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Comissão da OAB vai analisar denúncia de estupro feita por produtora cultural

A Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ vai analisar a  denúncia de estupro  que, de acordo com a vítima, uma produtora musical , teria sido cometido por um

Comissão da OAB vai analisar denúncia de estupro feita por produtora cultural
Comissão da OAB vai analisar denúncia de estupro feita por produtora cultural

Redação Publicado em 31/08/2020, às 00h00 - Atualizado às 10h11


Câmeras de segurança registraram policial militar na portaria do prédio da vítima

A Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ vai analisar a  denúncia de estupro  que, de acordo com a vítima, uma produtora musical , teria sido cometido por um policial militar contra ela em Copacabana, na Zona Sul do Rio, na última segunda-feira.

S., de 31 anos, afirma que sofreu abuso sexual de um PM do 19º BPM (Copacabana). Segundo a mulher, para subir ao apartamento dela, ele usou a desculpa de que precisava de dados para finalizar uma ocorrência, registrada uma semana antes, no prédio. Na portaria, um outro policial o aguardou até que retornasse do apartamento, o que foi registrado por câmeras do circuito de vigilância do edifício.

De acordo com a advogada Mariana Rodrigues, procuradora da comissão, como a jovem já está sendo assistida por uma profissional, a entidade está disponível para prestar apoio durante o processo.

“Como ela possui uma colega advogada, há um respeito ético, mas a comissão está completamente aberta para qualquer demanda, e também qualquer apoio ou ajuda que a colega advogada venha precisar, principalmente quando lida com agentes do estado “, afirma.

Para a advogada da vítima, Bárbara Guedes, o apoio será bem-vindo. O caso também está sendo acompanhado pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio.

“Ela é vítima de um policial militar, e eu também sou mulher, brigando sozinha pelo caso dela , então quanto mais gente do nosso lado nesse caso que envolve tanto corporativismo, melhor, “diz a advogada.

Vítima chegou a pedir quebra de sigilo telefônico

De acordo com S., no último dia 17 ela teve uma discussão com uma vizinha, que acabou acionando a polícia. O policial militar que conduziu as mulheres até a delegacia é quem ela acusa de ter retornado ao seu apartamento uma semana depois e tê-la estuprado .

“Acordei com meu porteiro me ligando e me perguntando se estava acontecendo algo no meu apartamento, pois um policial estava lá. Ouvi a voz do PM falando para o porteiro que era sobre a ocorrência da semana anterior, e ele precisava falar comigo”, recorda. “Muita gente me pergunta porque eu abri a porta para ele. Mas eu pago imposto, eu trabalho pra caramba. Se eu não puder acreditar na polícia , vou acreditar em quem?”.

Segundo “S”, logo que o PM entrou em seu apartamento, começou a fazer perguntas e pedir informações de seus vizinhos. Em seguida, ela conta que ele começou a tirar a roupa dela , lamber seu pescoço, tocar seu seio com força e lhe penetrar com a mão.

A jovem conta que o homem só parou quando ela disse que namorava um policial, e que o prédio gravava as imagens das câmeras de segurança. Na delegacia e posteriormente no batalhão da área, onde o agente é lotado, ela diz que enfrentou problemas para denunciar o caso, e que foi constantemente questionada. Policiais perguntaram se a vítima tinha contato com o agente, o que motivou que ela solicitasse a quebra de seu próprio sigilo telefônico.

“Tenho que provar que eu nunca conversei com esse homem. Eu mesma pedi a quebra. Fizemos um registro na Anatel para pegar os registros das minhas ligações”, diz. “Ontem pesquisei no Google ‘estupro’ e ‘PM’ e o número de meninas que são estupradas… Vi uma menina de 17 anos que precisou provar que foi estuprada . Por que a gente luta para provar que foi estuprada? Isso dói. A nossa palavra não basta.”

Procurada, a Polícia Militar informou em nota que, “segundo o comandante do 19ºBPM (Copacabana), a declarante foi prontamente atendida e ouvida a termo, procedimento de praxe para dar seguimento a apuração dos fatos. Informamos ainda que foi aberto um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar as circunstâncias da ocorrência. A Corporação, como tem demonstrado ao longo de sua história, não compactua e pune com o máximo rigor desvios de conduta cometidos por seus membros”.

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Agência O Globo

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