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Caso brutt: sócio vê negligência médica e diz que Imperial foi “massacrada sem direito de defesa”

Dez meses após a morte de Matheus "brutt" ter chegado aos tribunais, a Imperial começa a ver sua imagem sendo reconstruída. Ao menos é o que garante um dos

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Redação Publicado em 26/02/2021, às 00h00 - Atualizado às 16h31


Bruno Silveira contestou diversos pontos apresentados pela família e disse que organização está tentando agilizar processos

Dez meses após a morte de Matheus “brutt” ter chegado aos tribunais, a Imperial começa a ver sua imagem sendo reconstruída. Ao menos é o que garante um dos sócios da organização, Bruno Silveira, que diz que a empresa foi “massacrada” pela comunidade após as acusações de negligência da família do jogador de Counter-Strike: Global Offensive, que morreu em dezembro de 2019.

– Foi muito triste porque nesse período, independente de gastos com advogado e tudo mais, o que deixou a gente mais triste foi o espancamento da comunidade – afirmou Silveira em entrevista ao ge.

– Fomos chamados de assassinos, acusados de escravizar. Meu irmão [felippe1, CEO da organização] era xingado, e a gente sempre ficou calado. A pior parte de tudo isso, que podemos dizer, independente de negociação de patrocinador, vida pessoal, os próprios jogadores, que eram amigos do cara, conviveram com ele, sabiam o que acontecia… o pior foi a marca, a empresa, ser massacrada da forma que foi pela opinião pública sem direito de defesa. E por isso ficamos calados, porque não adiantaria falar nada, qualquer coisa que falássemos naquele momento, naquele fervor todo, não ia servir de nada, as pessoas não iam nem ler – completou.

Para o empresário, as críticas vindo até mesmo de amigos de Felippe “felippe1” – um veterano do cenário de esports no Brasil -, doeram demais.

– Grandes jogadores repostaram a situação, não citaram a Imperial diretamente, mas falaram da situação. Houve um alvoroço grande, de pessoas grandes, que bateram na gente, isso foi horrível. Pessoas, inclusive, amigas do felippe1 de muito tempo, que conhecem a conduta dele de muito tempo e se posicionaram, de uma forma indireta, massacrando a empresa – completou.

Além desse sentimento, Silveira também contestou uma série de informações apresentadas pela acusação e disse que a Imperial tem interesse em agilizar os processos de todas as formas.

Organização não vê vínculo trabalhista

Segundo Silveira, a Imperial não vê um vínculo trabalhista com nenhum de seus jogadores, incluindo brutt. O empresário afirma que todos os jogadores da organização atuam em contrato de “prestação de serviço” e não no regime imposto pela Consolidação das Leis de Trabalho (CLT).

– A gente não enxerga o vínculo trabalhista justamente pelas questões que os advogados da empresa suscitaram. Pagamos a multa dele com a Reapers e ele ficou a disposição da empresa. Ele terminaria de jogar o CBCS e no mês de janeiro decidiríamos como seria o procedimento de vínculo, se o time se adaptaria com ele e etc. Ele jogou dois jogos, e o contrato, se existisse, seria de prestação de serviços, como todos os outros jogadores, que é a forma de como a Imperial vê as coisas. A Imperial encara que não existe vínculo trabalhista com todos os jogadores. E é isso, nesse ponto nos reportamos no que está no processo, tanto pelo curto período de tempo, pelo que foi combinado com o jogador e pelo contrato que a família apresentou ser falso.

O contrato, citado por Silveira, está entre os anexos da ação indenizatória movida pela família de brutt contra a Imperial no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2). Nele, a defesa dos familiares do jogador pede R$ 460 mil por danos morais. No documento, obtido pelo ge, não consta o nome nem a assinatura de brutt. Silveira alega ainda que a assinatura de felippe1 no documento não é verdadeira.

Suposto contrato entre Imperial e brutt anexado no processo — Foto: Reprodução

Suposto contrato entre Imperial e brutt anexado no processo — Foto: Reprodução

– O contrato apresentado pela família é falso, totalmente falso. Foi pego, se você observar o contrato no inquérito [policial], no Ministério Público, no processo, é um documento eletrônico, como todos que a gente firma hoje, e o documento não consta o nome do brutt, só a assinatura do felippe1, que é montada. Quando é DocuSign [empresa de assinatura virtual de documentos], tem um código ID gigantesco, o número do envelope, que confirma a validade do documento a ser consultado. Esse código não existe – afirmou Silveira.

– A cláusula segunda do contrato não consta sequer a data que o brutt foi contratado, e foi alterada da redação original que a Imperial usa. Se você reparar, tem a cláusula lá, sem a data da contratação, e, num determinado ponto está escrito “vírgula, contratado neste ano, neste momento” e não tem assinatura sequer a assinatura do brutt – completou.

Ainda sobre a modalidade de contratação, Silveira afirmou que a falta de um exame admissional, um dos pilares da acusação da família quanto a negligência, não teria detectado a doença que vitimou o jogador.

– Como a Imperial encara que o vínculo é de prestação de serviço, o exame admissional é dispensável, só seria obrigatório se fosse vínculo CLT. Só que tem um detalhe importante. Ele morreu num hospital de referência, a causa da morte não é identificada, ele passou quase 15 dias num CTI, com uma equipe médica especializada de neurologista, infectologista, e os caras não descobriram o que ele tinha. Qualquer trabalhador do Brasil, que fez um exame médico admissional, sabe que o cara tira a pressão, manda ler meia dúzia de letras, bate no seu ombro e diz que você está preparado. O exame admissional ia acusar que ele tinha uma doença raríssima na cabeça, enquanto um hospital especializado, com uma equipe especializada, não descobriu do que o cara morreu? Isso é surreal, me desculpe o termo, mas é buscar chifre em cabeça de cavalo. Não existe. Mesmo que ele tivesse que ter feito o exame, que a justiça diga que é CLT, o exame admissional nunca identificaria essa doença que ele teve, porque nem um hospital com equipe especializada, fazendo vários exames, tomografia, pulsão de medula, que não são exames feitos no admissional, não descobriu o que ele tinha, quem dirá um médico tirando pressão e ele dizendo que está com dor de cabeça por causa do óculos.

Más condições da casa

Além da falta de obrigações trabalhistas e da negligência, a família também crítica as condições da casa. De acordo com o processo, a casa dos jogadores da Imperial era “completamente insalubres, faltavam alimentos e não havia condições dignas para repouso”. Silveira diz que as acusações são absurdas.

– Ninguém é maluco de pagar quase seis mil de aluguel numa casa ruim. Aí entra o aluguel, R$ 900 de cozinheira e R$ 900 de faxineira. Só aí são R$ 7,8 mil. Numa casa ruim? Ninguém é louco de fazer isso. A casa era toda mobiliada, limpinha, toda direitinha, essas eram as condições da casa. Eram faxineira e cozinheira três vezes na semana. A única coisa que acontecia é que os próprios jogadores perdiam a mão da comida pronta, mas sempre teve comida dentro de casa. Tanto é que, na planilha da empresa, gastamos R$ 3,2 mil em comida. Numa casa de seis pessoas. Sem falar em delivery, que foram para o cartão de crédito. Encaramos essas alegações todas como absurdas.

A defesa da família brutt alega que a casa era “extremamente quente, ou fria, dependendo das condições climáticas, e não havia ventilação adequada, tampouco existia ar-condicionado ou ventilador, o que contribuiu desfavoravelmente para o quadro de saúde da vítima”. O barulho, causado pela proximidade entre a gaming house e o Aeroporto Internacional de Congonhas também é citado, com um áudio enviado por brutt a seus familiares mostrando o ruído.

Silveira alega que todos os jogadores tinham ventiladores, já que a rede elétrica da casa não aguentaria a instalação de aparelhos de ar condicionado. Já sobre os aviões, o empresário reconheceu que o barulho poderia incomodar, mas que é comum para moradores da

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Fonte: GE – Globo Esporte.

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