As autoridades de saúde da Espanha pretendem, nos próximos dias, ampliar os testes para o controle da infecção pelo novo coronavírus a todos os setores
Redação Publicado em 06/04/2020, às 00h00 - Atualizado às 09h40
As autoridades de saúde da Espanha pretendem, nos próximos dias, ampliar os testes para o controle da infecção pelo novo coronavírus a todos os setores considerados essenciais. Milhões de testes serão distribuídos pelas diferentes comunidades do país. O objetivo é encontrar infectados assintomáticos, que são também agentes de contágio.
Trabalhadores da saúde, funcionários de lares de idosos, agentes das forças de segurança, motoristas, trabalhadores do ramo da alimentação constituem “um fluxo de transmissões silenciosas do coronavírus”, diz a versão online do jornal espanhol El País. É sobre esses profissionais que incidem as atenções do governo.
A Espanha registra mais de 12 mil mortes pela covid-19, mas é observada uma tendência de redução de casos.
De acordo com o diário, são duas as linhas de ação. O plano passa por conduzir testes em massa que permitam localizar esses casos assintomáticos. Depois, será necessário preparar estruturas de isolamento, evitando assim o contágio de pessoas próximas.
Nesse domingo (5), o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, pediu aos chefes de executivos municipais que encaminhem a Madri, até 10 de abril, uma lista de instalações públicas e privadas que permitam alojar infectados sem necessidade de hospitalização, incluindo os denominados “positivos assintomáticos”.
Fernando Grande-Marlaska, ministro espanhol do Interior, destacou que será levado em conta o aconselhamento médico nessa estratégia de confinamento. Mas não excluiu a possibilidade de o governo tornar a prática obrigatória.
Para ele, uma adesão voluntária, se necessária, poderia ocorrer, mas se não acontecer, seriam estudadas todas as opções legais, porque o princípio fundamental é manter a saúde pública. “Com estrito respeito aos direitos fundamentais”, disse o governante.
O sistema imita, de certa forma, o dispositivo chinês das chamadas “arcas de Noé”, hospitais que as autoridades do país asiático destinaram ao isolamento de casos mais leves da infecção pelo novo coronavírus, contendo assim a sua propagação.
María José Sierra, do Centro de Coordenação de Aletas e Emergências Sanitárias, disse que a próxima fase de resposta à pandemia, na Espanha, passa pelo controle precoce e o isolamento de todos os casos, com ou sem sintomas iniciais.
“Às vezes, não se pode fazer isso nos domicílios. Estão em cima da mesa todos os tipos de opções e uma seria algum de tipo de instalação”, afirmou.
Os testes em massa para os serviços considerados essenciais vão começar a ser implementados nesta semana.
Para pôr em prática a medida, o governo de Sánchez diz ter destinado 5 milhões de testes sorológicos, que detectam anticorpos no sangue e apresentam uma sensibilidade de 64% na fase de sintomas iniciais de 80% no sétimo dia da infecção pelo novo coronavírus. Constituem um complemento aos testes PCR (proteína C-reativa), “a base da estratégia”, segundo Madri.
A hospitalização obrigatória prevista na lei e pode ser adotada mediante aprovação de um juiz. A prática já foi empregada em várias ocasiões nas últimas duas décadas na Espanha, com pacientes de tuberculose multirresistente. É a Lei de Medidas Especiais de Saúde Pública, datada de 1986, que estabelece a possibilidade em caso de “perigo para a saúde da população”.
A cidade chinesa de Wuhan, ponto de origem da pandemia, teve um total de 16 hospitais Arca de Noé em funcionamento. Essas estruturas, instaladas em pavilhões desportivos ou centros de conferência mantiveram internadas 13 mil pessoas. Os últimos dois foram fechados no dia 10 de março.
A Espanha é o segundo país do mundo com mais casos de infecções pelo novo coronavírus – um total de 130.759. O número de mortes era, nesse domingo (5), de 12.418.
Emissora pública de televisão de Portugal
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