Uma nova terapia genética para a dependência de drogas demonstrou diminuir os desejos por cocaína, além de proteger contra overdoses da substância. A técnica
Redação Publicado em 18/09/2018, às 00h00 - Atualizado às 17h54
Uma nova terapia genética para a dependência de drogas demonstrou diminuir os desejos por cocaína, além de proteger contra overdoses da substância. A técnica utiliza implantes de células-tronco que foram geneticamente modificadas para liberar uma enzima que remove a droga da corrente sanguínea.
Testes em laboratório mostraram que ratos que tiveram os implantes perderam o apetite por cocaína e sobreviveram a overdoses que mataram 100% dos roedores que não tiveram a terapia aplicada.
Para especialistas, esse trabalho aumenta as esperanças de um tratamento a longo prazo para o vício, que funciona como uma “limpeza” do orhanismo assim que as substâncias são injetadas, inaladas ou ingeridas.
Ming Xu, pesquisador principal da análise e professor de anestesia e cuidados intensivos da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, disse que o método era eficiente e específica para eliminar a cocaína. “Em comparação com outras terapias gênicas, nossa abordagem é minimamente invasiva, de longo prazo, com baixa manutenção e acessível. É muito promissor ”, ele declarou em entrevista ao The Guardian.
Cientistas já afirmaram que a enzima butirilcolinesterase, ou BChE, encontrada no plasma sanguíneo destrói a cocaína, decompondo-a em subprodutos inofensivos. Contudo, a enzima não tem ação rápida e não permanece na corrente sanguínea tempo o suficiente para ajudar os dependentes da droga.
Para criar sua nova terapia, os pesquisadores de Chicago reescreveram DNA nas células-tronco da pele de camundongos para fazê-los produzir uma forma modificada de BChE que é 4,4 mil vezes mais potente que a enzima natural. Eles calcularam que aglomerados dessas células modificadas, chamadas organoides, poderiam ser implantadas sob a pele, onde liberariam a enzima que destrói a cocaína no sangue.
Publicado na revista Nature Biomedical Engineering, o relatório descreveu que exames de sangue mostraram que os roedores apresentaram altos níveis de BChE por pelo menos 10 semanas. Como resultado, os ratos procuraram menos cocaína do que os animais que não tiveram a enzima implementada. Além disso, os roedores tratados foram capazes de suportar overdoses normalmente fatais da droga, até 160 mg por kg de peso corporal, o equivalente a 12g em uma pessoa de 75 kg.
O pesquisador Xu acredita que esta terapia tem o potencial de se tornar a primeira intervenção aprovada para o tratamento da dependência de cocaína. Estudos de laboratório sugerem que implantes similares para humanos poderiam liberar BChE por 20 a 30 anos, e assim proteger pessoas viciadas por décadas. “Nós não observamos efeitos colaterais no momento, mas vamos estudá-los com cuidado”, ele declarou.
Os pesquisadores de Chicago também estão trabalhando em células geneticamente modificadas para tratar o vício em álcool e nicotina, e logo esperam iniciar um estudo sobre uma terapia para o vício em opiáceos.
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