Foi turbulento o caminho do Brasil até o Mundial masculino de handebol. Em 2019, disputas políticas causaram seguidas mudanças de técnicos. Às vésperas da
Redação Publicado em 15/01/2021, às 00h00 - Atualizado às 12h20
Foi turbulento o caminho do Brasil até o Mundial masculino de handebol. Em 2019, disputas políticas causaram seguidas mudanças de técnicos. Às vésperas da viagem para o Egito, a pandemia do coronavírus também se mostrou uma barreira, atingindo três jogadores e parte da comissão técnica. Para somar às dificuldades extra quadra, a seleção ainda caiu no grupo da morte do Mundial. Mesmo assim, os brasileiros acreditam que podem deixar os problemas no passado e surpreender a partir desta sexta-feira, às 14h (de Brasília), contra a Espanha. O Brasil sonha até alcançar um inédito top 8.
– É uma situação difícil, mas a gente tem de se adaptar. Esporte é assim. Outras seleções também tiveram baixas. Eu acredito que ficou mais difícil chegar a esse top 8, que continua sendo um sonho nosso. Se a gente não sonhar, a gente não vai chegar lá. Nosso objetivo principal é superar a campanha de 2019 (quando o Brasil foi o nono colocado). Nosso grupo tem deficiências, mas se conseguirmos implementar nosso trabalho coletivo, podemos crescer e surpreender – disse Henrique Teixeira, capitão da seleção brasileira.
A crise nos bastidores da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) teve seu ápice no ano passado. O presidente eleito da entidade, Manoel Luiz Oliveira, foi afastado em setembro por decisão judicial acusado de mau uso do dinheiro público durante o Campeonato Mundial de 2011, sediado no Brasil. Vice eleito na mesma eleição, Ricardo Souza cumpre suspensão de dois anos estipulada pelo conselho de ética do Comitê Olímpico do Brasil (COB) por acusação de assédio sexual durante os Jogos Pan-Americanos de Lima, mas mesmo assim seguia no cargo da entidade da modalidade por conta de uma liminar. No dia 10 de dezembro, Ricardinho renunciou.
A cada alternância na presidência da CBHb entre Manoel e Ricardinho, um novo técnico era anunciado. Washington Nunes foi o comandante até o bronze no Pan de 2019. O espanhol Daniel Gordo assumiu o posto, mas Washington voltou a ser o treinador da seleção em março de 2020. Em outubro, foi a vez de Marcus “Tatá” Oliveira se tornar o técnico.
– Foi muito conturbado, com troca de técnico, troca de presidente… Não tem mais essa turbulência de instabilidade. O complicado é não saber o que vai acontecer amanhã. Hoje já sabemos. Acreditamos no trabalho de continuidade. Já trabalhei com essa equipe como supervisor, assistente. Tenho uma certa familiaridade com os atletas e com o esquema de jogo. Isso facilita. Já conhecia a rotina da seleção. É um desafio, mas pode ser uma oportunidade de fazer um ótimo trabalho – disse Tatá, que foi assistente técnico do espanhol Daniel Gordo.
Por causa das disputas políticas, a seleção brasileira perdeu um período de treinamentos programado para o centro de treinamento de Rio Maior, dentro da Missão Europa, programa do COB para manter os treinos do Time Brasil durante a pandemia. Só no fim de dezembro os brasileiros se reuniram na cidade portuguesa de olho no Mundial.
– O Tatá já vinha na comissão anterior, então os jogadores já conhecem ele. Isso facilitou. Acho que isso (a crise) ficou para trás. Essas trocas de comando atrapalham um pouco o projeto da seleção, mas nós, atletas, procuramos focar dentro de quadra. Estamos concentrados nos objetivos: ficar entre os oito do mundo, melhorar o desempenho do Mundial anterior, classificar para as Olimpíadas (no pré-olímpico de março) e fazer boas Olimpíadas – disse Henrique Teixeira.
O técnico Tatá não vai estar dentro de quadra na estreia do Brasil no Mundial, nesta sexta. Ele foi um dos cinco membros da comissão técnica que testaram positivo para covid-19 às vésperas do embarque para o Egito. O goleiro Ferrugem, o ponta esquerdo Felipe Borges e o lateral esquerdo Thiagus Petrus também foram infectados pelo coronavírus e desfalcam a seleção. Todos estão com sintomas leves ou assintomáticos.
– Foi uma surpresa muito negativa. Você pega um cara superimportante como o Thiagus, um dos líderes do time, jogador do Barcelona, nossa espinha dorsal da defesa, a gente perde muito com a ausência dele. E também o treinador, que vinha trabalhando com a gente desde o dia 27 de janeiro. A gente precisa virar a chave, se unir e focar no nosso objetivo, buscar dentro de quadra. Não tem muito que ficar lamentando – disse Henrique Teixeira.
Além dos desfalques, o surto de covid na seleção cancelou boa parte dos treinos coletivos dos últimos dias. Os amistosos contra Egito e Bahrein também foram cancelados. Assim, o Brasil vai entrar em quadra sem ter realizado nenhum amistoso sob o comando de Tatá, que segue coordenando o time de forma remota.
Para contornar essas barreiras, o Brasil aposta no entrosamento do seu grupo. A base do último Mundial foi mantida, com destaque para os laterais José Toledo e Haniel Langaro. O time, porém, também tem espaço para caras novas, graças ao aumento do número de convocados de 14 para 20 atletas. Guilherme Borges e José Luciano disputaram o Mundial Júnior em 2019 e agora iniciam o processo de renovação da seleção.
– É um grupo que já conhece, sabe trabalhar, sabe o que quer em quadra. Continuamos a filosofia de trabalho. Mantivemos muitas coisas táticas, que eles têm um lastro – disse Tatá.
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GE – Globo Esporte.
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