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Após reconstrução facial, jovem fotografa o próprio rosto todos os dias para registrar recuperação

A britânica Jen Taylor foi pega de surpresa no ano passado. Viu um caroço aparecer no queixo e, dois meses depois, veio o diagnóstico: câncer nos ossos da face.

Após reconstrução facial, jovem fotografa o próprio rosto todos os dias para registrar recuperação
Após reconstrução facial, jovem fotografa o próprio rosto todos os dias para registrar recuperação

Redação Publicado em 03/10/2018, às 00h00 - Atualizado às 15h06


A britânica Jen Taylor foi pega de surpresa no ano passado. Viu um caroço aparecer no queixo e, dois meses depois, veio o diagnóstico: câncer nos ossos da face.

Ela passou por uma cirurgia de 16 horas que retirou parte da mandíbula superior, de uma bochecha, da órbita ocular e uma área do crânio que chegava quase à nuca. No mesmo procedimento, teve o rosto reconstruído.

Ela mesma se surpreende por ter sobrevivido a essa complexa reconstrução facial.

“Não tinha nenhum sintoma, literalmente. Não sentia nenhuma dor, nada”, contou Taylor ao programa Victoria Derbyshire, da BBC. Quando notou o caroço, chegou a ir ao dentista, achando que era um abscesso.

Dois meses depois, soube a causa: câncer nos ossos. “Lembro-me do especialista dizendo ‘sinto muito’ muitas, muitas vezes”, disse Taylor.

Ela começou a fazer quimioterapia logo depois do diagnóstico. “Foi intensa, de segunda a sexta, durante três semanas seguidas”.

Viu o cabelo cair na primeira semana. Passou por vários sustos – entre eles, uma suspeita de ataque cardíaco.

Foi então que os médicos decidiram operar o tumor. “Não era apenas o meu queixo – estava atrás da minha bochecha até a órbita do olho, toda a parte de trás do meu nariz, e também quase até a parte de trás do meu crânio”, lembra ela.

Depois da cirugia, Jen Taylor precisou aprender a mastigar novamente — Foto: Jen Taylor/Arquivo Pessoal/BBC

Depois da cirugia, Jen Taylor precisou aprender a mastigar novamente — Foto: Jen Taylor/Arquivo Pessoal/BBC

A cirurgia foi longa e complexa.

Os médicos usaram ossos de sua omoplata e músculos das costas para dar um novo céu da boca a Taylor. Também conectaram a área reconstruída com veias do pescoço para fornecer um suprimento de sangue.

A equipe responsável pelo procedimento acha que todo o câncer foi removido. embora Taylor ainda esteja fazendo exames regulares de ressonância magnética.

‘Não estava preparada’

A jovem diz que não estava psicologicamente preparada para a reconstrução facial. “Não tive outro tipo de apoio além do dado pelos médicos e enfermeiros. Eu me perguntava como seria possível me recuperar”.

Depois da operação, Taylor diz que se sentia feliz por estar viva. Olhar a si própria no espelho, contudo, não era fácil. “Houve momentos em que me olhei no espelho e achei muito difícil lidar com as mudanças”, admitiu.

O que a ajudou foi tirar uma foto todo dia do próprio rosto. “Se não fossem as fotos, teria me desesperado pensando que não estava melhorando”, disse ela.

Segundo ela, “o lugar de onde eles retiraram o câncer afundou um pouco quando a inflamação foi embora”.

Mas, depois de semanas de agonia e frustração com o novo rosto, ela voltou a aprender a mastigar.

Ela espera agora para fazer implantes dentários, já que restaram apenas seis dentes superiores do lado esquerdo.

Taylor sabe que, desde a operação, o progresso é visível. Mas ainda acha que não está “normal”.

“Eu ainda olho pra mim e digo ‘aqui está essa pessoa com câncer’.”

Ela está se preparando para voltar ao trabalho. É contadora. Ela recebeu ajuda de uma organização sem fins lucrativos que ajuda pacientes e parentes de pessoas com câncer no Reino Unido.

“Todo o apoio que ganhei, seja por meio de palestras e oficinas para me sentir melhor, ajudou”. A ajuda da família, disse ela, também foi fundamental para se sentir mais segura.

Escrever num blog também tem funcionado. Primeiro, era uma ferramenta para manter parentes e amigos informados.

“O blog se transformou em algo incrível, me conectou com muita gente”.

Agora, ela continua no processo de recuperação. Ao olhar as fotos do ano passado, ela mesma se surpreende com o caminho que percorreu.

“Não posso acreditar que alguém possa ter sobrevivido a algo assim. Eu não parecia uma pessoa”.

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