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Barbeira fala sobre desafios da carreira: ‘Disseram que lugar de mulher era na cozinha’

Uma jovem de São José do Rio Preto (SP) decidiu "invadir" o universo masculino e transformou navalhas, cremes de barbear e toalhas quentes em seus

Barbeira fala sobre desafios da carreira: ‘Disseram que lugar de mulher era na cozinha’
Barbeira fala sobre desafios da carreira: ‘Disseram que lugar de mulher era na cozinha’

Redação Publicado em 08/03/2018, às 00h00 - Atualizado às 13h03


Uma jovem de São José do Rio Preto (SP) decidiu “invadir” o universo masculino e transformou navalhas, cremes de barbear e toalhas quentes em seus instrumentos de trabalho.

Stefany Faschi da Cruz, de 18 anos, lembra que o início da carreira como barbeira foi complicado. Ela começou a atender a clientela em casa e entregou currículos de porta em porta em busca do primeiro emprego. Mas a jovem não esperava que pudesse sofrer preconceito em uma barbearia da cidade.

“Logo no começo, quando eu estava entregando os currículos, entrei em uma barbearia e o rapaz me disse que lugar de mulher não era lá, era em casa, na cozinha. Fiquei muito chateada, mexeu bastante comigo. Eu não pensei em desistir”, lembra.

Durante quatro meses a jovem se dividiu entre o atendimento improvisado em casa e a procura de um emprego. A história mudou quando ela encontrou uma vaga na barbearia do empresário Carlos Demarchi.

Jovem passou a dominar o universo das navalhas, tesouras e barbeadores aos 16 anos (Foto: Marcos Lavezo/G1)

Jovem passou a dominar o universo das navalhas, tesouras e barbeadores aos 16 anos (Foto: Marcos Lavezo/G1)

“Em um teste que fizemos com ela percebemos que, além de executar bem o trabalho, a Stefany foi caprichosa no passo a passo do barbear. Aí não tivemos dúvida na contratação”, afirma o empresário que apostou na jovem promessa.

Paixão por navalhas

Paixão por navalhas começou aos 16 anos, quando Stefany acompanhou seu tio em um curso de barbearia (Foto: Marcos Lavezo/G1)

Paixão por navalhas começou aos 16 anos, quando Stefany acompanhou seu tio em um curso de barbearia (Foto: Marcos Lavezo/G1)

A habilidade com as navalhas e tesouras surgiu ainda na adolescência, quando ela cortava o cabelo do avô. Mas ela só se apaixonou pela profissão quando foi visitar um tio que fazia curso de barbeiro.

“Quando tinha 16 anos, visitei um tio que fazia o curso. Voltei a Rio Preto com a ideia na cabeça e decidi fazer [o curso] também. No começo minha família até achou estranho, mas eles perceberam que eu gostava da profissão e me apoiaram. Quando as aulas começaram eu percebi que era aquilo que eu queria pra mim. Me apaixonei pela profissão e não pretendo fazer outra coisa na vida”, diz.

Para a clientela da jovem, há diferença ao receber os cuidados das mãos delicadas de uma barbeira. “Existe diferença, sim, entre ser barbeado por um homem e uma mulher. A gente percebe uma delicadeza e o toque é mais sutil”, diz o vendedor Pedro Vinícius da Silva.

“Os clientes a respeitam e reconhecem o trabalho dela. Isso é mérito dela, que tem se dedicado e buscado sempre se aperfeiçoar e conquistar seu espaço”, diz o dono da barbearia.

Ela deixa a polêmica de lado e diz que o que conta para a satisfação do cliente é fazer o trabalho com excelência, independente do gênero.

“Eu não consigo ver diferença entre ser um homem e uma mulher. A profissão é a mesma, mas a dedicação e paixão pelo trabalho são indispensáveis para tornar o resultado cada vez melhor.”

Jovem domina navalhas e é barbeira em Rio Preto (SP) (Foto: Marcos Lavezo/G1)

Jovem domina navalhas e é barbeira em Rio Preto (SP) (Foto: Marcos Lavezo/G1)

Clientes de afirmam que sutileza no toque é o diferencial ao ser atendida por uma barbeira (Foto: Marcos Lavezo/G1)

Clientes de afirmam que sutileza no toque é o diferencial ao ser atendida por uma barbeira (Foto: Marcos Lavezo/G1)

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