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Assembleia Legislativa de SP aprova lei que prevê fornecimento de absorventes para alunas da rede pública

Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo aprovou nesta terça-feira (15) um projeto de lei de autoria do governador, João Doria (PSDB), que torna lei o

Assembleia Legislativa de SP aprova lei que prevê fornecimento de absorventes para alunas da rede pública
Assembleia Legislativa de SP aprova lei que prevê fornecimento de absorventes para alunas da rede pública

Redação Publicado em 16/03/2022, às 00h00 - Atualizado às 08h02


Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo aprovou nesta terça-feira (15) um projeto de lei de autoria do governador, João Doria (PSDB), que torna lei o programa Dignidade Íntima e prevê a distribuição gratuita de itens básicos de higiene menstrual, como absorventes, em escolas da rede pública estadual e o Centro Paula Souza.

Seis emendas parlamentares foram aprovadas ao texto original, prevendo campanhas educacionais sobre higiene menstrual e a distribuição dos kits para alunas das Etecs (escolas técnicas) e Fatecs (faculdades tecnológicas), além da disponibilização de coletores menstruais reutilizáveis.

Criado em 2021, o programa Dignidade Íntima é uma iniciativa vinculada à Secretaria de Estado da Educação que visa combater a pobreza menstrual e o impacto negativo da falta de recursos básicos na educação, em particular a evasão escolar.

Com a aprovação, o projeto segue agora para sanção ou veto do governador.

Cidade de SP já tem lei semelhante

Em julho de 2021, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou também uma lei que determina o fornecimento de absorventes descartáveis para alunas da rede municipal, e o prefeito Ricardo Nunes sancionou.

O PL 388/2021, de autoria da Prefeitura de São Paulo, criou um programa de cuidado com alunas da rede, com a disponibilização de uma cesta de higiene. O projeto foi tratado com prioridade na Câmara e teve apenas 14 dias de tramitação entre seu protocolo na Casa, em 16 de junho, e a votação nesta quarta.

O aspecto mais polêmico da discussão foi o pedido de alteração no texto do projeto, com a substituição da palavra “alunas” pela palavra “estudantes” em respeito aos homens trans, pessoas que nascem biologicamente com o sexo feminino, mas se identificam com o sexo masculino.

“Precisamos entender o corpo para além dessas determinações binárias de masculino e feminino, macho e fêmea, a partir de gônadas e cromossomos. Apresentei junto ao vereador Thammy Miranda um substitutivo ao governo, que não é para polemizar, descaracterizar, de forma alguma – esse projeto é essencial, é importantíssimo – mas não pode servir também como muleta de exclusão de homens trans, de transmasculinidade, porque essas identidades existem. Esses corpos também menstruam, também frequentam o ambiente escolar”, argumentou a vereadora Erika Hilton (PSOL).

A parlamentar recebeu o apoio de diversos colegas, mas a proposta de mudança de uma palavra não foi aceita pela maioria.

A vereadora Erika Hilton (PSOL) — Foto: Divulgação/CMSP

A vereadora Erika Hilton (PSOL) — Foto: Divulgação/CMSP

Os vereadores também defenderam que os absorventes fossem distribuídos em unidades de saúde, penitenciárias e até em terminais de ônibus, como é feito com preservativos, que esta política pública fosse financiada pela área da saúde, e não da educação, e que deveriam ser incluídos nas cestas básicas da ação Cidade Solidária.

No entanto, essas propostas também não foram aprovadas, uma vez que alterariam o orçamento do projeto da Prefeitura.

Ao final da sessão, o texto enviado pelo prefeito Ricardo Nunes recebeu 54 votos favoráveis e 1 abstenção do vereador Toninho Vespoli (PSOL), que se recusou a apoiar o projeto sem a mudança apontada pela sua bancada.

Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apontam que uma em cada quatro estudantes do Ensino Fundamental falta às aulas no período menstrual no Brasil justamente porque não tem dinheiro para compra de absorventes.

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G1

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