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Apagão na Venezuela afeta estado brasileiro

O Globo

Apagão na Venezuela afeta estado brasileiro
Apagão na Venezuela afeta estado brasileiro

Redação Publicado em 08/03/2019, às 00h00 - Atualizado às 14h11


Roraima  precisou ligar termelétricas para não ficar sem luz

O Globo

O enorme apagão que a Venezuela enfrenta afetou o estado brasileiro de Roraima, que precisou ativar as suas cinco termelétricas para manter o seu abastecimento de energia. Normalmente provido pela hidrelétrica venezuelana de Guri, o estado está com 100% de sua energia fornecida pelas termelétricas, disse nesta sexta-feira em uma nota a  Roraima Energia, empresa de abastecimento local.

Na quinta-feira houve uma primeira breve interrupção às 10h22 e outra às 16h53, sendo impossível desde então reconectar o serviço, comunicou a empresa brasileira. “Durante a noite foram feitas tentativas para restaurar a interconexão Brasil / Venezuela, mas isso não aconteceu, em decorrência de muita instabilidade”, disse a Roraima Energia em um comunicado.

Roraima é o único dos 27 estados brasileiros desconectados do Sistema Interligado Nacional (SIN), rede nacional de fornecimento elétrico. Metade de seu fornecimento de energia vem da usina hidrelétrica venezuelana de Guri, através de uma linha de transmissão inaugurada em 2001 pelos então presidentes Hugo Chávez e Fernando Henrique Cardoso.

A Roraima Energia informou que as suas cinco usinas termelétricas têm capacidade para atender 100% da demanda de eletricidade do estado e que todas estão operando nesta sexta-feira.

“Até agora, não recebemos informações específicas sobre as causas das desconexões e o sistema continua a ser totalmente atendido pelo parque termelétrico”, disse a empresa.

As usinas termelétricas fornecem eletricidade a um custo muito mais alto do que as linhas de conexão com a Venezuela e precisam ser abastecidas por diesel transportado por caminhões.

A conexão de Roraima ao sistema elétrico nacional envolveria o cruzamento de 125 km de território indígena Waimiri-Atroari, uma área que foi muito afetada nas décadas de 1960 e 1970 para a construção da rodovia Roraima-Manaus, impulsionada pela ditadura militar (1964-1985).

Chamado de linha de Tucuruí, o projeto está paralisado há anos, aguardando licenças ambientais e consultas com moradores, exigidas pela Constituição.

O governo de Jair Bolsonaro discute a publicação de um decreto considerando a obra uma questão de “emergência nacional”, o que aceleraria o seu processo.

Os waimiri-atroari dizem que não são contra a construção, mas exigem “que seus direitos constitucionais e legais sejam respeitados”.

Em 2018, Roraima registrou 85 apagões, dos quais 72 foram causados por falhas na Venezuela, um número recorde, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica do Brasil.

O apagão na Venezuela é o pior em décadas e afetou hospitais e escolas. O governo rapidamente atribuiu o blecaute a uma sabotagem ou a um ataque sofisticado à usina hidrelétrica de Guri, a maior do país.

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