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Coluna – A história do basquete documentada

Dante de Rose Junior dedicou cerca de 84,8% dos anos de vida ao basquete. A paixão se manifestou em pelo menos cinco vertentes. Se você está achando que essa

Coluna – A história do basquete documentada
Coluna – A história do basquete documentada

Redação Publicado em 07/02/2020, às 00h00 - Atualizado às 21h10


Ex-professor universitário se dedica a decifrar o esporte

Dante de Rose Junior dedicou cerca de 84,8% dos anos de vida ao basquete. A paixão se manifestou em pelo menos cinco vertentes. Se você está achando que essa é uma forma estranha de começar um texto, saiba que há um motivo. Para o professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP) os dados estatísticos sempre foram uma espécie de fetiche, que caminhou em paralelo com o gosto pela bola laranja. Assim, o fato de a quinta vertente ser a de escritor, autor de livros com a história de grandes competições do basquete mundial, soa como uma evolução natural.

A publicação mais recente, “Campeonatos Mundiais e Copas do Mundo de Basquetebol: História, Números e Curiosidades”, é de 2019 lançada já com os dados da Copa do Mundo da China no ano passado. Dois anos antes, Dante lançou outros dois livros gêmeos: “O Basquetebol Masculino nos Jogos Olímpicos” e “O Basquetebol Feminino nos Jogos Olímpicos”. Ambos atualizados com informações referentes à edição mais recente dos Jogos, que aconteceram no Rio em 2016. Somadas, as três publicações têm 370 páginas majoritariamente dedicadas a placares, detalhes e números de campeonatos, jogos e atletas do Brasil e outros países. Mergulhando nelas é possível confirmar, por exemplo, quantos jogadores defenderam a seleção masculina de basquete em Mundiais/Copas do Mundo, ou quantos países já foram adversários da seleção feminina em Olimpíadas.

Os três trabalhos estão disponíveis de forma gratuita na internet. Dante julgou que não havia grande apelo comercial nas obras (não foi o caso de “Basquetebol – do treino ao jogo”, feito em conjunto com Valmor Tricoli, que está à venda). O intuito principal é passar o conhecimento adiante, seja para outros acadêmicos interessados, seja para jornalistas famintos por informações minuciosas. Numa era em que a informação está disponível em diferentes lugares, o grande trunfo dos livros, e também o grande desafio para o autor, foi justamente organizar tamanha quantidade de dados.

Basquete

Dante de Rose tem o basquete como seu objeto de pesquisa – Arquivo pessoal

“Não fico o tempo todo de frente para o computador. Além disso, tem que prestar muita atenção para não errar. Alguns amigos meus, que são citados nos livros, já até vieram falar comigo, dizendo que tal quantidade de pontos ou rebotes não estava certa”, conta Dante.

A fonte dos dados é sempre o site da federação internacional (Fiba, na sigla em inglês). Dante revela que coletar os números não foi problema, pois sempre fez isso. O trabalho para deixar tudo inteiramente compreensível, e confiável, durou cerca de um ano para cada publicação. Concluir a tarefa foi possível porque ele agora tem tempo. Em 2012, Dante se aposentou do cargo de professor da área de Educação Física da USP, onde usou o basquete como uma ferramenta de ensino. Mas, obviamente, o fim da ligação profissional não o fez parar de perseguir coisas dentro da modalidade. Depois de ter sido um atleta amador juvenil, técnico, professor e palestrante, tudo envolvido de alguma forma com o basquete, Dante agora escreve e também comanda o projeto “Escolinhas de Basquete pelo Brasil”, que mapeia iniciativas existentes no país e busca passar material para colaborar na formação de quem tem escolinhas.

“Estou aposentado, mas trabalho muito (risos). A vantagem é que agora trabalho com o que quero, quando quero”, afirma.

Basquete feminino

Seleção feminina ainda lutar por classificação para a próxima edição dos Jogos Olímpicos – FIBA/Direitos reservados

Aos 66 anos, ele se divide entre a escrita e as clínicas pelo Brasil, a maioria em São Paulo. Planeja levar o basquete a lugares onde nunca esteve. Com relação a obras que ainda podem vir, prefere não fincar bandeira em nenhuma empreitada, embora exista o desejo de se aprofundar mais na história do basquete brasileiro especificamente. Quanto mais o tempo passa, mais trabalho ele terá para contar essa história. Afinal, novos capítulos vão sempre surgindo. Respeitado como um dos grandes mestres do país na área (seus livros tiveram prefácio de Magic Paula e Wlamir Marques), Dante é também um fã assíduo e observador que aguarda com curiosidade por esses próximos capítulos, que podem, eventualmente, ser documentados também.

“Acho que o basquete brasileiro melhorou um pouco nos últimos anos. As ligas, principalmente o Novo Basquete Brasil [NBB], representaram um avanço. Acredito, no entanto, que o basquete feminino poderia se organizar um pouco mais”, comenta.

Copas do Mundo, agora, só em 2022 (feminina) e 2023 (masculina). Ficar de fora da Olimpíada de Tóquio, nos dois naipes, é uma possibilidade palpável, adiando a próxima participação brasileira para, no mínimo, 2024. Até lá, os livros de Dante serão as obras definitivas quando o assunto é a história dessas competições.

Livros, minibasquete, basquetebol

Algumas produções do ex-professor universitário – Arquivo pessoal

Para quem quiser consultar as publicações de Dante, basta acessar os links do portal de livros da USP:

O Basquetebol masculino nos Jogos Olímpicos

O Basquetebol feminino nos Jogos Olímpicos

Campeonatos Mundiais e Copas do Mundo de Basquetebol

AGENCIA BRASIL

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