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Campanha contra violência representa rostos de mulheres influentes

"Ela o denunciou, mas acabou por ser morta" é a mensagem que acompanha as fotomontagens do artista italiano aleXsandro Palombo. O autor pretende "denunciar,

Campanha contra violência representa rostos de mulheres influentes
Campanha contra violência representa rostos de mulheres influentes

Redação Publicado em 26/11/2021, às 00h00 - Atualizado às 10h55


Fotomontagens são do artista italiano alexsandro Palombo

“Ela o denunciou, mas acabou por ser morta” é a mensagem que acompanha as fotomontagens do artista italiano aleXsandro Palombo. O autor pretende “denunciar, consciencializar e chamar a atenção” sobre a agressão às mulheres, criticando a falta de proteção real. As representações de Letizia Ortiz e de Kamala Harris com nódoas negras, ou o nariz em sangue de Ursula von der Leyen, correspondem a reflexões e alertas para a existência de vítimas de abusos em qualquer setor da sociedade.Campanha contra violência representa rostos de mulheres influentesCampanha contra violência representa rostos de mulheres influentes

São todas mulheres proeminentes da vida política e social internacional. Todas são representadas como vítimas de violência doméstica, espancadas, com rostos inchados, nódoas negras, lábios e nariz em sangue.

Para esta campanha internacional contra a violência, aleXsandro Palombo utilizou as imagens de: Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, Kate Middleton, duquesa de Cambridge, Kamala Harris, vice-presidente dos EUA, Marine Le Pen, líder do partido francês União Nacional de extrema direita, Anne Hidalgo, presidente da Câmara de Paris, Letizia Ortiz, rainha da Espanha. Trata-se do último trabalho do artista italiano que, além de chamar a atenção para o fato de os abusos serem transversais na sociedade, também critica as instituições e autoridades por darem uma falsa segurança às vítimas.

“Por que é que uma mulher deve denunciar a agressão se depois da denúncia ela não é protegida pelas instituições e acaba por ser morta? Como pode uma mulher vítima de abuso e violência ainda ter fé nas instituições? Vejo apenas a política a convidar mulheres a denunciar os casos, mas sem assumir a responsabilidade de dar proteção e apoio às vítimas. Um Estado que não protege e deixa as mulheres sozinhas nas mãos do agressor, torna-se cúmplice silencioso” disse aleXsandro Palombo, citado na publicação Il Giorno de Milano.

“São muitas as associações de voluntários que, com pouquíssimos meios, procuram apoiar as vítimas, mas cabe à política, às instituições e ao Estado assumir essa responsabilidade”, acrescentou.

Em Paris, os pôsteres com o rosto da Anne Hidalgo coberto de hematomas e o nariz de Marine Le Pen cheio de sangue, em frente do Hôtel de Ville, desafiam e surpreendem as pessoas que passam.

Na Espanha, a exposição das fotomontagens é protagonizada pela rainha Letizia “maltratada”.

A Plaza del Ayuntamiento de Los Alcázares, em Múrcia, é o local onde o artista italiano faz o lançamento global da última campanha, que marca o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres.

“AleXsandro Palombo lembra-nos, com força e nitidez, a verdade nua e crua da violência sofrida pelas mulheres na Europa e no mundo”, dizem os organizadores da exposição espanhola. Eles destacam que “os rostos a sangrar mostram, ao mesmo tempo, a urgência da situação para todas as mulheres, mas também para as mais “poderosas” que, como outras, podem morrer sob os golpes de um homem”.

“A responsabilidade recai sobre nós”, afirma a historiadora francesa Christelle Taraud, especialista em história da mulher, género e sexualidade e professora na Universidade de Columbia, em Nova York. Citada no El Periodico de Aragon, Taraud diz que o trabalho de aleXsandro Palombo é também “um apelo à resistência e à luta, bem como uma forma de relembrar aquelas mulheres que dispõem de meios políticos para tornar o sistema eficaz.

A campanha internacional começou nesta semana com inúmeros pôsteres colocados nas ruas de várias cidades europeias, acompanhados do texto: “Ela o denunciou. Mas ninguém acreditou nela . Mas ela foi deixada sozinha. Mas ela não foi protegida. Mas ele não foi preso. Mas ela foi morta de qualquer maneira”.

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Agencia Brasil

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