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Crônicas do Léo Dias

Eu tinha tudo para dar errado. E dei! Estou em um voo para São Paulo e decidi, aqui, escrever a minha primeira crônica para o Diário de S.Paulo. Quando eu

Crônicas do Léo Dias
Crônicas do Léo Dias

Redação Publicado em 26/01/2020, às 00h00 - Atualizado em 11/03/2020, às 12h05


Eu tinha tudo para dar errado. E dei!
Estou em um voo para São Paulo e decidi, aqui, escrever a minha primeira crônica para o Diário de S.Paulo. Quando eu recebi o convite, logo pensei, eu não vou dar conta. Já trabalho para três empresas. Mas repensei. Por um simples motivo: é São Paulo. Um carioca suburbano ser aceito pela cidade onde só os fortes (e competentes) sobrevivem é para poucos. E há vários aspectos que depõem contra mim: ser carioca, conhecido como “o maior fofoqueiro do Brasil” (você acha que meu pai se orgulha quando ouve isso? ) e adicto em recuperação. Meu amor, eu sou um sobrevivente. Tinha tudo para dar errado. E sei! Mas ainda posso virar o jogo. A partida está longe do fim.
Eu tenho certeza de uma coisa: eu pago um preço alto por ter exposto a minha doença. Meu salário nas empresas por onde passei teria sido bem melhor se eu não tivesse assumido a condição de dependente químico. A impressão que eu tinha que, por mais que eu demostrasse meu talento e conseguisse informações que nenhum outro jornalista soubesse, a empresa achava que estava me fazendo um grande caridade. Aliás, para a imagem da empresa isso é ótimo. Mas eu tenho certeza de que, se eu não fosse muito bom, teria rodado no primeiro vacilo. Lógico que o tal “dono da porra toda” ia com a minha cara. E eu sei porque: eu não puxava o saco dele, falava de igual pra igual e criticava a empresa dele, na frente dele, sem medo de retaliação. Percebi que ele gosta de uns loucos kamikazes. Mas me irritava demais ao ver que pessoas  em funções menores que a minha ganhavam mais que eu.
Mas, sabe, no fundo, eu entendo os meus patrões. Eu representava um risco. Uma incerteza. E é melhor ter um funcionário mediano do que um excepcional (não que eu seja), mas inconstante.
A história nos mostra exemplos de pessoas brilhantes que tiveram enormes dificuldades em se adequarem ao sistema. Cazuza foi expulso do colégio Xx vezes. Tim Maia, então, nem se fala. Eles não quiseram se adequar. Mas os dias de hoje excluem de vez quem não coloca a vida nos eixos. O jogo é duro e ninguém é insubstituível.
Uma das lições que eu tirei disso foi: a qualidade profissional vai muito além da entrega do serviço. Muito. Muito. E era necessário mudança.
Entendam esse meu exemplo para tudo na vida de vocês. De que adianta ter um funcionário brilhante se ele não sabe se relacionar com a equipe e causa um mal estar no local de trabalho ?
Não basta ser “fodão” no que você faz. Tem que ter a tal “inteligência emocional” para equilibrar tudo na sua vida. O equilíbrio é a solução.
Ahhh … e tem mais um conselho: quando decidir mudar,  é preciso provar diariamente que você está diferente. Todos esperam sempre o pior de você. É o tal ditado; não basta estar sóbrio, é preciso parecer sóbrio.
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