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Banco Central indica que pode interromper ciclo de cortes na Selic

O atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela na definição da taxa básica de juros, a Selic. Essa é a conclusão do Comitê de Política Monetária (Copom)

Banco Central indica que pode interromper ciclo de cortes na Selic
Banco Central indica que pode interromper ciclo de cortes na Selic

Redação Publicado em 11/02/2020, às 00h00 - Atualizado às 09h55


Ata do Comitê de Política Monetária foi divulgado em Brasília

O atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela na definição da taxa básica de juros, a Selic. Essa é a conclusão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que decidiu na semana passada reduzir a Selic em 0,25 ponto percentual para 4,25% ao ano.

O Copom afirmou que é “importante” observar os efeitos dos cortes já feitos na taxa Selic e indicou que pode interromper o ciclo de reduções. O atual ciclo de cortes teve início no fim de julho de 2019, com queda da taxa em 0,5 ponto percentual para 6% ao ano.

“Considerando os efeitos defasados do ciclo de afrouxamento [redução da Selic] iniciado em julho de 2019, o comitê vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária. O Comitê enfatiza que seus próximos passos continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação, com peso crescente para o ano-calendário de 2021”, destacou, na ata da última reunião, divulgada hoje (11).

Economia e mercado de trabalho

Na ata, o Copom diz que dados de atividade econômica divulgados até agora “indicam a continuidade do processo de recuperação gradual da economia brasileira”.

O comitê avalia ainda que há uma “dicotomia” entre a evolução do mercado de trabalho e o crescimento da produção de bens e serviços no país.

“Enquanto o mercado de trabalho segue em recuperação gradual, os dados recentes de produção industrial e os indicadores preliminares de investimento tiveram desempenho abaixo do esperado”, diz o Copom.

Por isso, “pode haver menos espaço de ociosidade [produção da economia menor do que sua capacidade] do que o mensurado por métodos tradicionais”.

Entretanto, ressaltaram alguns membros do Copom, a ociosidade dos fatores de produção ainda é bastante elevada, o que é indicado pela dinâmica dos núcleos de inflação (medida que busca captar a tendência dos preços, desconsiderando efeitos de choques temporários, como a alta recente dos preços da carne).

Carne

Na ata, o Copom avalia que os preços da carne subiram de forma mais intensa do que o esperado no fim de 2019, mas mostram reversão parcial neste início de ano.

Com isso, para o Copom, as projeções do mercado financeiro de curto prazo para a inflação foram “particularmente afetadas” pela alta do preço da carne. Já as estimativas para a inflação em todo o ano de 2020 estão abaixo da meta e para 2021, ao redor da meta.

A meta de inflação – definida pelo Conselho Monetário Nacional – é de 4% em 2020, e de 3,75% em 2021. O intervalo de tolerância para cada ano é 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, em 2020, por exemplo, o limite mínimo da meta de inflação é 2,5% e o máximo, 5,5%.

Para os preços administrados (regulados pelo governo, como gás e energia) há “condições benignas” devido aos reajustes menores nas tarifas de energia elétrica, informou o Copom.

Coronavírus

O prolongamento ou intensificação do surto de coronavírus pode levar a economia mundial a uma desaceleração adicional, com impacto sobre os preços de commodities (produtos primários com cotação internacional) e de “importantes” ativos financeiros (ações, câmbio e títulos, entre outros). A China é epicentro do surto de coronavírus que tem se espalhado pelo mundo. No Brasil, não há casos confirmados.

“O Copom concluiu que a consequência desses efeitos [do surto sobre a economia mundial] para a condução da política monetária [definição da taxa Selic] dependerá da magnitude relativa da desaceleração da economia global versus a reação dos ativos financeiros”, finalizou o Copom.

EBC

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