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Bebê de 4 meses morre no 1º dia de aula em creche particular

Uma bebê de 4 meses morreu no primeiro dia de aula em uma creche particular de Campinas (SP). A menina passava pelo período de adaptação que duraria duas

Bebê de 4 meses morre no 1º dia de aula em creche particular
Bebê de 4 meses morre no 1º dia de aula em creche particular

Redação Publicado em 09/08/2017, às 00h00 - Atualizado às 16h43


Menina começava o período de adaptação na Escola Casinha do Saber. Creche não tem alvará da Prefeitura.

Bebê de 4 meses morreu em creche particular de Campinas

Bebê de 4 meses morreu em creche particular de Campinas

Uma bebê de 4 meses morreu no primeiro dia de aula em uma creche particular de Campinas (SP). A menina passava pelo período de adaptação que duraria duas horas, nesta terça-feira (8). A família registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil nesta quarta (9), que solicitou laudo do IML para verificar a causa da morte.

O boletim foi registrado como “morte suspeita” e o caso será encaminhado para o 1º Distrito Policial de Campinas. De acordo com a Prefeitura, a escola não possui alvará de funcionamento.

“Não tinham carro, não tinham nada. A impressão que eu tenho é que quem estava ali não tinha a menor noção do que estava fazendo. Em menos de uma hora deixaram a criança morrer”, conta Devair Marques Maciel, tio da bebê.

A direção da Escola Casinha do Saber disse ao G1 que nunca ocorreu um caso como este na creche e que a unidade está fechada nesta quarta. Somente poucos alunos foram recebidos porque os pais não tinham com quem deixar, informou a direção.

A advogada da escola, Juliana Beatriz de Souza Pereira, disse ao G1 que vai aguardar o laudo para se posicionar a respeito do que aconteceu. Ela informou que não fez contato com a família ainda, mas que a escola está à disposição dos familiares e da polícia para esclarecimentos. Juliana confirmou que as funcionárias fizeram os procedimentos para tentar reanimar a bebê.

Escola Casinha do Saber, no Centro de Campinas (Foto: Felipe Boldrini / EPTV)

Escola Casinha do Saber, no Centro de Campinas (Foto: Felipe Boldrini / EPTV)

‘Sono profundo’

Segundo o tio da bebê, o técnico de enfermagem Devair Maciel, a mãe deixou a filha, Emanuelle Calheiros Maciel, às 13h na creche para o primeiro dia. A escola fica no Centro da cidade. O combinado é que a mãe voltaria às 15h para buscá-la. Às 14h, a escola enviou uma mensagem para a mãe informando que ela passava bem.

“Tia está fazendo ela dormir. Está bem, mamãe”, diz a mensagem enviada para o telefone celular da mãe, acompanhada de uma foto. Na imagem, uma das funcionárias segura a criança no espaço onde ficam os berços da creche.

Quando a mãe, que trabalha próximo à escola, retornou para buscar a bebê às 15h, a criança já estava roxa, segundo Devair.

“Disseram pra ela: ‘Mãe, ela está dormindo num sono muito profundo. É assim mesmo?’ A mãe correu pra ver e a criança estava roxa. O corpo estava quente ainda. Ficaram mais ou menos 10 minutos depois disso e não conseguriam fazer nada. Ficaram perdidos balançando a criança”, conta o tio.

Foto enviada pela escola mostra funcionária da creche em Campinas colocando bebê para dormir (Foto: Devair Maciel / Arquivo pessoal)

Foto enviada pela escola mostra funcionária da creche em Campinas colocando bebê para dormir (Foto: Devair Maciel / Arquivo pessoal)

A pé para o hospital

Segundo ele, a escola não conseguiu chamar uma ambulância e a mãe e a bebê, acompanhadas de uma funcionária da escola, foram a pé para o hospital mais próximos, Casa de Saúde, que fica a duas quadras da creche.

“Chegou no hospital, os médicos tentaram de tudo, mas já estava em óbito. […] A escola não fez nada, não ajudou em nada, não se colocou à disposição pra nada. Só pediram pra gente: ‘me preocupo em sujar o nome da escola'” conta Devair.

Devair disse, ainda, que a escola só informou à mãe que a menina não tinha mamado mamadeira. A bebê deveria usar, segundo o tio, um travesseiro antirrefluxo, que não estava no berço quando a mãe chegou.

“A menina não tinha problemas de saúde. Eu sou da [área de] saúde e comprei pra ela o travesseiro antirrefluxo. A mãe levou e entregou na mão deles e não colocaram. O dono da escola não soube dizer por quê”, diz Devair.

Foto enviada pela escola para a mãe da bebê no dia em que a menina morreu, em Campinas (Foto: Devair Maciel / Arquivo pessoal)

Foto enviada pela escola para a mãe da bebê no dia em que a menina morreu, em Campinas (Foto: Devair Maciel / Arquivo pessoal)

O corpo da bebê passou por autópsia na manhã desta quarta no Instituto Médico Legal (IML) de Campinas. Segundo a família, o corpo deverá ser liberado à tarde e o sepultamento acontece nesta quinta-feira (10) no Cemitério Municipal João Rodrigues, em Paulínia.

Emanuelle a única filha por parte da mãe e o pai estava em viagem a trabalho no Rio Grande do Sul quando tudo ocorreu.

“Não queremos dinheiro. Quero chamar a atenção porque o que está matando as pessoas é a incompetência. A escola foi negligente, não estava preparada, não tinha aquilo que ofereceu, que era a segurança. A mãe está inconsolável”, completa o tio.

Foto enviada pela escola à mãe da bebê; criança morreu em creche de Campinas (Foto: Devair Maciel / Arquivo pessoal)

Foto enviada pela escola à mãe da bebê; criança morreu em creche de Campinas (Foto: Devair Maciel / Arquivo pessoal)

Sem alvará

A Prefeitura de Campinas, por meio da Secretaria de Urbanismo, informou, por nota, que a Escola Casinha do Saber não possui alvará para funcionar.

“A Pasta vai encaminhar um fiscal ainda hoje (quarta-feira, 9 de agosto) para averiguar a situação e tomar as medidas necessárias”, diz a nota.

A advogada da Escola Cantinho do Saber ainda não se posicionou sobre a falta de alvará na instituição.

A administração municipal ressalta que toda escola infantil particular precisa ter: Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiro (AVCB), Alvará de Uso expedido pela Secretaria de Urbanismo e Firma Aberta.

“A partir disso, o responsável pela unidade entra com o pedido de autorização e credenciamento junto a Secretaria de Educação. São solicitados o projeto pedagógico da escola, regimento interno e ainda há uma vistoria de engenheiros, da própria Educação, para vistoriar as instalações da unidade escolar. Após este trâmite, o estabelecimento recebe autorização de credenciamento e funcionamento”, informa a Prefeitura.

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