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Antivacina, Kelly Slater não compete no Havaí, onde vacinação é exigida

Boas ondas aproveita mais um dia off em Haleiwa para cumprir o prometido e falar de Kelly Slater e sua posição antivacina, compartilhada por outro mostro do

Antivacina, Kelly Slater não compete no Havaí, onde vacinação é exigida
Antivacina, Kelly Slater não compete no Havaí, onde vacinação é exigida

Redação Publicado em 02/12/2021, às 00h00 - Atualizado às 18h19


Onze vezes campeão do mundo pode perder metade das etapas da próxima temporada. Em Haleiwa, continua a luta dos brasileiros para chegar ao CT

Boas ondas aproveita mais um dia off em Haleiwa para cumprir o prometido e falar de Kelly Slater e sua posição antivacina, compartilhada por outro mostro do esporte, o sérvio Novak Djokovic, dominador do tênis mundial atualmente, e pelo excelente armador da NBA Kyrie Irvie, do Brooklyn Nets. Em outubro os três explanaram suas posições e o tema voltou à tona nesta semana, com atitudes do 11 vezes campeão mundial de surfe e do pai do líder tenista número 1 do mundo.

Kelly Slater em ação em Pipe — Foto: WSL / Bielmann

Kelly Slater em ação em Pipe — Foto: WSL / Bielmann

Mesmo inscrito na etapa de Haleiwa, a última da Challenger Series, Slater não apareceu para disputar sua bateria. Segundo a WSL, a entidade não recebeu informações além de que ele está com a família na Flórida. Parece-me que não é mera coincidência a desistência de Slater de competir justamente no Havaí, que exige comprovante de vacinação e teste para Covid para entrada no arquipélago, mesmo para americanos que cheguem dos Estados Unidos.

A dúvida que surge é que se Slater, para defender suas ideias e convicções estará disposto a perder meia temporada em 2022. Na época em que Slater se posicionou, Boas Ondas perguntou à WSL qual a política em relação à vacinação dos atletas. A resposta: “A saúde e a segurança de nossos atletas, equipe e comunidades locais são de extrema importância para nós, e estamos trabalhando em protocolos específicos para a temporada de 2022 para manter a segurança de todos”.

Com relação à política de vacinação, a WSL informou aos surfistas que, embora a liga não esteja obrigando a vacinação para os atletas participantes, encorajamos todos que podem a se vacinar e alertamos nossos surfistas de que eles podem enfrentar desafios significativos em suas viagens em todo o mundo e podem ser proibidos de entrar em determinados países se não estiverem totalmente vacinados (devido aos protocolos estabelecidos por cada governo).

O WSL Championship Tour, o famoso CT-2022, começará logo no Havaí, com duas etapas, em Pipeline e Sunset. Passa por Portugal e segue para mais duas paradas na Austrália, outro país que exige vacinação para a entrada e ainda tem a do Taiti, onde Gabriel Medina desistiu de competir por não estar vacinado. Posteriormente a etapa foi até cancelada por causa de mais restrições no país.

Slater é muito firme em suas declarações e usou suas redes sociais para defender o ponto de vista numa live, com um discurso de liberdade individual e autoconhecimento.

“Se reconheço os riscos e avalio o que me beneficia/prejudica, sustentado em estatísticas e informação, bem como na minha condição de saúde, eu posso escolher. Eu conheço mais acerca do que é ser saudável do que 99% dos médicos. A maioria da informação sobre a covid de que disponho vem diretamente de médicos amigos, muitos deles em desacordo com a ‘ciência’ oficial”.

Meu Deus. Tem vezes que a gente prefere que os ídolos não tenham alguma opinião. Não custa que lembrar ao tio que não existe ciência oficial ou não oficial, existe a ciência, em contraponto à ignorância e ao negacionismo. Lógico que a caixa de comentários ficou cheia e Kelly foi lembrado que a vacinação não é apenas uma questão individual, por tratar-se de proteção coletiva, de toda a sociedade.

Outro gênio indiscutível do esporte, Djoko, segundo o pai, não vai disputar o Aberto da Austrália, um dos quatro torneios mais importante do mundo, o chamado Grand Slam. Djoko pode não ir em busca de um histórico décimo título em Melbourne por suas convicções, assim como Slater:

“Entendo que seja uma decisão particular e prezo pela liberdade de escolha individual, principalmente por se tratar de colocar algo dentro de seu corpo”, costuma dizer o tenista.

Após as declarações do pai dele, dizendo que o filho poderia não disputar os Aberto da Austrália, a organização do evento respondeu que não se curvará a ameaças e tanto o número um do mundo quanto qualquer mortal precisa seguir as regras sanitárias do país.

Vamos falar de Haleiwa…

Vamos falar, então, de quem foi a Haleiwa em busca de uma vaga no CT-2022. Dois dos três brasileiros que estavam na bica de entrar no G-12, Mateus Herdy, Lucas Silva e Samuel Pupo, perderam logo na estreia e perderam a chance de terminar a temporada entre os 12 classificados. Mateus Herdy sentiu a pressão numa bateria em que Jhon John voltou às competições surfando muito e acabou em quarto. Menos mal que nessa bateria Thiago Camarão teve uma atuação sólida, com direito a nota 9,17, e tá na briga. Lucas Silveira não teve um Jhon Jhon em sua bateria, mas demorou a engrenar numa disputa de poucas ondas e também deu adeus às suas chances, ficando em terceiro, atrás dos australianos Jacob Willcox e Jack Robinson, integrante do CT.

Jhon Jhon Florence voltou às competições e venceu a bateria que tinha Mateus Herdy — Foto: Brent Bielmann/WSL

Jhon Jhon Florence voltou às competições e venceu a bateria que tinha Mateus Herdy — Foto: Brent Bielmann/WSL

Samuel Pupo passou em primeiro, mesmo assim viu o funil ficar um pouco mais apertado, por causa dos descartes e aqui cabe um pedido de desculpas. Boas Ondas, que é de humanas e detesta matemática, errou o número de descartes. De cinco resultados, serão considerado os três melhores. Com 9.500 pontos, Pupo tem 2.500 para descartar e só começará a pontuar se passar pelo menos mais uma fase.

Dois australianos na briga direta por um lugar no G-12 também avançaram e, com descartes menores, marcaram pontos e estão na frente do brasileiro. A pontuação de corte nesse momento é a de Jordan Lawler, de 10.300 pontos. Collun Robson chegou a 10.500. Estas pontuações partem do princípio de que os dois terminarão em quarto em suas baterias das oitavas-de-final. Se ficarem em terceiro, chegarão a 10.700 e Pupo terá de chegar à semifinal para superar esta pontuação.

Thiago Camarão foi melhor brasileiro na fase de 64 e se manteve vivo na briga por uma vaga no CT — Foto: Brent Bielmann/WSL

Thiago Camarão foi melhor brasileiro na fase de 64 e se manteve vivo na briga por uma vaga no CT — Foto: Brent Bielmann/WSL

Com os dois australianos ainda vivos, a nota deles tende a aumentar e são grandes as chances de os já eliminados Carlos Munhoz, com 10.650 pontos, e Jackson Baker, com 10.700, passarem a ser os mais ameaçados de perder o lugar que ocupam no G-12. Ainda tem muita gente na briga, inclusive Alex Ribeiro e Camarão, que podem ter chance se chegarem às semifinais. Ribeiro e Camarão, assim como, chegarão no mínimo a 11.900 pontos, possivelmente suficientes para conseguir um lugar na elite mundial em 2022.

Enquanto uns buscam subir no ranking, João Chianca, com 11.000 e no G-12, está ligado no retrovisor e começou bem a defender sua vaga, avançando em segundo numa bateria vencida por um impecável Jessé Mendes. Com 3.500 pontos para descartar, Chianca só começará a marcar pontos a partir da nona colocação, passando para 3.600. Numa disputa apertada, estes cem pontos podem se decisivos, mas a passagem para à semifinal, sacramentaria a vaga.

Quem pode dar uma ajudinha aos brasileiros são os havaianos Ian Gentil e Cody Young, que estão na mesma bateria de Lawler, segurando pelo menos uma nota de corte mais baixa. Surfistas de Maui, os dois são treinados pelo brasileiro Pedro Roballinho, que se mudou para o arquipélago há cerca de cinco anos e trabalha com alguns bons jovens surfistas, como praticamente qualificado Imaikalani Devault e a brasileira Summer Macedo.

Com a pontuação para quem chegar à final é bem alta, quase todos os surfistas que continuam na disputa podem sonhar com um lugar no CT-2022 caso cheguem a última bateria. O já citado Jessé é um deles, assim como Wiggolly Dantas e Caio Ibelli, que também avançaram em suas baterias. Caio tomou conta do mar, assumiu a liderança e venceu com autoridade, enquanto Wiggolly ficou em segundo para Alex Ribeiro. Integrante do CT, Deivid Silva é outro brasileiro que também venceu e avançou para as oitavas-de-final.

Alejo Muniz, Edgard Groggia e Rafael Teixeira, este numa fase ainda anterior, também foram eliminados. Pelo menos um brasileiro não vai passar às quartas-de-final, pois uma bateria reúne Samuel, Ibelly e Wiggolly, além do australiano Kalani Ball.

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Globo Esporte

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