Diário de São Paulo
Siga-nos

Aos 14 anos, filha de lutador capixaba se inspira no pai e avisa: “Meu sonho é ser campeã do UFC”

“Futura atleta de MMA profissional do UFC”. Essa é a descrição de Brenda Games, de apenas 14 anos, em sua ‘bio’ no Instagram. O caminho até lá já começou.

UFC
UFC

Redação Publicado em 26/02/2021, às 00h00 - Atualizado às 12h37


Brenda Games, filha de Paulo Zé Doido, já fez sua estreia no MMA amador em dezembro, e finalizou adversária da mesma idade: “Entrei no octógono focada e fui com tudo para cima dela”

“Futura atleta de MMA profissional do UFC”. Essa é a descrição de Brenda Games, de apenas 14 anos, em sua ‘bio’ no Instagram. O caminho até lá já começou. Filha do lutador capixaba Paulo “Zé Doido”, integrante da Nova União-RJ, Brenda inclusive já fez sua estreia no MMA. Em dezembro de 2020, ela finalizou Cecília Pereira, da mesma idade, numa luta preliminar amadora até 48kg no Arena Global MMA, no Rio de Janeiro. Numa conversa com a reportagem do Combate, ela admite que a inspiração maior é o pai.

– Meu pai é conhecido no mundo das lutas, então a responsabilidade é grande. Ele é meu grande ídolo, quem me inspira. E quero muito ser lutadora profissional, meu sonho é ser campeã do UFC (…). Sempre quis lutar MMA. Quando tive a chance no Arena Global MMA, meu pai começou a correr atrás, porque na minha idade é difícil encontrar adversárias, geralmente as meninas da minha idade não lutam. Agora estou trabalhando mais e mais para ter mais vitórias e poder ser campeã dos maiores eventos do planeta – disparou Brenda.

Brenda foi iniciada por Zé Doido ainda bem pequena, e desde lá já mostrava que a luta não era apenas brincadeira de criança. O pai lembra que ela já era mais dedicada que muito marmanjo durante as atividades.

– Ela era bem pequenininha, e eu treinava muay thai e a levava comigo para a academia. Depois abriu aula de jiu-jítsu infantil e ela começou a treinar. Depois, fui dar aula de muay thai em outro lugar e ela, com 4 anos, treinava com seriedade. Ela não ficava de brincadeira com ninguém, nem se tivesse outra criança, e era mais séria que muita gente grande. Mas depois que me separei da mãe dela, ela ficou com a mãe e parou de treinar.

Esse hiato de Brenda nas lutas durou até os 11 anos, quando Zé Doido passou a ter a guarda da filha, que até ali morava em Cachoeiro do Itapemirim-ES. Desde então, Brenda deslanchou. Na ocasião, Zé Doido morava em Serra-ES, e logo depois se mudaria para o Rio de Janeiro, mas primeiro sem a família, a convite de Dedé Pederneiras depois de participar do Shooto Brasil.

Quando já estava em melhores condições de arrumar uma casa, e bem ao lado do CT da Nova União no bairro do Flamengo, Zé Doido chamou a esposa Maria Mendes, Brenda, e mais dois filhos pequenas de outro relacionamento da esposa, Arthur Phillip (9) e Stephanie (11).

– Botei na cabeça deles: a gente não vai para morar normal, a gente vai para um alojamento, vai ser nosso camp. Quando chegamos (na Nova União), eles estavam muito abaixo do pessoal do Rio, mas começaram a treinar no projeto do José Aldo. E sempre que podia dava aula particular a eles para ter mais evolução, e estamos lá batalhando até hoje.

Brenda Games posa ao lado da família com o treinador de wrestling Daniel Piratiev — Foto: Arquivo Pessoal

Brenda Games posa ao lado da família com o treinador de wrestling Daniel Piratiev — Foto: Arquivo Pessoal

Em 2020, por conta da pandemia e com aulas suspensas e academia fechada, a família retornou para o Espírito Santo, onde moram os pais de Zé Doido. Na roça, eles se mantinham treinando em família. Até que, no fim do ano, Brenda conseguiu estrear em campeonatos já de volta ao Rio.

– Ela lutou mais que eu no ano passado. Brenda fez sua primeira luta de muay thai e ganhou, fez um lutão. Antes disso, já tinha feito uma luta demonstração de boxe no Morro da Providência. E teve a Copa Company, de jiu-jítsu e No-Gi. Ela queria muito lutar, mas as meninas competem direto, são muito mais experientes, e ela perdeu. Ficou chorando o final de semana todo, dizia que não queria lutar mais. Eu e minha esposa tivemos que sentar com ela, e expliquei toda a minha história, e que não vivemos só de vitórias.

Foi então que surgiu a oportunidade de estrear no MMA amador em dezembro. Brenda convenceu os pais de que era a hora, e não aos 16 anos, como planejado até então. Dedé Pederneiras, comandante da Nova União e treinador de José Aldo, também foi determinante.

– Ela pedia tanto para lutar, e eu dizia que só depois dos 16 anos. Mas tinha aparecido uma menina e conversei com mestre Dedé, e ele falou: ela é muito nova, mas se ela quer isso mesmo, e se estiver treinando bem e a menina for da mesma idade e categoria, pode casar a luta. A gente fica preocupado sim, mas estamos preparados. Ela parece que tem isso no sangue desde pequena, e apoio ela. Sinto que ela está preparada. Eu mesmo fazia treino de sparring com ela, não vou bater para machucar, mas jogava as mãozinhas nela e ela fazia o que tinha que fazer. Servia como se fosse um boneco, para o instinto dela fazer na hora que precisasse (na luta).

Em 5 de dezembro, Brenda Games encontrou uma adversária de sua idade para, pela primeira vez, fazer um duelo de MMA. Com as devidas proteções.

– Fiquei muito feliz (que tinham conseguido fechar a luta), doida para lutar mesmo! Quando chegou no dia fiquei bem ansiosa, bem ansiosa mesmo! Mas fui torcendo para os meus colegas de treino, e me acalmei. Na hora que chegou a minha vez, entrei no octógono já focada e fui com tudo para cima dela. Gostei do resultado, adorei lutar – disse ela, que é fã da ex-campeã peso-palha do UFC Rose Namajunas Brenda também mantém contato com Cris Cyborg e Weili Zhang através do Instagram.

Mas o futuro de Brenda pode seguir bem distante do MMA amador nacional no futuro breve. Zé Doido espera conseguir levar a família para a Flórida, nos EUA, onde pretender dar aula de muay thai e jiu-jítsu, além de atuar no Bare Knuckle, evento de boxe sem luvas.

– A gente está tentando se organizar para tirar o visto americano. Já tinha luta marcada para fevereiro, mas não consegui tirar o visto nessa pandemia. Dedé tem dado todo o apoio. E lá fora a maioria das crianças já luta MMA infantil, e ela vai poder disputar campeonatos de wrestling. Nas lutas que forem aparecendo, a gente vai olhando o nível da menina, peso e idade. Se ela estiver mal treinada, a gente não vai colocar em furada. E tudo converso com Dedé, tanto para mim quanto para ela. Com 18 anos, já é começar a fazer luta profissional e, se Deus quiser, 20 anos estar nos maiores eventos.

.

.

.

Fonte: GE – Globo Esporte.

Compartilhe  

últimas notícias