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Brasil tem 335 obras de mobilidade paradas, atrasadas ou que sequer foram iniciadas

O Brasil tem 335 obras de mobilidade paradas, atrasadas ou que sequer foram iniciadas, segundo levantamento do Ministério das Cidades, obtidos com

Brasil tem 335 obras de mobilidade paradas, atrasadas ou que sequer foram iniciadas
Brasil tem 335 obras de mobilidade paradas, atrasadas ou que sequer foram iniciadas

Redação Publicado em 18/09/2018, às 00h00 - Atualizado às 15h05


Levantamento é do Ministério das Cidades. Mais de R$ 7 bilhões já foram gastos pela pasta e ainda faltam R$ 22 bilhões para concluir todas as obras. Desperdício é o tema do programa GloboNews Em Movimento desta terça, 18, às 21h30.

O Brasil tem 335 obras de mobilidade paradas, atrasadas ou que sequer foram iniciadas, segundo levantamento do Ministério das Cidades, obtidos com exclusividade pela GloboNews via Lei de Acesso à Informação. Todos os projetos foram custeados, pelo menos em parte, com dinheiro do governo federal. Segundo o Ministério das Cidades, já foram gastos pela pasta mais de R$ 7 bilhões em obras que ainda não foram concluídas e ainda faltam R$ 22 bilhões para finalizar todos esses investimentos. Os dados são referentes ao mês de agosto.

O desperdício é o assunto do sétimo episódio do GloboNews em Movimento, série de 12 episódios sobre mobilidade da GloboNews. O programa vai ao ar às 21h30 desta terça-feira, 18.

De acordo com o levantamento, são 173 obras atrasadas, 116 paradas e 46 que ainda não saíram do papel. A obra mais cara de todas é a do Monotrilho da Linha 17 Ouro, em São Paulo, que está atrasada. Foi prometida para antes da Copa do Mundo de 2014, mas até hoje não foi concluída. Ela ligaria o Aeroporto de Congonhas aos trens metropolitanos. Orçada inicialmente em R$ 1,39 bilhão, custa agora R$ 3,7 bilhões e a promessa é que seja entregue no final de 2019.

Em nota, o Metrô de São Paulo disse que a retirada da Linha 17-Ouro da Matriz de Responsabilidade da Copa do Mundo de Futebol de 2014, em função da escolha do estádio de Itaquera como sede do evento, alterou o cronograma do empreendimento.

“As obras do trecho prioritário começaram no segundo semestre de 2011 e sofreram atrasos na liberação de terrenos e na obtenção das licenças ambientais. O consórcio contratado para a construção de três estações e pátio de trens abandonou as obras em 2016. Um novo consórcio foi contratado e as obras retomadas no final do mesmo ano. Parte dos serviços também foi afetado pela paralisação feita pelo Consórcio Monotrilho Integração–CMI, responsável pela via e sistemas do monotrilho. Porém, no dia 14 de agosto, a Justiça determinou a retomada das obras por este consórcio”, diz um trecho da nota.

A secretaria municipal de Infraestrutura e Habitação disse, em nota, que as obras pararam em agosto de 2016 e só foram retomadas em abril de 2017 após o pagamento de um reajuste no contrato com o consórcio construtor. Neste ano, voltaram a ficar paradas porque a prefeitura solicitou mudanças no traçado. A solicitação foi analisada pela Caixa Econômica Federal e pelo Ministério das Cidades, que só retomou os repasses após a aprovação da nova proposta concluída no final de julho.

Já o VLT de Cuiabá, no Mato Grosso, custou R$ 1 bilhão. Trilhos foram construídos, 42 vagões foram comprados e uma estação foi erguida, mas a população nunca foi atendida por esse meio de transporte. A promessa era de que o VLT começaria a circular na Copa do Mundo de 2014, mas desde aquele ano a obra está parada. No lugar do VLT, a prefeitura resolveu investir num projeto paisagístico para colocar plantas ornamentais sobre os trilhos por onde passariam as composições.

Em nota, a Casa Civil do Governo do estado de Mato Grosso informou: “O governo do estado construiu um novo Edital do Veículo Leve Sobre Trilhos entre Cuiabá e Várzea Grande no intuito de garantir a conclusão da obra. E havia a previsão de lançá-lo no último mês de agosto, após o julgamento pelo Tribunal de Justiça da rescisão do contrato suspenso em dezembro do ano passado. O julgamento que deveria ocorrer no dia 2 de agosto foi adiado para o próximo dia 4 de outubro, o que acarretou na reavaliação da data de lançamento do certame. A Casa Civil reitera que trabalha para que o novo edital seja lançado nos próximos dias.”

Willian Aquino, diretor regional da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), faz um alerta: “As obras paradas de mobilidade nas cidades precisam ser completadas. O custo de uma obra parada, de uma obra afundada é muito sério. Existem vários lugares do Brasil, que com vistas a Copa do Mundo e a outros eventos, no PAC da mobilidade, elas começaram e pararam. Isso não pode continuar, porque custa muito caro para a sociedade. São obras que atrapalham o trânsito, não resolvem a situação e geram uma instabilidade.”

Diretora do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento no Brasil (ITDP, na sigla em inglês), Clarisse Linke lembra ainda que o dinheiro prometido para a mobilidade por meio de programas federais não foi totalmente aplicado.

“Nos últimos anos, a gente teve mais de R$ 150 bilhões prometidos, alocados para a infraestrutura de transporte, via PACs, PAC da Copa, PAC Cidades Médias. E de todos esses grandes programas, menos de 10% dos recursos foram executados. A gente tem um monte de obra parada no meio do caminho”, afirma.

O Ministério das Cidades disse, em nota, que a execução das obras é realizada pelos entes federados, por isso a atuação da pasta é limitada. A nota diz ainda que o ministério monitora as obras paralisadas e sempre busca, por meio de ação conjunta com as instituições financeiras, governos estaduais e municipais, soluções para retomada dessas obras.

“Uma importante ação do Ministério das Cidades que objetiva diminuir o número de obras paralisadas é a exigência da entrega dos projetos técnicos antes da seleção de novos empreendimentos. Com isso, os entes precisam cumprir as etapas necessárias para a concepção do empreendimento e planejamento, que permitem a construção e consequente operação”, informou o ministério.

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