas nenhum jogador agradou tanto à comissão técnica do Corinthians na goleada por 5 a 0 sobre o Fluminense quanto o volante Gabriel.

Autor de uma assistência, Gabriel percorreu quase 12 quilômetros na última quarta-feira, sendo o corintiano que mais correu em campo. Foi o motorzinho da equipe em Itaquera.

O desempenho não chega a ser novidade. Desde que reassumiu a titularidade do Corinthians, há dois meses, Gabriel tem tido boas atuações e vem chamando a atenção pela maior participação ofensiva. Se antes o volante se limitava a marcar e entregar a bola para os companheiros que estavam por perto, agora ele tem papel fundamental também na construção de jogadas.

O “resgate” do volante é fruto de muito trabalho e tem participação decisiva do técnico Vagner Mancini.

Ao chegar ao Timão, em outubro de 2020, Mancini barrou Gabriel e optou pela entrada de Xavier no time. O camisa 5 não estava bem, mas nem por isso o treinador desistiu dele.

O diagnóstico da comissão técnica alvinegra era de que o jogador tinha potencial para ser um meio-campista mais participativo e não apenas um “cão de guarda”.

Essa impressão foi referendada por alguém que conhece Gabriel desde a infância. Anderson Batatais, auxiliar de Mancini, foi buscar informações com Elio Sizenando, ex-técnico do Paulinia, clube que o volante defendeu dos 13 aos 18 anos. O profissional contou que durante boa parte da adolescência o jogador atuou como meia e que só recuou ao se transferir para o Botafogo.

A partir disso e da análise de que o Corinthians precisava de um atleta que atuasse de área a área (ou “box to box”, no jargão do futebol), Mancini e seus auxiliares passaram a realizar treinos específicos com Gabriel. Depois das atividades com todo o elenco, ele ficava em campo fazendo “hora extra” para trabalhar viradas de jogo. Vídeos preparados pelo analista Cláudio de Andrade e pelos profissionais do Cifut (Centro de Inteligência do Futebol) também ajudaram a corrigir problemas do jogador.

Até mesmo a postura corporal ao receber a bola e ao projetar o corpo para sair jogando foi aperfeiçoada.

Na visão da comissão técnica, Gabriel tinha dificuldades na “mudança de corredor”. Traduzindo: quando pressionado, ele não conseguia achar rapidamente um companheiro livre em outra região do campo. Muitas vezes, ele conduzia a bola em linha reta até ser desarmado ou tocava curto para outro jogador também marcado.

Os treinos surtiram efeito. Gabriel começou a se destacar nos trabalhos no CT Joaquim Grava e, após sete partidas no banco de reservas, ganhou chance com Mancini na partida contra o Atlético-MG. O Timão acabou derrotado por 2 a 1, mas o volante não saiu mais do time.

A mudança de posicionamento e de postura de Gabriel desde então é visível. Isso fica evidente ao comparar os mapas de calor do duelo contra o Fluminense com o último jogo dele sob o comando de Dyego Coelho, em outubro, contra o Ceará. Veja abaixo nas imagens do Sofascore:

Contra o Fluminense

Mapa de calor de Gabriel contra o Fluminense — Foto: Sofascore

Mapa de calor de Gabriel contra o Fluminense — Foto: Sofascore

Contra o Ceará

Mapa de calor de Gabriel contra o Ceará — Foto: Sofascore

Mapa de calor de Gabriel contra o Ceará — Foto: Sofascore

Além de participar mais da construção ofensiva e chegar com frequência maior à área rival, Gabriel corrigiu um outro defeito: o disciplinar. Antes criticado por levar muitos cartões amarelos, ele não foi advertido nenhuma vez nas últimas oito partidas.

– Não tenha dúvidas que peço muito aos atletas para não tomar cartão. Quando você tem um time tendo sequência de escalações, é óbvio que a chance de ter êxito é maior. Tem lance que não tem como, uma falta que é necessária dentro do jogo, não sendo desleal. A evolução do Gabriel tem muito naquilo que eu peço para os jogadores, que jogue para frente, o passe para trás é um passe retardado e não cabe mais no futebol, quando as equipes jogam com duas linhas de quatro, são organizados. O Gabriel só se preocupava em marcar, agora tem aparecido muito bem na frente – disse Mancini, no fim do ano passado.

Com Gabriel como titular pelo oitavo jogo seguido, o Corinthians enfrenta o Palmeiras às 19h desta segunda-feira, no Allianz Parque. O Dérbi é válido pela 28ª rodada do Campeonato Brasileiro e pode fazer o Timão se aproximar do rival, que tem cinco pontos a mais e ocupa o sexto lugar da competição.

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GE – Globo Esporte.

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