Diário de São Paulo
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‘Construímos memórias afetivas; não vamos destruir ‘Super Massa’ até decisão final’, diz presidente da Estrela

A briga judicial de mais de 15 anos entre a Estrela e a fabricante norte-americana Hasbro pela propriedade de marcas de jogos vendidos no Brasil ainda não

‘Construímos memórias afetivas; não vamos destruir ‘Super Massa’ até decisão final’, diz presidente da Estrela
‘Construímos memórias afetivas; não vamos destruir ‘Super Massa’ até decisão final’, diz presidente da Estrela

Redação Publicado em 23/02/2022, às 00h00 - Atualizado às 07h01


A briga judicial de mais de 15 anos entre a Estrela e a fabricante norte-americana Hasbro pela propriedade de marcas de jogos vendidos no Brasil ainda não acabou, na visão do presidente e principal controlador das ações da Estrela, Carlos Antonio Tilkian.

Em entrevista exclusiva ao g1sobre o embate no qual a companhia nacional está envolvida, Tilkian afirmou que não vai desistir e que irá recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que não precise destruir brinquedos como “Super Massa”, cuja eliminação dos estoques foi ordenada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo em novembro de 2021, e para tentar reverter outra decisão também do TJ paulista, que entendeu que jogos como “Cara a Cara”, “Genius”, “Detetive”, “Combate” e “Jogo da Vida” não são da empresa brasileira, mas, sim, da americana.

“A lei brasileira é clara, não existe patente para regras de jogos. Os jogos são iguais no mundo todo, é como o xadrez, todo mundo produz, com nova roupagem. O que a Estrela defende é que jogos são iguais, só muda a marca, os elementos fantasia e que foram registrados por nós no Brasil muito antes da Hasbro. Não quero comentar decisão judicial, iremos cumprir a decisão final, se for para destruir as massinhas, mas isso ainda está em discussão e esperamos reverter nos tribunais superiores e não precisar destruir a ‘Super Massa”‘, afirmou Tilkian ao g1.

A decisão judicial que mandou destruir o estoque e retirar do mercado o produto “Super Massa” o deixou “chocado”, disse ele. O brinquedo é produzido na unidade de Itapira, no interior de São Paulo, e continuará em fabricação e comercialização até a decisão judicial final.

“Continuamos vendendo o ‘Super Massa’. O que nos deixou chocado é pedir para destruir brinquedos em um país com a realidade social como a nossa. Mostra total desconexão com o Brasil. Se, no fim de tudo, a decisão ainda for para destruir, vamos pedir autorização para doação”, afirma o presidente da Estrela.

“A Estrela tem 85 anos, somos uma empresa nacional e ao longo de toda a nossa jornada construímos memórias afetivas nas pessoas, as pessoas guardam momentos com nossos jogos”, diz Tilkian.

“A companhia enfrentou a hiperinflação, guerras, muitas fases da história do país. Os brasileiros cresceram aprendendo com nossos jogos. Na pandemia de Covid-19, os pais voltaram a comprar jogos para compartilhar memórias com seus filhos, pois estávamos mais tempo dentro de casa. As marcas criadas pela Estrela fazem parte da história do brasileiro, da vida do brasileiro. Não vamos desistir”, defende Tilkian.

Estrela terá que destruir Super Massa, segundo decisão judicial — Foto: Reprodução

Estrela terá que destruir Super Massa, segundo decisão judicial — Foto: Reprodução

Em novembro de 2021, uma decisão do TJ de São Paulo confirmou uma sentença de primeira instância de 2019 que determinou que a Estrela devolva à Hasbro a propriedade industrial de “Super Massa”, “Dr. Trata Dentes”, “Genius”, “Detetive”, “Cara a Cara”, “Jogo da Vida” e “Combate”, cujos royalties não estavam sendo pagos pela brasileira desde 2008, quando houve o rompimento contratual.

A decisão disse ainda que a perícia confirmou que outros brinquedos que estavam sendo pleiteados pela Hasbro – como “Comandos em Ação”, “Comandos em Ação Falcon”, “Dona Cabeça de Batata” e “Banco Imobiliário” – pertencem à Estrela.

Segundo o processo, a dívida da empresa nacional com a Hasbro ultrapassaria, segundo a norte-americana, R$ 64 milhões devido ao não pagamento dos royalties previstos em acordo firmado entre as partes em 2003. Já a Estrela argumenta que é a Hasbro quem deve pagar pelo apoio para a entrada no mercado brasileiro propiciada pela brasileira durante o período de vigência da parceria.

Tilkian, que é presidente da Estrela desde 1996 e controlador de 94% das ações da companhia de capital aberto, relembra que o embate com a Hasbro começou nos anos 2000 quando a norte-americana adquiriu, nos Estados Unidos, fábricas de vários jogos que faziam parceria com a Estrela no Brasil.

“A Hasbro rompeu os contratos que essas empresas tinham com a Estrela e entendeu que era a proprietária dos jogos, mas nós já tínhamos registrado todos esses jogos no Brasil muito antes de a Hasbro existir. Todos esses jogos estão registrados pela Estrela antes de tudo isso. A briga deles é pelos nomes das marcas, que foram produzidas em parceria com as antigas fabricantes, mas são nossas. Quando houve o rompimento do acordo com a Hasbro, a Estrela mudou todos os produtos, as embalagens, o layout, a propaganda, para evitar qualquer ligação com eles”, explica Tilkian.

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G1
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