Uma cerimônia realizada nesta quinta-feira (27) encerrou simbolicamente a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro. Estiveram presentes o governador
Redação Publicado em 27/12/2018, às 00h00 - Atualizado às 10h35
Uma cerimônia realizada nesta quinta-feira (27) encerrou simbolicamente a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro. Estiveram presentes o governador em exercício, Francisco Dornelles, o interventor, general Braga Netto, e o ministro da Justiça, Torquato Jardim.
Braga Netto afirmou que “atingiu todos os objetivos propostos”.
“Temos a convicção de que trilhamos um caminho difícil e incerto, mas cumprimos a missão”, afirmou o interventor.
Braga Netto e Richard Nunes, secretário de Segurança, receberam a Medalha Tiradentes das mãos de Dornelles e do deputado estadual André Ceciliano, presidente em exercício da Alerj.
O regime termina oficialmente na próxima segunda-feira, com 319 dias. O combate ao roubo de cargas foi uma prioridade do novo comando. Comparando os números de março a novembro com o mesmo período do ano passado, houve uma redução de 20%.
Também caíram roubos de rua (6%), a pedestre (7%) e de veículos (8%). Homicídios foram reduzidos em 6%.
Mas houve índices que subiram: lesões corporais seguidas de morte (33%) e mortes por intervenção policial (38%). E mais de 90 policiais militares foram assassinados este ano.
Em setembro, pesquisa Datafolha apontou que que três a cada quatro eleitores fluminenses eram a favor da continuidade da intervenção federal na segurança pública no estado.
O decreto que tirou do governador Luiz Fernando Pezão o comando sobre as polícias foi assinado pelo presidente Michel Temer em 16 de fevereiro, dias depois de um carnaval com relatos de arrastões e ataques em blocos.
O próprio Pezão admitiu, dois dias antes do decreto, que o estado não estava preparado. “Houve uma falha nos dois primeiros dias, e depois a gente reforçou aquele policiamento. Mas eu acho que houve um erro nosso”, disse Pezão.
O estado estava mergulhado não apenas numa onda de insegurança, mas também numa crise financeira, refletida no regime de recuperação fiscal, ao qual o RJ aderira em setembro de 2017.
Com a intervenção, o cargo de comando foi dado ao general Walter Braga Netto. Os militares já estavam no Rio desde 2017, em ações pontuais e em articulação com o governo estadual. De fevereiro para cá, todas as decisões sobre a segurança do Rio passaram a ser tomadas pelo interventor.
“A intervenção chegou num momento de muita crise no Rio de Janeiro. A ideia de que chegavam as Forças Armadas para ajudar foi muito bem recebida por uma grande parte da população”, diz Silvia Ramos, socióloga e coordenadora do observatório da intervenção federal.
“O problema é que depois o que aconteceu não foi um alívio, mas um aprofundamento de aspectos da política se segurança muito problemáticos para o Rio, que são grandes operações, tiroteios e pouca inteligência”, pontua.
Com o decreto de intervenção, havia a expectativa de que recursos federais viessem para a segurança do Rio. Do R$ 1,02 bilhão, nem metade foi efetivamente gasta.
“O problema é que nós estamos na transição para um novo governo, e a sinalização desse novo governo é que vai desestruturar tudo que já foi estruturado. Esse é o risco nós corremos aqui e nesses próximos meses”, alerta o coronel Robson Rodrigues, antropólogo e especialista em segurança.
“Esperava-se a superação de problemas estruturais, como violência e corrupção policial. Houve muito pouco investimento pra mudar isso. O que vimos foi muita operação, caminhões, equipamentos. Quando você fica no tiroteio de todo dia, a ideia de que você está enxugando gelo é muito forte”, diz Silvia.
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