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Artista argentino Leandro Erlich ganha exposição no CCBB em São Paulo

Pessoas que não se molham e nem se afogam ao entrar em uma piscina. Uma sala de aula com alunos incomuns. Uma nuvem encapsulada. Um elevador que inverte os

Artista argentino Leandro Erlich ganha exposição no CCBB em São Paulo
Artista argentino Leandro Erlich ganha exposição no CCBB em São Paulo

Redação Publicado em 13/04/2022, às 00h00 - Atualizado às 08h12


Mostra fica aberta até 20 de junho

Pessoas que não se molham e nem se afogam ao entrar em uma piscina. Uma sala de aula com alunos incomuns. Uma nuvem encapsulada. Um elevador que inverte os ambientes interno e externo. Uma janela para um jardim com seu reflexo aparecendo de forma cruzada. Tudo é invertido e subvertido na exposição A Tensão, do artista argentino Leandro Erlich, que será aberta hoje (13) no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em São Paulo.Artista argentino Leandro Erlich ganha exposição no CCBB em São PauloArtista argentino Leandro Erlich ganha exposição no CCBB em São Paulo

Erlich transforma coisas do dia a dia, mundanas ou comuns, em algo novo. Objetos cotidianos ganham novos significados em sua obra. “Ele transforma o ordinário em extraordinário”, afirmou o curador da mostra, Marcello Dantas. “O mecanismo da arte dele é o mecanismo da dúvida. Esse lugar que é a discordância entre aquilo que os olhos veem e aquilo que a sua mente sabe”, acrescentou.

“Quando você olha para uma coisa, [você pensa]: eu estou vendo isso, mas isso não é possível. Essa discordância, essa dúvida, nos faz questionar todas as coisas básicas com as quais a gente se relaciona no dia a dia. E isso é uma gramática, uma linguagem universal. Por isso, ele consegue ter o mesmo impacto no Japão e no Brasil, na Argentina e na França”, disse o curador.

No Brasil, a exposição já passou pelos CCBBs do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte, sempre com muito sucesso. Diversas fotografias da exposição podem ser encontradas facilmente nas redes sociais. Apesar de “parecer instagramável”, a exposição é composta por obras produzidas muito antes do surgimento das redes sociais, como o Instagram. “A peça mais instagramável, que é a piscina, data de 1.999, dez anos antes da invenção do iPhone, 12 anos antes da invenção do Instagram”, observou o curador.

O Programa CCBB Educativo – Arte & Educação, do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), comemora o Dia do Compositor
O Programa CCBB Educativo – Arte & Educação, do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), comemora o Dia do Compositor – Divulgação/CCBB

Ela também não é interativa, apesar de as pessoas parecerem interagir com as obras. “As pessoas podem chamar isso de modo interativo, mas não é. Essa é uma obra participativa. É um pouco diferente. Não tem nada para você apertar, não tem nenhuma máquina para você ligar aqui dentro. Toda a tecnologia está na cabeça das pessoas, e a importância é que essa obra, sem as pessoas, não existe”, explicou Dantas. “É a sua participação, o seu engajamento, que desperta o mecanismo sensorial, o seu envolvimento com o rito que está acontecendo ali dentro. Isso é mágico. A obra está te esperando”, ressaltou.

O próprio nome da exposição, A Tensão, já começa produzindo um duplo sentido: a tensão, de frio na barriga, e atenção, como se você estivesse em uma sala de aula e o professor estivesse chamando a sua atenção, provocando uma dúvida entre o que você ouviu e o que de fato a palavra representa.

Para o curador, a obra mais importante dessa exposição é exatamente a sala de aula, espaço onde sua imagem é refletida dentro de uma sala, transformando você em um fantasma. “A sala de aula é uma obra de 2017 e foi criada no âmbito de uma ideia de uma certa nostalgia, de uma velha escola, de uma memória no sentido afetivo. A sala de aula é uma obra necessária, num momento em que, no Brasil, a grande questão que estava à mesa era os rumos da educação”.

Ao apresentar seu trabalho à imprensa, em São Paulo, Erlich disse que a obra dialoga com o espaço de exposição e, principalmente, com o público. “O trabalho que um artista faz é 50% [da obra]. Os outros 50% se referem a participar, a interpretar e refletir [sobre a obra]. A mensagem está aí e necessita do espectador. Se não tem uma pessoa dentro da piscina, não tem piscina: tem apenas um buraco, água. A ativação de tudo depende do público. O público é também ator e intérprete [da obra]”, definiu o artista.

A Tensão fica em cartaz até 20 de junho. Mais informações e o agendamento de visita podem ser obtidos no site, onde também é possível um giro pela exposição.

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Agência Brasil

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