Técnicos dos órgãos de Defesa Civil nacional e do Rio Grande do Norte, além de servidores da prefeitura de Tibau do Sul, estão desde a manhã desta
Redação Publicado em 18/11/2020, às 00h00 - Atualizado às 18h54
Técnicos dos órgãos de Defesa Civil nacional e do Rio Grande do Norte, além de servidores da prefeitura de Tibau do Sul, estão desde a manhã desta quarta-feira (18) avaliando o risco de novos desmoronamentos de falésias na Praia de Pipa.
Ontem (17), parte do paredão rochoso que dá acesso a um dos principais pontos turísticos do litoral norte-rio-grandense se desprendeu, matando um casal e uma criança que estavam na areia, sob a sombra da falésia. Os corpos de Hugo Pereira, de 32 anos, Stela Souza, de 33, e o filho dos dois, de apenas 7 meses, foram enterrados nesta manhã, em Tibau do Sul. O cachorro da família também morreu soterrado no acidente, testemunhado por muitas pessoas que estavam na praia e tentaram ajudar as vítimas.
Segundo o coordenador estadual de Proteção e Defesa Civil, Marcos de Carvalho Fernandes, nove estabelecimentos comerciais que funcionam em um ponto do extenso paredão rochoso, próximos à borda da falésia, foram interditados ontem à noite. Até as 16h de hoje, a inspeção do local ainda não tinha sido concluída.
“Estamos na fase de levantamento de dados e ainda não temos nenhuma medida conclusiva”, informou Fernandes à Agência Brasil. Os técnicos inspecionaram alguns pontos da falésia sujeitos à ação do mar quando a maré sobe – ação esta que, com o tempo, acaba por erodir a base do paredão, fazendo com que pedras se soltem. “À tarde, iniciamos a inspeção dos estabelecimentos que, preventivamente, continuarão interditados até a conclusão da inspeção”, acrescentou Fernandes. De acordo com Fernandes, a perícia poderia ser concluída ainda hoje.
Nas redes sociais, o prefeito de Tibau do Sul, Modesto Macedo, afirmou que os órgãos municipais responsáveis instalam placas de sinalização advertindo sobre o risco de deslizamentos, mas que estas costumam ser arrancadas pela força do oceano quando a maré sobe. Macedo disse que, pouco antes da tragédia, fiscais municipais tinham passado no local alertando sobre o perigo, mas não se sabe se o casal foi avisado.
Ainda segundo o prefeito, tão logo técnicos da Defesa Civil nacional e estadual e servidores municipais concluam o “estudo emergencial” iniciado nesta manhã, serão “tomadas as melhores providências possíveis, de acordo com o combinado por todas as organizações”. Macedo também aproveitou a mensagem nas redes sociais para reforçar o pedido para que os frequentadores da praia evitem ficar muito perto das falésias.
O coordenador estadual de Proteção e Defesa Civil, Marcos de Carvalho Fernandes, destacou que o perigo de queda de pedras já é conhecido dos moradores e frequentadores habituais da praia. “Além de a prefeitura fazer regularmente ests serviço, a própria população, que tem percepção do risco, costuma orientar os turistas”, acrescentou Fernandes.
Hugo, que era de Jundiaí, São Paulo, vivia em Tibau do Sul há quase dois anos. Sua mulher, Stela, era do Rio Grande do Norte e frequentava a praia há muitos anos.
O risco de acidentes como o desta terça-feira é alvo da atenção do Ministério Público Federal (MPF) há tempos. Em 2018, a Procuradoria da República recomendou à prefeitura que tomasse medidas para evitar possíveis desmoronamentos e assegurar a segurança dos frequentadores da Praia de Pipa. Na época, a maior preocupação dos procuradores era com um local conhecido como Morro da Vicência, onde, inclusive, um hotel funciona à beira da falésia.
Na recomendação, enviada à prefeitura e ao governo estadual, os procuradores lembravam que a Defesa Civil estadual já tinha atestado o “alto risco de desabamentos” e a “presença de fortes anomalias que, em prazo indeterminado”, poderiam provocar o colapso do Morro da Velha Vicência, de forma progressiva e sem controle, com risco de causar mortes. Os procuradores disseram que a prefeitura precisava apresentar um projeto de drenagem e saneamento de toda a área.
Ontem, pouco após saber do ocorrido, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, comunicou, pelas redes sociais, que havia determinado à Defesa Civil nacional que ajude a cidade a “levantar as causas e enfrentar o problema”. “Queremos evitar que tragédias como essa voltem a se repetir. Pipa é uma das principais praias do Brasil. Vamos trabalhar para garantir a segurança dos frequentadores.”
A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, também usou as redes sociais para lamentar as vidas perdidas. “A partida precoce de Hugo, Stela e do filhinho deles, hoje, na praia da Pipa, deixou a todos nós tristes e inconsoláveis. Minha solidariedade aos familiares, amigos e aos moradores de Pipa, onde a família vivia e era muito querida”, escreveu a governadora. Ela disse que, “desde o início da tragédia”, o governo estadual acompanha o caso, no intuito de “garantir a segurança do local e o apoio às famílias”.
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Agência Brasil
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