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Covid-19: Governo de São Paulo quer contratar 4,5 mil leitos privados

Prevendo um colapso no sistema de saúde em três semanas por causa da pandemia do novo coronavírus, o governo de São Paulo fez um chamamento público para

Covid-19: Governo de São Paulo quer contratar 4,5 mil leitos privados
Covid-19: Governo de São Paulo quer contratar 4,5 mil leitos privados

Redação Publicado em 20/05/2020, às 00h00 - Atualizado às 16h20


Até 11 de junho os leitos deverão estar implantados, diz governador

Prevendo um colapso no sistema de saúde em três semanas por causa da pandemia do novo coronavírus, o governo de São Paulo fez um chamamento público para contratar 4,5 mil leitos da rede privada, sendo 1,5 mil apenas de unidades de terapia intensiva (UTI). O chamamento público foi publicado no Diário Oficial de hoje (20) e prevê investimento de R$ 594 milhões.

“Considerando estudos realizados pelo Centro de Contingência da Covid-19, que apontam para um crescimento linear da taxa de ocupação desses leitos, sendo que, mantido o crescimento atual de ocupação, e não obstante a adoção, quando possíveis, de alternativas, como a redução do tempo de permanência dos pacientes, além da relocação de pacientes, certamente ocorrerá, em três semanas, o colapso no sistema de saúde, pois os leitos de UTI disponíveis ainda não são suficientes para enfrentar a crescente ameaça de grave e irrecuperável lesão à saúde pública do Estado”, diz o texto publicado no Diário Oficial.

A Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo deve pagar uma diária de R$ 1.600 por dia nos leitos de UTI, com previsão de um total de 270 mil diárias. Para as vagas clínicas, a remuneração será de R$ 1.500 por cinco dias ou mais, com previsão de 108 mil diárias.

Segundo o governador de São Paulo, João Doria, com essa medida, a intenção é dobrar o número de leitos disponível para atendimento do coronavírus no estado. Antes da pandemia, o estado de São Paulo tinha 3.500 leitos de UTI no Sistema Único de Saúde (SUS). Após a pandemia, o estado tem no momento 1.624 novos leitos habilitados. Outros 1,8 mil leitos do estado aguardam habilitação pelo Ministério da Saúde.

“Com essa medida, São Paulo praticamente dobra o número de leitos disponíveis para o atendimento aos pacientes com coronavírus”, falou Doria. “Em vinte dias, todos os leitos deverão estar implantados e operacionalizados. Até no máximo, 11 de junho”, disse o governador.

Os 1.500 novos leitos de UTI que serão incorporados contará com investimento de R$ 432 milhões para os leitos e outros R$ 162 milhões para os clínicos, totalizando R$ 594 milhões. “A negociação será caso a caso, hospital a hospital. E no final teremos um balanço de quantos leitos iremos precisar. Isso já está começando e já tivemos os primeiros contatos”, disse o secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann.

Respiradores

Segundo o secretário José Henrique Germann, o Ministério da Saúde vai repassar para o governo paulista, ainda esta semana, 300 respiradores, sendo que 100 deles devem chegar hoje. “Eles deverão chegar entre hoje, amanhã e depois. E isso deve dar, para nós, uma maior capacidade de atendimento. Esses respiradores serão distribuídos em hospitais próprios, universitários e nas periferias da Grande São Paulo onde temos a maior incidência de casos”.

Pandemia

Segundo Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan e coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, em São Paulo, o coronavírus já é, hoje, a maior causa de mortes do país. “A epidemia mostra, neste momento, sua face mais atroz, com mil mortes por dia. É a maior causa, nesse momento, de mortalidade no Brasil. Já é a primeira causa de mortalidade. Superou todas as demais como as doenças cardíacas e o câncer. É uma situação realmente muito difícil”.

A doença provocada pelo novo coronavírus, chamada de covid-19, segundo Eloisa Bonfá, diretora clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, é gravíssima.

“Nas UTIs do Hospital das Clínicas, a cada 10 internados, oito não conseguem respirar sozinhos e necessitam de ventilação mecânica. O rim também não funciona e eles necessitam de diálise. Mas não é só isso. O sofrimento é ainda maior porque é uma doença altamente contagiosa e os pacientes ficam isolados, com medo e longe de suas famílias. Até o contato facial com os médicos e limitado com a máscara. É uma bravura sobreviver a isso, que é o limite do sofrimento humano”, explicou.

EBC

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