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Rodrigo Constantino: Lições do Texas

O novo surto de Covid nos Estados Unidos tem assustado muita gente. Estados como Flórida e Texas registram aumento significativo de casos. Felizmente, a taxa

Rodrigo Constantino: Lições do Texas
Rodrigo Constantino: Lições do Texas

Redação Publicado em 19/08/2021, às 00h00 - Atualizado às 10h48


Lições do Texas

O novo surto de Covid nos Estados Unidos tem assustado muita gente. Estados como Flórida e Texas registram aumento significativo de casos. Felizmente, a taxa de óbitos não segue na mesma proporção, reforçando a tese de que a variante delta é mais contagiosa, mas menos agressiva. Esses dois estados possuem elevada presença de imigrantes, o que pode explicar o foco maior nessa nova onda.

Essa não é a lição que certos jornalistas e “especialistas” estão tirando, porém. Eles culpam a abertura “precoce” dos estados, ou a “baixa” taxa de vacinação. Essa narrativa é absurda e força os fatos a se encaixarem numa teoria prévia. Em linguagem clara, é manipulação da verdade em prol de uma ideologia, uma visão de mundo preconcebida.

O Texas abriu tudo tem mais de quatro meses! O governador Greg Abbott retirou as restrições e o uso de máscara deixou de ser obrigatório, isso no começo do ano. A taxa de vacinação era ínfima, menos de 10% da população. O presidente Joe Biden e o doutor Fauci emitiram alertas. As internações e os óbitos, porém, continuaram em drástica queda, mais do que o restante da nação inclusive.

Esse sucesso relativo era um golpe na narrativa dos “isolacionistas”. Por isso muitos escolheram ignorar o Texas, ou repetir a ladainha de que seu sucesso se devia às vacinas ou ao lockdown anterior, o que não se sustenta. Eis que agora, meses depois, a situação no Texas volta a ficar ruim, e a turma decide resgatar a narrativa, como se o enorme lapso temporal não existisse: o estado voltou a ser mau exemplo da abertura “precoce”!

Tem jornalista da “ciência”, que chama os outros de “negacionistas”, colocando o novo surto da variante delta na conta dessa abertura. Antes colocavam o sucesso na conta das restrições e vacinas. Não há qualquer coerência. Não adianta: querem mesmo o lockdown eterno! Quanto tinham de lidar com os bons números do Texas, creditavam a “acelerada” vacinação; e agora alegam que teve pouca gente vacinada, pois foi “só” cerca de metade do total! Cara eu ganho, coroa você perde.

Nenhum deles checa as premissas. Ninguém questiona se o vírus chinês segue seu curso e sazonalidade independentemente do que faça o governo. Tampouco escutam especialistas que alertaram para o risco de novas variantes com a vacinação. Perguntas incômodas são descartadas, pois eles já possuem a “verdade” revelada.

Vamos resgatar as narrativas dessa turma: no começo, defendiam “apenas” quinze dias de lockdown para “achatar a curva”; depois passaram a pregar o lockdown permanente até a vacina chegar, repetindo que só a vacina colocaria fim na pandemia e tornaria possível a volta à normalidade; aí passaram a alegar que vacinar metade da população não é suficiente; agora já estão no discurso de que é preciso dar uma dose extra de vacina, e mesmo assim não podemos voltar ao normal, devendo praticar lockdown e uso obrigatório de máscaras!

O pânico que a imprensa incutiu nas pessoas pode explicar parte desse comportamento. O lobby da Big Pharma para vender vacina pode ser outra razão (a Pfizer prevê faturar mais de US$ 30 bilhões só com vacinas este ano). Mas acredito que há outro fator também: o desejo de controle social. Tem muita gente por aí que gostou dessa coisa autoritária de impor como os outros devem viver. Não é apreço pela ciência ou pela vida, como tentam se convencer; é pouco apreço pelas liberdades!

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