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Claudio Loureiro Nunes: 17H E OS ESPECIALISTAS

A primeira semana da reabertura dos bares e restaurantes em São Paulo, como já era de se esperar, foi um desastre. Não sei o que os especialistas, que

Claudio Loureiro Nunes: 17H E OS ESPECIALISTAS
Claudio Loureiro Nunes: 17H E OS ESPECIALISTAS

Redação Publicado em 10/07/2020, às 00h00 - Atualizado às 07h41


17H E OS ESPECIALISTAS 

A primeira semana da reabertura dos bares e restaurantes em São Paulo, como já era de se esperar, foi um desastre. Não sei o que os especialistas, que aconselham o estado e município pensaram, mas os erros e trapalhadas são consecutivos e o resultado é que o empresário do setor amarelou para fase amarela.

Resumo da semana foi o seguinte: 8 em cada 10 bares e restaurantes não abriram as portas, não conseguimos saber destes, quanto são os que já estão fechados definitivamente e quantos não abriram porque não faz o menor sentido. Os bares e restaurantes que abriram, não puderam utilizar a calçada para atendimento. Isso é perturbador, já que em local aberto (como uma calçada) a dificuldade para contágio é maior, entende-se que ou o governo quer que as pessoas se contaminem, como várias imposições atabalhoadas como o super rodízio que aumentou o fluxo de pessoas no transporte público, ou o governo quer mais é que o empresário termine de vez, pois nada nessa medida ajuda a saúde pública.

Os poucos restaurantes e bares que abriram ao público, tiveram que trabalhar com 40% de sua capacidade, o que justifica o elevado número de estabelecimentos que não abriram. Ficou impossível fechar a conta de todos os custos fixos, reposição de estoque para reabertura, recontratação de funcionários, pagar os impostos, etc., com a capacidade de atendimento reduzida em 60%. O empresário já debilitado sem faturamento há mais de 100 dias vai provavelmente pagar para trabalhar. Isso sem contar a incerteza de na próxima semana o governo mandar fechar de novo. Talvez por conta destas medidas, na própria segunda-feira da abertura, pessoas do setor, empresários e colaboradores, fizeram uma manifestação na porta da casa do governador João Dória. Rapidamente cavalete na rua impediu a entrada dos manifestantes até a porta da casa, só passava pela polícia moradores e Ifood.

Agora o ponto mais emblemático da reabertura. Sabemos que 70% do faturamento de bares e restaurantes acontece no período da noite, Happy Hour e jantar. Faz parte da fase Amarela a imposição de não abrir após 17h. Todos os dias percebemos que pouco se sabe sobre o vírus, quase todas as previsões e aconselhamentos de órgãos como OMS foram errados. Acredito que uma das recentes descobertas dos especialistas aqui em São Paulo foi que o Covid-19 ataca mesmo é após o horário comercial. A população está segura para pegar metrô e ônibus lotado (por necessidade) durante o dia inteiro, mas para frequentar um restaurante a noite (por opção), com todas as regras impostas de distanciamento e atendimento, não. Porém durante o dia sim, pode abrir o restaurante, com 40% da capacidade e não pode utilizar a calçada que é aberta. Ficou confuso? Pois é, seria engraçado se não fosse triste. Estima-se que 84% dos negócios neste setor irão sofrer com demissões por conta desta pandemia. Uma pena o governo de São Paulo piorar ainda mais estes números impressionantes, pouco se vê de relação entre estas medidas e saúde pública, seguimos sob autoritarismo disfarçado de política pública. É horrível fazer parte deste experimento social.

CLAUDIO G. LOUREIRO NUNES, é CEO da Tamboré Capital e Colunista do Diário de S. Paulo. Graduado em comunicação e marketing pela FAAP, Pós-Graduado em Finanças no Insper e bacharel em Administração pela Universidade Metropolitana da Florida, EUA. É especialista em Marketing e Gestão de Negócios, responsável pela abertura de importantes operações de hospitalidade e gastronomia no Brasil como TGI FRIDAYS.

Contatos:

IG @claudionunes

Twitter @claudio_nunes

[email protected]

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