Fernando Diniz é formado em psicologia pela Universidade São Marcos, com o projeto de conclusão de curso tendo como tema a função de um técnico no futebol.
Redação Publicado em 08/01/2021, às 00h00 - Atualizado às 11h38
Há pouco tempo sob os principais holofotes do futebol brasileiro, Fernando Dinizsurpreende muitas pessoas pela postura até certo ponto agressiva à beira do campo no São Paulo. Além do estilo de jogo, o treinador tem chamado atenção pela relação de “amor e ódio” com os jogadores.
O geouviu atletas, dirigentes e pessoas que trabalharam com Fernando Diniz desde o início da carreira como técnico, em 2009, no extinto Votoraty, time da cidade de Votorantim, interior de São Paulo.
Desde então, o treinador passou por Paulista, Atlético Sorocaba, Botafogo-SP, Audax, Guaratinguetá, Oeste, Paraná, Athletico e Fluminense até chegar ao São Paulo.
A reação explosiva do técnico com Tchê Tchê, com quem trabalhou no vice-campeão paulista Audax em 2016, foi apenas um dos muitos episódios do comportamento de Diniz à beira do campo.
Dois pontos são consenso entre as pessoas ouvidas pela reportagem: ao mesmo tempo em que admitem o lado explosivo de Diniz, o apontam como o melhor treinador com quem trabalharam.
Fernando Diniz é formado em psicologia pela Universidade São Marcos, com o projeto de conclusão de curso tendo como tema a função de um técnico no futebol. Diniz costuma dizer que seu trabalho com os atletas é baseado na formação do cidadão, acima da carreira no futebol.
Logo no primeiro trabalho como técnico, Fernando Diniz conquistou dois campeonatos pelo Votoraty. Os títulos da Série A3 e da Copa Paulista de 2009 colocaram o time na Copa do Brasil do ano seguinte. A equipe de Votorantim acabou eliminada na segunda fase pelo Grêmio, no que seria o último jogo da história do clube e da primeira experiência de Diniz no banco.
Beto Cavalcante, ex-zagueiro do Votoraty e atualmente treinador, relata que já no início da carreira Diniz também atuava como psicólogo.
– Eu era o capitão e em determinado momento acabei saindo do time. Fui cobrá-lo sobre isso. Ele me explicou que era opção e acabamos nos abraçando e chorando. Ele é intenso e vive isso dessa maneira. O Diniz é um apaixonado pela bola. A partir do momento em que o grupo conhece o Diniz, isso se torna normal. A maioria dos atletas prefere dessa forma – afirmou Beto.
Na segunda experiência como treinador, Diniz assumiu o Paulista. No time de Jundiaí, foi novamente campeão da Copa Paulista, chamando atenção pelo estilo de jogo e pelo jeito duro como conduzia os treinamentos, exigindo o máximo de todos os jogadores.
– Na minha opinião, os treinadores do Brasil deveriam fazer um estágio com o Diniz. Ele é o melhor técnico do país há muito tempo, é diferenciado. Cara, com 30 anos eu evoluí como jogador quando ele me treinou. Se tivesse conhecido antes, teria chegado ao Barcelona. Ele consegue tirar a mentalidade de perdedor e fazer um time vencedor – conta o ex-meio-campista Fábio Gomes, que se aposentou em 2018 no Rio Branco-AC.
Administrado por uma igreja, a Unificação pela Paz Mundial, conhecida no Brasil pelo líder Reverendo Moon, o Atlético Sorocaba teve que se adequar ao estilo explosivo de Fernando Diniz. O grande número de palavrões, algo condenado pela entidade, era frequentemente ouvido nos corredores. O treinador, aliás, visitou o regime ditatorial da Coreia do Norte com o clube em 2011.
– O Diniz brigava por aquilo que acreditava, mas todos tinham que dançar a mesma música. Nós tínhamos de ser pontuais, com pagamento de salários, bichos e o que se combinava. Ele era muito exigente, saíam aqueles palavrões que, pessoalmente, nunca gostei. Mas funcionava, porque o jogador entendia a linguagem, não era machucar ou desprezar o jogador ou colocar para baixo. O objetivo era entender a proposta de jogo, e os resultados vinham. Ele é um cidadão que cumpre sua responsabilidade, exigia ao máximo e as coisas davam certo. Não perco um jogo do Diniz, ele é um fenômeno que precisa ser estudado – conta Waldir Cipriani, ex-vice-presidente do Atlético Sorocaba.
Atacante de Fernando Diniz no Atlético Sorocaba, Tiago Tremonti era um dos jogadores mais queridos pelo treinador no elenco. Após uma derrota e um desabafo no vestiário, tudo mudou.
– Depois de um jogo que perdemos, eu estava bravo e dei uma bicuda na porta do banheiro no vestiário. Ele viu que eu estava bravo e me disse: “O que está bravinho? Deveria ter dado esse chute no cara, que ele não faria o gol e a gente não perderia”. E começou a me xingar. Depois disso não joguei mais com ele. Tinha todos os motivos para odiá-lo, mas foi o melhor treinador que tive.
– Dá para escrever um livro sobre o Fernando Diniz. Estive um ano com ele no Atlético Sorocaba. Foi o melhor treinador que tive, ele exige muito no treinamento. No jogo, ele se transforma. Psicologicamente, entra na mente do jogador. É um cara difícil de comportamento, é difícil aturar as coisas que ele fala. No dia a dia, ele dá moral, mas se no jogo as coisas não acontecem do jeito que ele quer, aí xinga e senta o pau, toca na ferida da pessoa – conta Tremonti.
Fernando Diniz despontou para o cenário nacional quando levou o desconhecido Audax ao vice-campeonato paulista de 2016. Antes da montagem do time, o meia Helton Luiz foi um dos alvos do exigente treinador.
– O Diniz foi o melhor treinador que tive na carreira. Disparado o melhor. Acompanhando de longe, vejo que é o mesmo cara do Atlético Sorocaba e do Audax. O Diniz ou você ama ou odeia. Muita gente não concorda com a cobrança explosiva dele. Em semana que tinha jogo do Barcelona, nosso treino era assistir e analisar como eles jogavam. O Diniz é puro, sem maldade e sem trairagem. É a forma que ele enxerga que pode tirar do jogador – acrescentou Helton Luiz.
O meia, hoje com 34 anos, relembra que discussões como a que ocorreu na última quarta-feira eram corriqueiras.
– No meu tempo, aconteceram vários casos como o do Tchê Tchê. Ele via um potencial enorme em mim, os momentos que eu mais discutia com o Diniz era quando estava bem. Fazia dois gols no primeiro tempo e ele queria que eu fizesse mais. Quem fala mal dele são aqueles que têm ego e não aceitam ser cobrados de maneira mais ríspida. Se acreditar que ele só quer o seu melhor, ninguém vai ter problema com ele. O temperamento explosivo dele era motivo de brincadeira. É um treinador à frente do seu tempo – disse Helton Luiz, que em 2020 atuou por Frei Paulistano-SE e São Bernardo.
Atualmente com 28 anos, o zagueiro Rodrigo Sabiá, que se desligou do Comercial e está prestes a anunciar novo clube, foi promovido das categorias de base do Paulista de Jundiaí por Diniz. Autor do gol que deu o título da Copa Paulista de 2010, Sabiá foi “adotado” por Diniz em outros quatro times: Atlético Sorocaba, Audax, Guaratinguetá e Paraná Clube.
Telespectador da goleada sofrida pelo São Paulo para o Bragantino na última quarta-feira, Rodrigo Sabiá se divertiu ao ver a discussão entre Diniz e Tchê Tchê. Incomum para o grande público, a cena era comum na época de Audax.
– Aonde o Diniz ia, me levava junto. Se não fosse ele, não teria me tornado jogador de futebol profissional. Ele cobra, xinga e exige muito dentro de campo. Quando acaba o jogo, se torna outra pessoa, um ser humano fantástico que nem parece aquele dentro de campo.
Ao longo de pouco mais de 12 temporadas como treinador, Fernando Diniz passou por 11 clubes e conquistou três títulos, logo nos dois primeiros anos de carreira: Copa Paulista e Série A3 de 2009 pelo Votoraty, e Copa Paulista 2010 pelo Paulista. São dois prêmios individuais: melhor técnico do Paulistão (2016) e Carioca (2019).
Como jogador profissional, defendeu 13 clubes e foi campeão paulista por Palmeiras (1996) e Corinthians (1997) e carioca pelo Fluminense (2002).
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GE – Globo Esporte.
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