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Após quase 10 anos, Justiça de SP condena nutricionista que atropelou e matou Vitor Gurman: 3 anos de serviços e multa

Após quase dez anos, a Justiça de São Paulo condenou a nutricionista Gabriela Guerrero Pereira, que atropelou e matou o administrador de empresas Vitor

Após quase 10 anos, Justiça de SP condena nutricionista que atropelou e matou Vitor Gurman: 3 anos de serviços e multa
Após quase 10 anos, Justiça de SP condena nutricionista que atropelou e matou Vitor Gurman: 3 anos de serviços e multa

Redação Publicado em 02/03/2021, às 00h00 - Atualizado às 10h13


Após quase dez anos, a Justiça de São Paulo condenou a nutricionista Gabriela Guerrero Pereira, que atropelou e matou o administrador de empresas Vitor Gurman, a 3 anos de prestação de serviços comunitários, pagamento de multa de R$ 22 mil a entidades sociais e ficar 2 anos sem poder dirigir veículo automotor.

A sentença foi dada na segunda-feira (1º) pela juíza Valéria Longobardi, da 23ª Vara Criminal do Fórum Central Criminal da Barra Funda, Zona Oeste da capital. Cabe recurso da decisão. A magistrada decidiu aplicar a pena alternativa em substituição à prisão por 3 anos em regime aberto.

Por esse motivo, a motorista irá cumprir a pena em liberdade. Ela foi condenada pelo crime de homicídio culposo (sem intenção de matar) por ter atropelado Vitor perto da calçada da Rua Natingui, na Vila Madalena, Zona Oeste, em 23 de julho de 2011. Câmeras de segurança gravaram os últimos momentos dele, caminhando. A vítima tinha 24 anos e morreu cinco dias depois no hospital.

Ministério Público (MP) acusou a nutricionista de dirigir sob efeito de álcool e em velocidade acima do limite máximopermitido para a via.

Até a última atualização desta reportagem, o G1 não conseguiu localizar os advogados de Gabriela para comentarem a decisão judicial que a condenou. A motorista sempre negou que estivesse alcoolizada ou em alta velocidade. Alegou ainda que perdeu o controle do veículo e não viu Vitor.

Advogado da família de Vitor

Procurado nesta terça-feira (2) para comentar o caso, o advogado Alexandre Venturini, que representa os interesses da família da vítima e atua no caso como assistente do MP, afirmou que “respeita a decisão da Justiça, mas não concorda com ela”.

“Esta decisão não satisfaz os anseios de Justiça da família de Vitor Gurman. Porque entendesse que a pena é muito baixa diante das circunstâncias que envolveram o crime. Que são o alcoolismo e a alta velocidade. Ou seja: a total irresponsabilidade do ser humano”, falou Venturini.

O entendimento do advogado é de que a nutricionista teria de cumprir pena de privação de liberdade. “Eu creio que deva haver recurso do Ministério Público para que não haja substituição da pena de privação de liberdade pela prestação de serviços a comunidade”.

G1 não conseguiu localizar o MP para saber se ele irá recorrer da decisão.

O caso

O Ministério Públicoacusou Gabriela dirigir a Land Rover/Range Rover do então namorado, Rogério de Souza Lima,após ter bebido em 23 de julho de 2011 Segundo a acusação, ela guiava o veículo numa velocidade entre 62 km/h e 92 km/h. O limite para a rua é de 30 km/h.

O administrador de empresas foi atropelado quando estava caminhando perto da calçada. Câmeras de segurança gravaram os últimos instantes de vida de Vitor.

As cenas mostram ele atravessando a faixa de pedestres. Segundos depois, logo atrás, surge a Range Rover. As imagens não gravaram o momento do atropelamento. Na denúncia apresentada à Justiça, o MP informou que a pista estava seca e que não havia veículo, objeto, pessoas ou animais que pudessem ter atrapalhado a condução do carro.

Gabriela Guerrero Pereira (no detalhe) passa acima da velocidade limite na via em imagem anexada ao processo. — Foto: Reprodução/TV Globo/Arquivo pessoal

Gabriela Guerrero Pereira (no detalhe) passa acima da velocidade limite na via em imagem anexada ao processo. — Foto: Reprodução/TV Globo/Arquivo pessoal

Depois de atingir o administrador de empresas, o carro ainda derrubou um poste de iluminação e capotou. Quando amanheceu, ainda dava para ver a Range Rover tombada depois de ter capotado.

Vitor passou por cirurgia, mas não resistiu e morreu no hospital. Ele chegou a ser socorrido e internado com traumatismo craniano. Resistiu por cinco dias até os médicos constatarem a morte cerebral dele em 28 de julho de 2011.

Defesa da motorista

Câmera de segurança gravou o momento em que Vitor Gurman (no detalhe) passa pela faixa de pedestre da Rua Natingui — Foto: Reprodução/TV Globo/Arquivo pessoal

Câmera de segurança gravou o momento em que Vitor Gurman (no detalhe) passa pela faixa de pedestre da Rua Natingui — Foto: Reprodução/TV Globo/Arquivo pessoal

Apesar de o laudo do Instituto Médico Legal (IML) ter confirmado que Gabriela dirigia sob efeito de álcool, a defesa da nutricionista alegou à época que ela não estava embriagada e que os reflexos dela estavam normais.

Seus advogados haviam dito também que a nutricionista não estava em velocidade excessiva e que o laudo pericial teve como base elementos inexatos, o que resultou “em conclusões precipitadas” e que “os resultados obtidos pelos peritos não são confiáveis”.

Carro ficou tombado após atropelar Vitor Gurman — Foto: Reprodução/TV Globo

Carro ficou tombado após atropelar Vitor Gurman — Foto: Reprodução/TV Globo

Beber e dirigir

A demora pelo julgamento sempre revoltou a família de Vitor, que tenta educar e conscientizar os futuros motoristas sobre os riscos de beber e guiar (assista ao vídeo abaixo).

Em 2010, Vitor havia perdido um colega da faculdade de administração, morto após bater o carro. Isso o marcou a ponto dele falar dessa tragédia na formatura da turma, alertando sobre os riscos de se beber e dirigir.

Em 2012, a Justiça determinou que Gabriela e o então namorado, dono da Range Rover, pagassem uma pensão de R$ 2 mil mensais a avó de Vitor. A alegação é de que a mulher dependia economicamente do neto. Mas a família da vítima desistiu da pensão, que nunca foi paga.

Em 2017, a Justiça determinou que a nutricionista e o 2017 que a nutricionista e Rogério pagassem uma indenização por dano moral ao pai, a mãe e a avó de Vitor. “Atualmente esse valor supera os R$ 2 milhões”, disse Vendramini. “Essa indenização deverá ser paga em breve”.

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