O corpo do motoboy Francisco Emerson da Silva foi enterrado na tarde desta segunda-feira (7) no Cemitério Jardim da Paz, em Embu das Artes, na Grande São Paulo. O homem foi assassinado por um bombeiro após briga de trânsito no Jardim Ângela, Zona Sul da capital.
Durante o enterro, amigos e familiares demonstravam revolta com o crime. O motoboy, que tinha 33 anos, deixa quatro filhos, o mais novo com dez meses. “Quem vai criar os filhos dele?”, disse um parente da vítima.
O crime
Na noite de domingo (6), Francisco estava de carona no carro de um amigo quando, no cruzamento das estradas da Riviera e do Guavirituba, o carro em que estava bateu de leve no veículo dirigido pelo bombeiro Claudiney Patrocínio de Oliveira, de 26 anos.
Claudiney contou à polícia que Francisco veio para cima dele. Segundo o bombeiro, o motoboy estava transtornado, e tentou retirá-lo do carro a qualquer custo. Claudiney disse também que “se apossou de sua arma de fogo”, mas que Francisco tentou pegá-la. O bombeiro, então, “efetuou um disparo para resguardo de sua vida”, de acordo com o relato que consta no boletim de ocorrência.
O delegado considerou a conduta do bombeiro desproporcional à agressão e determinou a prisão em flagrante por homicídio.
Ainda na delegacia, o bombeiro passou mal e foi internado no hospital da Polícia Militar, na Zona Norte. Na tarde desta segunda, o centro médico informou que o estado de saúde dele é estável. No fim da tarde, a Justiça realizou audiência de custódia e a prisão temporária foi convertida em preventiva.
Outras versões
O rapaz que dirigia o carro onde estava Francisco disse por telefone para a reportagem que ninguém ameaçou o bombeiro.
Já um adolescente que afirma ter visto o crime contou que, na hora, pensou que se tratava de um assalto, porque um dos integrantes da dupla abortou o bombeiro com uma arma. “Para mim, um era policial os outros eram bandidos, porque eu vi os caras sacando a arma quando desceu do carro”, disse. “Aí, quando o outro já sacou a arma, o policial também já sacou.”
O caso foi registrado inicialmente numa delegacia distante do local do crime. Depois, foi enviado para outros dois distritos policiais, porque o endereço colocado no boletim de ocorrência estava errado. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) não comentou o erro de endereço no BO. O trabalho da polícia agora será descobrir o que de fato aconteceu.