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Atirador que matou familiares em Campinas trabalhou como segurança, ficou preso e foi processado pelo pai; veja perfil

O homem que matou familiares na manhã desta segunda-feira (30), em uma chacina no distrito de Sousas, em Campinas (SP), já trabalhou como segurança, ficou

Atirador que matou familiares em Campinas trabalhou como segurança, ficou preso e foi processado pelo pai; veja perfil
Atirador que matou familiares em Campinas trabalhou como segurança, ficou preso e foi processado pelo pai; veja perfil

Redação Publicado em 31/10/2017, às 00h00 - Atualizado às 06h50


O homem que matou familiares na manhã desta segunda-feira (30), em uma chacina no distrito de Sousas, em Campinas (SP), já trabalhou como segurança, ficou nove dias preso por porte ilegal de arma e tinha um processo de despejo que o próprio pai moveu contra ele.

Antonio Ricardo Gallo assassinou a tiros o pai, uma irmã, um vizinho, o atual companheiro da ex-namorada, e depois se matou. A quinta vítima foi encontrada carbonizada na residência da família e a polícia trabalha com a hipótese de que o corpo seja da outra irmã do autor. Ele ainda feriu a ex-namorada.

Cinco foram mortos por atirador em Campinas

Cinco foram mortos por atirador em Campinas

De acordo com o Tribunal de Justiça (TJ-SP), Antonio Valentim Gallo entrou com um processo contra o filho em 2013 para que ele fosse despejado da residência onde ele morava, na Rua Ferrucio Beltramelli. A ação foi encerrada em 2014 e, no despacho, o juiz determinou que o pedido de despejo só deveria ser considerado se houvesse contrato de locação, o que não era o caso por se tratar do filho do requerente do processo.

“Sucedeu que houve desentendimentos entre as partes e que rendeu ensejo a vários Boletins de Ocorrência. Requereu o despejo para uso próprio. Pediu o beneficio da justiça gratuita. Foi deferido o beneficio da justiça gratuita ao requerente e designada esta audiência de conciliação. (…) O demandante reconheceu a inexistência de vinculo de locação, aliás constou da inicial que se trata de caso de “cessão”. Como é sabido, o despejo é ação apropriada para a rescisão da locação. Como no caso não houve locação, não é o caso de ação de despejo”, diz o texto do processo.

Após matar parte da família, Antonio foi para o bairro Padre Manoel da Nóbrega e atirou contra a ex, que está hospitalizada, e o companheiro dela – a quinta vítima -, que foi socorrido em estado gravíssimo com disparos na região da cabeça e acabou morrendo. A morte dele foi confirmada pelo Hospital Celso Pierro, da PUC-Campinas, às 13h10.

Depois dos disparos, o atirador saiu do local e chegou a ser perseguido pela Polícia Militar quando se matou com um tiro na cabeça, informou a corporação, em um dos acessos da Rodovia Anhanguera. No início da tarde desta segunda-feira, os corpos foram retirados da residência e levados para o Instituto Médico Legal (IML).

Corpos foram removidos e levados para o IML (Foto: Fernando Pacífico/G1)

Corpos foram removidos e levados para o IML (Foto: Fernando Pacífico/G1)

Introspectivo para familiares e vizinhos

A tia de Antonio Ricardo Gallo, Maria Cecília Meireles, afirmou que a outra irmã do atirador, que tem síndrome de down e foi poupada pelo homem, passa bem e foi levada para a casa de parentes junto com a criança que estava com ela.

A mulher afirmou que não tinha muito contato com o atirador, porque ele tinha uma personalidade quieta e introspectiva, mas acredita que o motivo da vingança de Gallo com o pai e as irmãs era mesmo uma briga pela casa da família, que teria motivado o processo de Antônio Valentim Gallo contra o filho. Ela confirmou que ele trabalhou durante um período como segurança em uma agência bancária. “O que ele fez foi uma barbaridade, estou chocada até agora”, contou Maria Cecília.

Uma prima das vítimas ficou abalada e disse que tinha mais contato com as irmãs e não conversava muito com o atirador. Segundo ela, o homem não morava mais na casa, mas ninguém sabia exatamente onde era a residência de Antonio.

Já a vizinha Kelly Aparecida afirmou que o pai do atirador era coletor de recicláveis e querido por todos no bairro. “Nunca se imagina uma coisa dessas, está todo muito muito perplexo com o que aconteceu”, disse.

Ex-namorada e o companheiro foram baleados em frente ao condomínio onde a jovem mora (Foto: Fernando Pacífico/G1)

Ex-namorada e o companheiro foram baleados em frente ao condomínio onde a jovem mora (Foto: Fernando Pacífico/G1)

Roteiro e frieza

De acordo com uma funcionária do condomínio onde a ex-namorada de Antonio Ricardo Gallo mora, o autor do crime tentou, por três vezes, fazer a moça descer do apartamento. Ela relata que desconfiou do comportamento do rapaz e tentou despistá-lo, dizendo que a jovem de 25 anos não passava bem. Na primeira tentativa, às 7h02, depois de ter matado o pai e as irmãs, Gallo chegou a fornecer outro nome na portaria. Segundo ela, o segurança deu nome de um amigo da jovem, que pediu uma descrição física e desvendou a farsa.

Às 7h27, Gallo novamente tentou falar com a ex e pedir que ela descesse, mas saiu do condomínio afirmando que iria embora. Após isso, a jovem ligou para o namorado, que foi ao local. De acordo com a funcionária, por volta de 7h46, quando os dois estavam na rua, o atirador passou com o carro. Segundo o relato dela, o namorado quis segui-lo, mas a moça tentou impedi-lo. Assim que saíram com o carro, o homem retornou na contramão e atirou, baleando o rapaz. A ex-namorada do segurança correu para o prédio atrás de ajuda. Ao retornar, imaginava que o ex tivesse fugido, mas acabou baleada enquanto tentava socorrer o namorado.

Um vizinho que preferiu não se identificar explicou que ouviu os tiros e gritou para a jovem se esconder. Segundo ele, a moça dizia, chorando “Não faz isso comigo” ao socorrer o namorado. No local há várias marcas de tiro, um deles bem próximo do vidro da guarita do condomínio. “Foi Deus que me livrou”, disse a funcionária, que trabalha no condomínio há cinco anos e afirmou que desde então os dois não namoravam mais.

Polícia isolou a entrada da casa em Sousas para preservar o local das mortes em Campinas (Foto: Fernando Pacífico/G1)

Polícia isolou a entrada da casa em Sousas para preservar o local das mortes em Campinas (Foto: Fernando Pacífico/G1)

Vítimas

A série de mortes ocorreu antes das 6h30 desta segunda-feira. Segundo a EPTV, afiliada da TV Globo, apurou no local, o atirador chegou próximo da casa da família e matou a irmã Ana Cristina Gallo, de 29 anos, que seguia para o trabalho. Em seguida, atirou contra o pai, Antonio Valentim Gallo, de 60 anos, que estava na frente da casa. O vizinho, identificado como Elenilson Freitas do Nascimento, foi morto quando se aproximou para ver o que tinha acontecido.

Investigação

Dentro do carro, os policiais localizaram dois revólveres calibre 38, com numeração suprimida, 12 cartuchos deflagrados e 26 munições intactas. O suspeito também portava um cinto próprio para o acondicionamento das armas.

Ele já tinha passagens na delegacia e, segundo a EPTV, uma ordem judicial o impedia de se aproximar da família. A Polícia Civil investiga o que motivou os crimes. O caso foi registrado no 12º Distrito Policial como homicídio, tentativa de homicídio, feminicídio, suicídio e incêndio. Em maio deste ano, ele permaneceu nove dias preso após ter uma arma, também um revólver calibre 38, apreendido, de acordo com a investigação.

A Polícia Civil iniciou, durante a tarde desta segunda, os depoimentos de familiares e conhecidos das vítimas. Segundo os relatos que a investigação já coletou, a motivação do crime também indica, a princípio, para a briga familiar por conta da casa do pai de Antonio, onde ele morava com as filhas. A corporação vai pedir o exame toxicológico do autor dos disparos. Pelo menos cinco pessoas já foram ouvidas, informou a corporação.

Atirador se matou no próprio carro em via de Campinas (Foto: EPTV)

Atirador se matou no próprio carro em via de Campinas (Foto: EPTV)

Mortes

As mortes ocorreram próximo da Rua João Maria Batista, em Sousas. A polícia foi acionada após uma moradora do bairro ouvir os disparos.

A casa onde as vítimas estavam foi incendiada pelo atirador e, segundo a PM, não há outros feridos. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o fogo foi combatido rapidamente. Três viaturas foram deslocadas para a ocorrência, e o local do crime foi cercado para o trabalho da perícia.

Feridos

Segundo o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a ex-namorada do atirador foi atingida no abdômen e na cabeça. Ela foi levada para o Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp. O homem, de aproximadamente 28 anos, foi socorrido em estado grave com três ferimentos a bala na região da cabeça e encaminhado para o Hospital Celso Pierro, da PUC. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu no início da tarde. O HC informou que o estado de saúde da mulher é estável.

Munições apreendidas estavam dentro do carro do atirador, em Campinas (Foto: Felipe Boldrini/EPTV)

Munições apreendidas estavam dentro do carro do atirador, em Campinas (Foto: Felipe Boldrini/EPTV)

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