Uma situação que envolveu treinamentos da seleção brasileira feminina de base no nado artístico gerou uma saia justa entre o COB (Comitê Olímpico do Brasil) e
Redação Publicado em 20/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 20h32
Uma situação que envolveu treinamentos da seleção brasileira feminina de base no nado artístico gerou uma saia justa entre o COB (Comitê Olímpico do Brasil) e a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), que trocaram comunicados – e acusações – públicos.
Atletas da equipe nacional promoveram uma vaquinha online por alegarem que o COB cortou “todas” as verbas para o ciclo de treinamentos das equipes júnior e juvenil da seleção no Rio de Janeiro. A campanha tem por meta arrecadar R$ 106 mil para cobrir os custos da atividade, e até o começo da tarde havia coletado R$ 29,9 mil.
As equipes vão disputar, em meio a esse imbróglio, o Campeonato Sul-Americano da modalidade, que foi transferido de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, para Lima, no Peru.
A mudança de sede gerou um aumento no custo total de orçamento. A CBDA não recebe recursos da Lei Agnelo Piva, verba captada em loterias federais e distribuídas pelo COB, desde 2017 por problemas em prestações de contas de suas gestões. Assim, caberia ao COB arcar com o acréscimo para o envio das seleções de base.
O COB, porém, decidiu não aportar valores para as ações. Em nota, a confederação reclamou:
– Diante dos acontecimentos no mundo de 2020 até hoje, podemos dizer que o planejamento foi feito com o que a CBDA tinha em mãos. Lamentavelmente, a CBDA, ainda, não pode executar suas ações e, por isso, espera que o COB reveja sua decisão, se conecte com a realidade das confederações nacionais e que possamos manter nossa parceria que vem gerando grandes frutos para o esporte brasileiro.
O comitê olímpico, por sua vez, justificou e disse que o corte das verbas ocorreu por causa de sucessivos erros de planejamento executados pela CBDA. Inclusive, o COB disse que havia alertado a entidade dos erros.
– Ao longo dos últimos anos, o COB tem trabalhado incansavelmente para corrigir as falhas de gestão esportiva da CBDA e minimizar os impactos para os atletas e treinadores.
O órgão máximo do esporte olímpico nacional foi além e disse que a confederação não entende preceitos de administração como respeito ao orçamento, cumprimento de prazos e transparência.
– Desde que assumiu, a atual gestão do COB tem como marcas o rigoroso respeito ao orçamento, o cumprimento dos prazos e políticas internas e a intransigente defesa dos pilares de meritocracia, transparência, austeridade, competência e excelência. Lamentavelmente a CBDA parece não ter entendido tais conceitos – disse o COB, em comunicado.
O ge apurou que, com os quase R$ 30 mil arrecadados na vaquinha, as atletas vão conseguir realizar os treinamentos de duas semanas previstos para ocorrerem no Rio de Janeiro. O valor será usado para custear as passagens para nadadores e nadadoras que moram fora do Rio. A acomodação será feita nas casas de atletas que vivem no município.
Leia a íntegra da nota publicada pela CBDA
A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos vem, por meio desta nota, esclarecer alguns pontos à comunidade aquática e à imprensa sobre o cancelamento do período de treinos da seleção brasileira juvenil de Nado Artístico que deveria ter começado no fim da última semana, no Rio de Janeiro.
A situação financeira da CBDA é de conhecimento público e, por conta de falhas de antigas gestões entre 2011 e 2017, a entidade não pode ter acesso à verba das Loterias que é de direito previsto em lei. Sendo assim, o Comitê Olímpico do Brasil, desempenhando seu papel, executa as ações dos esportes aquáticos do Brasil com o dinheiro que é da CBDA.
Nos últimos dois anos, a CBDA vem trabalhando – com 15 voluntários e 9 funcionários contratados – para que essas falhas das antigas gestões sejam sanadas. Enquanto o problema não é resolvido pela Justiça, a CBDA conta sim com a ajuda de poucos das dezenas de funcionários do Comitê Olímpico para que o esporte aquático continue tendo protagonismo no cenário esportivo.
A parceria entre CBDA e COB para a utilização desta verba vem dando bastante certo ao longo dos últimos anos. Inclusive, com o notório reconhecimento do próprio Comitê Olímpico com a avaliação do Programa de Gestão, Ética e Transparência, onde a CBDA saltou da 31ª para 21ª colocação no programa com nota de 7,87. A CBDA, inclusive, foi eleita a Confederação mais transparente do Brasil (link).
Contextualizada a parceria, segue a situação específica do Campeonato Sul-Americano. O planejamento de utilização da verba das Loterias – verba essa de direito da CBDA e apenas executada pelo COB – foi feito em novembro de 2020, em um momento de incertezas até mesmo da principal competição do ano de 2021: os Jogos Olímpicos. Para o Campeonato Sul-Americano Juvenil e Junior, o planejamento foi feito com base nas poucas informações que a CBDA possuía naquele momento.
Em setembro deste ano, a CONSANAT alterou o local da competição: de Santa Cruz de La Sierra para Lima. A mudança fez com que o planejamento feito quase um ano atrás sofresse ainda mais alterações. O preço das passagens aéreas, por exemplo, teve um aumento significativo e impactou na verba que havia sido separada para esta competição.
Com todo esse problema, a CBDA se viu obrigada a recorrer ao Comitê Olímpico do Brasil para que as seleções juvenis e juniores das cinco modalidades não ficassem descobertas na principal competição desta categoria nesta temporada. Do valor não previsto: R$ 330 mil, R$ 116 foram utilizados recursos da verba de Loterias da própria CBDA, restando a quantia de R$ 214 para ser completada.
O Comitê Olímpico, então, optou por não completar a ação e cancelar, assim, o treinamento de Nado Artístico e a ida da equipe brasileira para a Copa Pacífico de Maratonas Aquáticas. Vale lembrar que o treinamento em conjunto para o Nado Artístico é fundamental para que as atletas tenham a sincronia de movimentos necessária para participar das provas. O cancelamento do treinamento aconteceu um dia antes do início.
Diante dos acontecimentos no mundo de 2020 até hoje, podemos dizer que o planejamento foi feito com o que a CBDA tinha em mãos. Lamentavelmente, a CBDA, ainda, não pode executar suas ações e, por isso, espera que o COB reveja sua decisão, se conecte com a realidade das confederações nacionais e que possamos manter nossa parceria que vem gerando grandes frutos para o esporte brasileiro.
Leia a íntegra da nota publicada pelo COB
A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) foi uma das entidades que mais teve investimentos realizados pelo COB em suas modalidades no ano de 2021, num total de R$ 10.3 milhões.
O corte no orçamento dos treinamentos finais das seleções brasileiras Juvenil e Júnior de nado artístico para o Campeonato Sul-americano Júnior de Esportes Aquáticos, em Lima, Peru, aconteceu por conta de erros significativos no planejamento técnico-orçamentário apresentado pela CBDA, que incluem estimativas de custo irreais, indefinições nos projetos, atrasos na entrega de relatórios e informações, erros de procedimento de inscrição de atletas em competições, entre outros.
Ao longo dos últimos anos, o COB tem trabalhado incansavelmente para corrigir as falhas de gestão esportiva da CBDA e minimizar os impactos para os atletas e treinadores.
Em ofício datado do dia 6 de outubro, o COB alertou a CBDA sobre a falha na previsão orçamentária de R$ 330 mil para o envio da delegação de 162 integrantes para o Campeonato Sul-Americano de Desportos Aquáticos em Lima, no Peru, recomendando que a entidade buscasse uma solução para adequação dos custos de forma a viabilizar as ações prioritárias. Na ocasião, a CBDA não foi capaz de apresentar uma proposta para solucionar a questão.
Vale ressaltar que a CBDA está impedida de receber repasses dos recursos das Loterias em virtude do atraso no envio de documentos legais e falhas de prestação de contas, o que faz com que o COB tenha que mobilizar seus funcionários e executar diretamente os projetos em prol dos atletas e equipes das modalidades.
Diferentemente de outras Confederações que passaram por momentos de impedimento ou dificuldades financeiras, a CBDA não trouxe soluções para a gestão esportiva de suas modalidades, colocando sobre o COB a responsabilidade exclusiva do custeio das necessidades de seus atletas, não tendo gerado qualquer receita própria nos últimos anos.
Especificamente nas categorias Juvenil e Júnior do nado artístico, o COB investiu, em 2021, cerca de R$ 400 mil em oito períodos de treinamentos.
Infelizmente a falta de planejamento da CBDA coloca em risco não apenas os projetos do nado artístico como outras ações e eventos de suas modalidades previstos até o final deste ano.
Desde que assumiu, a atual gestão do COB tem como marcas o rigoroso respeito ao orçamento, o cumprimento dos prazos e políticas internas e a intransigente defesa dos pilares de meritocracia, transparência, austeridade, competência e excelência.
Lamentavelmente a CBDA parece não ter entendido tais conceitos.
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