A real é que muitos não aguentam mais essas duas palavras. O que não nos damos conta é como nos limitamos e limitamos o outro ao tentar nos posicionarmos
Redação Publicado em 26/01/2020, às 00h00 - Atualizado às 21h33
A real é que muitos não aguentam mais essas duas palavras. O que não nos damos conta é como nos limitamos e limitamos o outro ao tentar nos posicionarmos nestes extremos, quando, na verdade, existe no meio do caminho um oceano de possibilidades socioeconômicas que vão muito além deles. Sair dessa gangorra politica parece ser hoje nosso principal desafio. Porem, é improvavel pensarmos em transformação quando achamos que o problema está apenas no outro.
De uma maneira resumida, vivemos uma extrema direita puramente econômica, como se essa fosse resolver os problemas do país sem considerar atrocidades sociais que carregamos. Com uma cegueira social, parece nao enxergar que a economia pode ate melhorar, mas sempre para o mesmo e restrito grupo de privilegiados. Por outro lado, temos uma esquerda economicamente incoerente como se fosse feio fazer dinheiro, mas quando estão no poder, podem até desenvolver ações redistributivas, mas no fundo, seu governo é voltado aos interesses dos ricos.
Como sociedade, sinto que estamos querendo decolar o avião com uma pista esburacada, sem piloto capacitado e com instruções que poucos consequem ler. Isto posto, existem tres temas que precisam ser apartidarios:
1-Desigualdade social: Não cabe mais na agenda achar que desigualdade é coisa de esquerda. Justiça social é básica em qualquer país desenvolvido. Num país onde +50% é negro ou pardo, não dá para achar normal a ausencia de negros liderando diversas esferas sociais. É necessário olhar para o que está soterrado nas entrelinhas da nossa história. Como mudamos? Assumindo a realidade, entendendo os privilégios, acabando com piadas sem sentido, empoderando e incluindo. Essas ações, permeiam comportamentos e vão além das políticas de inclusão.
2-Educação cidadã: A relativização da corrupção é um dos nossos canceres, onde “a minha corrupção é menor do que a sua”. Esse fenômeno ilude que uns roubam mais que outros, mas no fundo, a corrupção passa disfarçada por todas as camadas sociais utilizando níveis de sofisticação distintos. A corrupção não tem formato, é um comportamento. A educação vai além do saber ler e escrever e nasce na capacidade de coexistir em meio a tantas diferenças, sejam elas de gênero, etnia ou classe. Enquanto o “você sabe com quem está falando” perpetuar, não há educação que nos servira.
3-Autorresponsabilidade: não existe um político, um culpado ou um corrupto. Assim como, não existe um salvador ou um herói. Se estamos falando em transformação, ela começa a partir do indivíduo. É trazer para consciência com maturidade que, o que um dia serviu para a sociedade, talvez hoje não sirva mais. O que um dia teve graça, talvez não tenha mais. Não dá para achar que teremos resultados diferentes com o mesmo comportamento.
Meu convite e ampliar o olhar para nosso cenario. Está tudo bem falarmos de desenvolvimento econômico somado a justiça social; defender politicas mais abertas de livre mercado somadas a práticas redistributivas de renda; falar em aumento de PIB enquanto falamos de políticas de Sustentabilidade.
Pensar em potência significa projetar o Brasil como uma plataforma economica social com condições mais justas para coexistirmos, num mercado inclusivo, sólido e confiável onde a consciência cidadã, educação e a infraestrutura permitem a mágica acontecer. Convido voce a expandir, mesmo que um pouco, o olhar para esse contexto. Não precisamos concordar em tudo, mas o respeito é fundamental para seguirmos.
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