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Brasil conhece oponentes no Mundial de Flag Football, possível esporte olímpico em 2028

Depois de meses de luta para viabilizar financeiramente a participação no torneio, está chegando a hora de entrar em campo e competir. A IFAF (Federação

Brasil conhece oponentes no Mundial de Flag Football, possível esporte olímpico em 2028
Brasil conhece oponentes no Mundial de Flag Football, possível esporte olímpico em 2028

Redação Publicado em 28/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 18h23


Variação do futebol americano tradicional conta com apoio da NFL para integrar os Jogos de Los Angeles

Depois de meses de luta para viabilizar financeiramente a participação no torneio, está chegando a hora de entrar em campo e competir. A IFAF (Federação Internacional de Futebol Americano) anunciou nesta quarta-feira os grupos do Mundial de Flag Football, esporte que é uma variação sem contato do futebol americano tradicional e que conta com o apoio da NFL para integrar o programa das Olimpíadas de Los Angeles em 2028.

seleção masculina, estreante na competição, estará no grupo C, junto com Dinamarca, Itália, Espanha, Japão e Suíça. Já a feminina, que vai para a sua 5ª participação, fará parte da chave D, ao lado de México, Israel, Dinamarca, Japão e Eslovênia.

Seleções participaram de um training camp em outubro — Foto: Marcos M. Carmona/CBFA

Seleções participaram de um training camp em outubro — Foto: Marcos M. Carmona/CBFA

Por se tratar de um esporte amador no Brasil, o principal obstáculo para a presença das nossas seleções foi a parte financeira. Entre passagens, hospedagem e outros custos, cada atleta vai desembolsar cerca de R$ 10 mil do próprio bolso, com alguns tentando abater o valor com rifas e financiamentos coletivos. A CBFA arcou com parte das taxas do torneio.

– É o sonho de representar o meu país em uma competição internacional, em um Mundial. Alinhar com outros 14 caras de lugares e sotaques completamente diferentes e ouvir o hino nacional brasileiro com a bandeira do brasil esticada. Isso definitivamente não tem preço – disse Nicolas Quadro, atleta da seleção masculina e do Floripa Ghosts.

Nicolas Quadro defende o Floripa Ghosts e foi convocado para a seleção brasileira — Foto: Marcos M. Carmona/CBFA

Nicolas Quadro defende o Floripa Ghosts e foi convocado para a seleção brasileira — Foto: Marcos M. Carmona/CBFA

O que é o Flag Football?

O Flag Football foi criado como uma alternativa sem contato físico do futebol americano tradicional. Ao invés de derrubar o oponente, no Flag a jogada para quando o defensor retira uma das fitas presas no cinto do jogador com a bola. Isso torna o esporte mais acessível do que a versão tradicional, já que dispensa a necessidade dos caros equipamentos e, obviamente, é mais seguro de se praticar.

Existem algumas variações do Flag Football, mas a mais popular e que será disputada no Mundial é a 5×5. As diferenças em relação ao futebol americano tradicional, além da ausência de contato, são:

  • Cada equipe tem cinco jogadores em campo, ao invés dos 11 da versão original.
  • O campo é menor, com 70 jardas (64 metros) de comprimento por 25 jardas (23 metros) de largura, incluindo as endzones.
  • A partida tem dois tempos de 20 minutos, com 25 segundos para dar início a cada jogada e o relógio só para quando há troca de posse de bola ou nos dois minutos finais quando uma das equipes conquista primeira descida. Cada time tem direito a dois timeouts por tempo.
  • Todos os jogadores em campo são elegíveis para receber passe, não há linha ofensiva.
  • Não há field goal ou punt.
  • As campanhas sempre começam na linha de 5 jardas do campo de defesa, com exceção em interceptações.
  • O primeiro jogador a receber o snap não pode avançar com a bola.

– Flag Football é muito integral ao crescimento do esporte ao redor do mundo. É mais barato por não precisar dos equipamentos, você começa uma liga com menos jogadores, você não precisa de campos específicos com traves específicas. Os custos para começar, o número de jogadores jogadores e os requerimentos de campo o tornam uma opção muito melhor que o futebol americano com tackle para crescimento, não esquecendo o fato de que não ter contato o torna mais seguro – disse Richard MacLean, presidente da federação internacional de futebol americano, ao ge.

Pode virar esporte olímpico?

Com as Olimpíadas retornando aos Estados Unidos em 2028, ganhou força o movimento para ter o futebol americano, esporte mais popular do país, integrando o programa olímpico. Como seria muito difícil inclui-lo por diversas questões, como tamanho de cada time (mais de 50 atletas) e dificuldade para encaixar uma competição inteira em duas semanas, o Flag Football surgiu como melhor opção.

Segundo matéria da “Reuters” em abril, a NFL ofereceu apoio à Federação Internacional de Futebol Americano para ajudar a incluir o Flag no programa dos Jogos de Los Angeles em 2028. O esporte já integrará o programa do World Games de 2022, evento esportivo internacional que engloba modalidades que não fazem parte das Olimpíadas, e os Jogos Mundiais Universitários de 2024.

Seleção brasileira feminina de Flag Football vai para sua 5ª edição do Mundial — Foto: Marcos M. Carmona/CBFA

Seleção brasileira feminina de Flag Football vai para sua 5ª edição do Mundial — Foto: Marcos M. Carmona/CBFA

O Flag Football, por contar com elencos menores e com a possibilidade de disputar mais jogos em um período mais curto, se encaixaria melhor nas Olimpíadas. Além disso, há um equilíbrio maior de forças do que na versão tradicional. Entre os homens os EUA venceram quatro de nove edições, enquanto no feminino o país só conquistou o título uma vez.

A IFAF luta para ser reconhecida integralmente pelo Comitê Olímpico Internacional, já que atualmente conta com reconhecimento provisório. Isso pode acontecer ainda em 2021 e seria um passo importante para integrar o programa das Olimpíadas de 2028, enquanto a Federação já mantém diálogo com o comitê organizador do evento.

Flag Football no Brasil

Assim como o futebol americano, o Flag Football é um esporte praticado no Brasil há pouco tempo. O crescimento da modalidade tradicional puxou junto o Flag, que se faz atrativo pelos motivos citados anteriormente, como custo menor e ausência de contato físico, que o torna mais seguro.

– Com o crescimento do futebol americano no Brasil, o Flag subiu junto, principalmente porque é um esporte mais fácil, mais acessível e mais barato de se praticar, considerando obviamente a nossa realidade financeira. Os equipamentos do futebol americano são muito caros, e além disso, no flag é mais fácil você introduzir a garotada de 14, 15, 16 anos. Temos muito ainda pra evoluir, mas estamos no caminho certo – disse Nicolas Quadro.

Seleção feminina de Flag Football — Foto: Marcos M. Carmona/CBFA

Seleção feminina de Flag Football — Foto: Marcos M. Carmona/CBFA

Se a seleção masculina estreará no Mundial esse ano, a feminina já é uma figurinha carimbada na competição. O Brasil participou das últimas quatro edições, mostrando clara evolução: 12º lugar em 2012, 10º em 2014, 6º em 2016 e 6º novamente em 2018, com direito a MVP defensiva do torneio para Pamela Peres.

– Quando começamos o futebol americano feminino e Flag aqui no Brasil, em meados de 2007, um pouco depois surgiu um convite em 2011 para a gente participar da modalidade Flag Football 5×5 no Mundial de 2012. Nós não conhecíamos essa modalidade, jogávamos o 8×8, e quando conhecemos logo de cara nos apaixonamos e percebemos que mesmo com a mesma dinâmica de estratégia, super inteligente, tem muitas diferenças e são modalidades totalmente diferentes. Nos apaixonamos por ela, além de pensar muito que desde 2012 eles já falavam que seria uma possível modalidade olímpica – disse Victoria Guglielmo, treinadora da seleção brasileira feminina e que participou de quatro edições do mundial, três como jogadora e uma como coordenadora defensiva.

O Mundial de Israel

O Mundial de Flag Football acontece de dois em dois anos desde 2002, sempre com versão masculina e feminina na mesma sede. Em 2020 a competição seria realizada na Dinamarca, mas a pandemia obrigou o seu cancelamento. O torneio passou então para 2021 e acontecerá em Israel entre os dias 6 e 8 de dezembro.

No feminino serão três grupos de cinco seleções e um de seis, um total de 21 países. As equipes enfrentam todas da mesma chave e as duas primeiras colocadas de cada se classificam para o mata-mata, começando nas quartas de final.

  • Grupo A: Estados Unidos, Espanha, França, Time Neutro*, Finlândia
  • Grupo B: Panamá, Belarus, Itália, República Tcheca e Chile
  • Grupo C: Canadá, Áustria, Alemanha, Suécia e Suíça
  • Grupo D: México, Israel, Dinamarca, Japão, Brasil e Eslovênia

No masculino o formato de disputa é o mesmo. A única diferença fica pelo número de participantes, que serão 24 seleções divididas em quatro grupos de seis. São eles:

  • Grupo A: Estados Unidos, Canadá, França, Suécia, Chile e Eslovênia
  • Grupo B: Áustria, Panamá, Coreia do Sul, Time Neutro*, Belarus e Índia
  • Grupo C: Dinamarca, Itália, Espanha, Japão, Suíça e Brasil
  • Grupo D: México, Israel, Alemanha, Finlândia, Tailândia e Eslováquia

*- Time Neutro trata-se da seleção russa, que ainda não pode competir usando cores e nomes do país devido à suspensão pelo escândalo de doping, o mesmo que fez a sua delegação competir como Comitê Olímpico Russo nas Olimpíadas.

Entre as mulheres, as grandes forças no esporte são os Estados Unidos, Panamá e México. Num nível abaixo aparecem Áustria, Canadá e o próprio Brasil, que foi 6º colocado nas últimas duas edições do Mundial.

As seleções brasileiras de flag participaram de um training camp em São Paulo no início de outubro — Foto: Marcos M. Carmona/CBFA

As seleções brasileiras de flag participaram de um training camp em São Paulo no início de outubro — Foto: Marcos M. Carmona/CBFA

Já no torneio masculino os Estados Unidos, campeões das últimas três edições e com quatro títulos no geral, desponta como grande favorito. Dinamarca, atual campeão europeia, e Itália, derrotada pela seleção dinamarquesa, também são fortes, além da Áustria e dos donos da casa, Israel.

Calendário (horário de Brasília):

Masculino

  • 6/12 – 9h30: Brasil x Espanha
  • 6/12 – 12h: Brasil x Japão
  • 6/12 – 16h30: Brasil x Suíça
  • 7/12 – 8h15: Brasil x Dinamarca
  • 7/12 – 10h45: Brasil x Itália

Feminino

  • 6/12 – 8h15: Brasil x Eslovênia
  • 6/12 – 10h45: Brasil x México
  • 6/12 – 13h15: Brasil x Dinamarca
  • 7/12 – 2h: Brasil x Japão
  • 7/12 – 4h30: Brasil x Israel

Convocação da seleção masculina

  • Adan Rodriguez (recebedor) – Coritiba Crocodiles
  • Alexandre “Menorito” Coimbra (defensor) – Flag Kings
  • Bruno de Souza (defensor) – Bulls Potiguares
  • Felipe “Feijão” Alves Leite (defensor) – Campo Grande Predadores
  • Fernando Takai (quarterback) – São Paulo Buzz
  • Guilherme Belliero (defensor) – São Paulo Buzz
  • Gustavo Baioni (recebedor) – Campo Grande Predadores
  • João Felipe Couto (blitzer) – São Paulo Buzz
  • Leonardo Hirai (defensor) – Sorocaba Braves
  • Leonardo “Mclovin” Rodrigues (snapper e recebedor) – São Paulo Buzz
  • Lucca Germano (recebedor e quarterback) – São Paulo Buzz
  • Marcos Vinicius “Seya” (recebedor) – São Paulo Buzz
  • Nicolas Quadro (snapper e recebedor) – Floripa Ghosts
  • Rafael Polidoro (defensor e blitzer)- São Paulo Buzz
  • Renato Mumford (recebedor) – Bulls Potiguares

Convocação da seleção feminina

  • Alessandra Rodrigues de Souza (Quarterback) – Spartans
  • Amanda Boabaid (Defensora) – Brasília Selvagens
  • Ariane Aparecida Lozada (Recebedora e blitzer) – São Paulo Storm
  • Carolina de Lima (Defensora) – Cobrarés
  • Ester Biss de Alencar (Recebedora, Passadora e Blitzer) – Antares
  • Karoline Furoni de Abreu Souza (Defensora) – Caipiras
  • Karolyne Priscyla dos Santos (Quarterback) – Brasília Selvagens
  • Kely Araújo Silva das Dores (Defensora) – Antares
  • Lara Ferraz Torelli (Recebedora e Center) – Piedade Hainus
  • Lara Rodrigues Nesralla (Recebedora e Blitzer) – Brasília Selvagens
  • Luíza Calaça Martins (Center, Recebedora e Blitzer) – Antares
  • Mariana Martins (Defensora) – Antares
  • Taísa Alencar (Recebedora e Blitzer) – Cobrarés
  • Pamela Peres (Defensora) – Brasília Selvagens
  • Pamella Pereira (Defensora) – Phoenix

O Mundial de Flag Football dará oito vagas para a disputa do World Games, que acontecerão ano que vem nos Estados Unidos entre os dias 7 e 17 de julho na cidade de Birmingham, no estado do Alabama. E estar lá é o objetivo da seleção brasileira, tanto da feminina quanto da masculina.

– Ficar entre as 8 melhores equipes (é o objetivo). Os oito melhores se classificam para o World Games do ano que vem, nos Estados Unidos. E o World Games é uma competição preparatória pras olimpíadas. Toda modalidade que entrou nos Jogos Olímpicos passou pelo World Games. E esse é o sonho e o desejo de todo mundo que joga flag. Que muito em breve essa possa ser uma modalidade olímpica, e que o Brasil possa estar lá pra participar. O nível é muito alto e a meta é complicada, ainda mais pra uma seleção masculina que nunca participou, mas a gente sabe que é possível e a gente tá 200% focado nesse objetivo – disse Nicolas.

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Globo Esporte

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