Surgem sinais de que a curva exponencial ascendente de novas infecções de coronavírus na Alemanha está se estabilizando pela primeira vez, graças às medidas
Redação Publicado em 23/03/2020, às 00h00 - Atualizado às 17h22
Surgem sinais de que a curva exponencial ascendente de novas infecções de coronavírus na Alemanha está se estabilizando pela primeira vez, graças às medidas de distanciamento social, disse o chefe do instituto de saúde pública do país nesta segunda-feira.
Os exames precoces de detecção do vírus na Alemanha ajudaram as autoridades de saúde e as restrições a aglomerações públicas no último final de semana parecem estar funcionando, disse Lothar Wieler, que comanda o Instituto Robert Koch, agência do governo federal alemão e instituto de pesquisa responsável pelo controle e prevenção de doenças.
“Estamos vendo sinais de que a curva de crescimento exponencial está se estabilizando ligeiramente”, disse Wieler aos repórteres. “Mas só poderei confirmar esta tendência definitivamente na quarta-feira.”
Ele disse acreditar que as medidas adotadas até agora no país, que incluem o fechamento de escolas, instruções para a higiene das mãos e alertas severos contra aglomerações públicas, já estão fazendo efeito.
Até domingo, havia 22.672 casos de coronavírus e 86 mortes na Alemanha, informou o Instituto Robert Koch.
Cifras da provedora de dados particular Statista mostram que a taxa de mortalidade de somente 0,4% da Alemanha contrasta com as taxas muito mais altas de 9,2% na Itália, 7,8% no Irã e 6,1% na Espanha. A média de idade das pessoas infectadas com o vírus na Alemanha é de 45 anos.
O virologista Christian Drosten, do hospital Charité de Berlim, disse em uma entrevista concedida a um jornal no final de semana que a taxa de mortalidade mais baixa da Alemanha, quando comparada à da Itália, pode ser explicada em parte pelos exames generalizados.
“Suponho que muitos jovens italianos estão ou foram infectados sem nunca terem sido detectados”, disse ele ao jornal Die Zeit. “Isto também explica a taxa de mortalidade supostamente mais alta do vírus lá.”
Mas ele observou que chegará o momento em que a Alemanha não conseguirá fazer exames com tanta abrangência.
“Aí nossa taxa de mortalidade também subirá. Parecerá que o vírus se tornou mais perigoso, mas isso será um artefato estatístico, uma distorção. Simplesmente refletirá o que já está começando a acontecer: cada vez mais infecções estão passando despercebidas por nós”.
Atualmente, a Alemanha tem 28 mil leitos de unidade de tratamento intensivo e almeja dobrar essa capacidade.
“De fato temos mais leitos, e talvez estejamos um pouco mais bem treinados”, disse Drosten. “Mas, embora o tratamento intensivo seja bom na Alemanha, ainda não é suficiente”.
ABr
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