O Corpo de Bombeiros encontrou na manhã desta terça-feira (8) um segundo corpo nos escombros do prédio no Largo do Paissandu, no Centro de São Paulo. Segundo
Redação Publicado em 08/05/2018, às 00h00 - Atualizado às 07h58
O Corpo de Bombeiros encontrou na manhã desta terça-feira (8) um segundo corpo nos escombros do prédio no Largo do Paissandu, no Centro de São Paulo. Segundo informações iniciais, o corpo é de pequeno porte, pode ser de uma criança e não há indícios de que seja de Ricardo, primeira vítima encontrada.
“Agora às 6h30, em uma escavação manual, foi localizada o corpo de uma vítima de pequeno porte, podendo ser de uma criança. As equipes estão intensificando as buscas no local, porque há indícios de que outras vítimas possam ser encontradas na mesma região”, disse o capitão Palumbo, porta-voz dos Bombeiros.
Duas crianças eram procuradas na tragédia, os gêmeos Welder e Wender, de 9 anos, filhos de Selma, também considerada desaparecida.
O corpo tem sinais de carbonização, segundo Palumbo. “O Corpo de Bombeiros agora vai focar naquela área para que a gente possa saber se há outras vítimas ali”, completou.
“Começamos ontem à noite. A própria cadela Sara passou pelo local e ela esboçou grandes indícios, mas o que foi determinante foi a remoção dos escombros de forma selecionada. “
De acordo com o tenente Guilherme Derrite, houve vazamento de gás natural e a Congás foi acionada. “No local, estritamente, apenas buscas manuais. O trabalho agora passa a ser feito com muito mais cuidado, um trabalho muito cirúrgico para preservar as partes dessas vítimas e que possa haver exame de confronto para identificar essas vítimas.”
Às 6h50, os bombeiros estenderam uma lona azul durante as buscas aos escombros, próximo à Igreja.
Segundo Derrite, “o IML vai analisar os restos mortais para fazer exames comparativos com material genético de parentes dos desaparecidos. Somente após isso é que terão a confirmação de quem é a vítima”.
Também na manhã desta terça-feira, os Bombeiros incluíram mais um homem, de 56 anos, na lista oficial de desaparecidos. Francisco Dantas vivia há um mês no oitavo andar do prédio.
A ex-mulher de Francisco Lima procurou a polícia para informar sobre o seu desaparecimento. “Eu falava com ele todos os dias. O dia que eu não falei foi na terça. Ai eu liguei pra ele e ele não atendeu mais.”
Veja o que se sabe da tragédia até agora e o que precisa ser explicado:
O edifício Wilton Paes de Almeida pertencia ao governo federal desde 2002. A Secretaria do Patrimônio da União (SPU) é o órgão responsável por gerir os imóveis de propriedade federal, subordinado ao Ministério do Planejamento.
Projetado em 1961 pelo arquiteto Roger Zmekhol, era considerado um dos prédios comerciais mais luxuosos da época. Foi construído para ser sede da Cia. Comercial Vidros do Brasil (CVB). De estrutura metálica e lajes em concreto, tinha 24 andares e ficava na região do Largo do Paissandu. Foi um dos primeiros da cidade a adotar o estilo “pano de vidro”, que se difundiu nas décadas seguintes em prédios comerciais.
Após passar para as mãos do Estado, em razão de dívidas dos proprietários, foi sede da Polícia Federal e do INSS.
Em 1992, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) havia tombado o prédio.
O edifício foi colocado para leilão em 2015, por R$ 24 milhões, mas ninguém o adquiriu. Em 2017, o imóvel foi cedido para a Prefeitura de São Paulo para a instalação da Secretaria da Educação e Cultura da cidade, segundo o Ministério do Planejamento. No entanto, o processo de transferência não havia sido finalizado.
O edifício ficou totalmente vazio a partir de 2003, quando a Polícia Federal se transferiu para a atual sede, na Lapa, Zona Oeste, e sofreu diferentes ciclos de ocupação irregular desde então.
A Prefeitura de São Paulo informou que foram cadastradas 248 pessoas, de 92 famílias, no local. Imagens mostram que, ao menos entre 2015 e 2017, havia ali uma faixa do Movimento Social de Luta por Moradia (MSLM).
O Ministério Público (MP) confirmou que o grupo, de fato, ocupava o edifício. Após o desabamento, porém, integrantes do movimento e moradores divergem sobre quem exercia a liderança e como o imóvel era gerido.
Sim, mas houve uma sucessão de transferência de responsabilidades. Segundo um relatório da Prefeitura, obtido com exclusividade pela TV Globo e finalizado pela Secretaria Municipal de Licenciamento em 26 de janeiro de 2017, o prédio não tinha condições mínimas de segurança contra incêndio.
Veja o que o documento indicou:
Em 13 de novembro de 2017, o Ministério Público Federal havia recomendado à Superintendência do Patrimônio da União em São Paulo (SPU) que providenciasse uma reforma estrutural emergencial no prédio, preservando suas características arquitetônicas, e que fossem instalados equipamentos de segurança e proteção contra incêndio.
Em resposta, no dia 21 de novembro de 2017, o superintendente da União, Robson Tuma, afirmou que “priorizou a destinação do imóvel ao ente municipal (Prefeitura), que manifestou interesse em nele instalar equipamentos voltados às atividades culturais”.
A SPU também afirmava que a Prefeitura poderia providenciar a desocupação do imóvel e que comunicaria as recomendações do MPF à administração municipal, solicitando providências para a desocupação do imóvel e da apresentação de um projeto.
Na última quarta-feira, o Ministério Público Federal instaurou um inquérito para apurar a responsabilidade pelo incêndio e desabamento do edifício.
Agora, a dúvida é quem deveria ter dado um destino ao prédio. O governo federal, que é o dono do imóvel, e a Prefeitura da capital, que cadastrou os moradores num programa de moradia, tentavam chegar a um acordo sobre isso.
A (Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) afirmou que havia feito uma avaliação do imóvel em 2003, quando recebeu uma proposta da União para assumir o edifício, que constatou problemas na estrutura.
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