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Biles explica desconexão entre corpo e mente, mostra vídeo, e futuro nos Jogos segue indefinido

Simone Biles usou suas redes sociais para se defender de acusações de que teria abandonado a equipe americana na ginástica artística nas Olimpíadas de Tóquio

BILES
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Redação Publicado em 30/07/2021, às 00h00 - Atualizado às 07h52


Ginasta chama de “twisties” os descompassos entre corpo e mente, relata perigos de quedas numa competição como as Olimpíadas, e a participação nas finais individuais são ainda mais incertas

Simone Biles usou suas redes sociais para se defender de acusações de que teria abandonado a equipe americana na ginástica artística nas Olimpíadas de Tóquio 2020. Ela optou por não competir nas finais por equipes e no individual geral, e pode não ser vista nas finais individuais dos quatro aparelhos, para as quais está classificada. Sua presença ainda é uma incógnita para as provas a partir de domingo.

Por meio das redes sociais, ela revelou que o corpo e a mente não estão em sintonia, o que chamou de “twisties”, e demonstrou com imagens de treinos postados. Logo depois, no entanto, ela apagou os vídeos. Neles, Biles tenta acrobacias e cai. Num deles, ela deve dar um giro duplo, mas dá meio giro antes de cair de costas repentinamente. No segundo, ela dá uma volta e meia.

Em ambos os vídeos, Biles cai em blocos de espuma. Na competição, entretanto, ela correria o risco de uma queda numa superfície dura. Apesar de apagar os vídeos, ela respondeu perguntas de alguns seguidores.

– Não acho que você perceba o quão perigoso isso é numa superfície dura/de competição. Às vezes eu nem consigo entender como girar. Realmente não consigo compreender como girar.

Para Simone Biles, o risco físico é grande. Ela tenta as execuções com as maiores habilidades entre as melhores ginastas do mundo, incluindo alguns homens, e estar desligada numa execução numa Olimpíada pode ser bastante perigoso. Ela disse ter sentido isso após chegar ao Japão, e que voltou sentiu isso com mais intensidade pouco antes da primeira competição.

– É a sensação mais louca de todas. Não ter um centímetro de controle sobre seu corpo. O que é ainda mais assustador é que, como não tenho ideia de onde estou no ar, também não tenho ideia de como vou pousar ou onde vou pousar. cabeça/mãos/pés/costas – disse Simone, que também admitiu que tem tido dificuldades na execução de todos os quatro aparelhos.

– É, honestamente, petrificante tentar alguma habilidade mas não ter sua mente e corpo em sincronia. 10/10, não recomendo (…). Desta vez é literalmente em todos os aparelhos, o que é uma merda…muito ruim.

Quando Biles teve “twisties” no passado, disse que levou “duas ou mais semanas” para se recuperar. Para superá-los, ela teve que voltar ao básico e fazer habilidades em superfícies macias para recuperar sua confiança e consciência no ar.

Simone Biles erra salto nas Olimpíadas e deixa prova por equipes — Foto: Tim Clayton/Corbis via Getty Images

Simone Biles erra salto nas Olimpíadas e deixa prova por equipes — Foto: Tim Clayton/Corbis via Getty Images

Outras ginastas confirmam “twisties”

Desde que passou a expor seus problemas nas Olimpíadas de Tóquio, Simone Biles tem ganhado apoio de muitas companheiras de profissão, que também relataram terem os mesmos “twisties”. Eles alegam que não é simplesmente uma questão de se mostrar incapaz de mostrar alguma habilidade, mas que isso pode colocar uma ginasta em perigo fisicamente.

A ex-ginasta Jacoby Miles, por exemplo, relatou num post no Instagram que ela só teve os “twisties” uma vez, mas agora está paralisada depois de quebrar o pescoço.

Aleah Finnegan, ginasta americana de 18 anos, disse nas redes sociais que sofre do mesmo mal desde os 11 anos.

– Não consigo imaginar o medo de que isso aconteça com você durante uma competição. (…) Você não tem absolutamente nenhum controle sobre seu corpo e o que ele faz. E quanto mais você se preocupa com isso, pior fica.

A ginasta britânica Claudia Fragapane, 23 anos, sofreu o mesmo durante uma bateria de treinos em março. Um bloqueio mental durante um salto mortal levou a um descontrole que a fez aterrissar sobre a cabeça e o pescoço. A concussão resultou numa paralisia temporária e pôs fim ao sonho olímpico em Tóquio.

– É realmente perigoso duvidar, pouco que seja, de si mesma. Você pode acabar se machucando de verdade – disse Fragapane à BBC.

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Fontes: Ge – Globo Esporte.

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