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Análise: Corinthians é engolido em Dérbi e precisa juntar logo os cacos para não comprometer 2021

O Corinthians foi engolido pelo Palmeiras na última segunda-feira, no Allianz Parque. Inferior técnica e taticamente na goleada sofrida por 4 a 0, o Timão

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Redação Publicado em 19/01/2021, às 00h00 - Atualizado às 12h24


Irreconhecível, Timão oferece pouca competitividade e comete muitos erros em goleada por 4 a 0

O Corinthians foi engolido pelo Palmeiras na última segunda-feira, no Allianz Parque. Inferior técnica e taticamente na goleada sofrida por 4 a 0, o Timão também competiu menos do que o rival, algo inaceitável para sua torcida, ainda mais num Dérbi.

Embalado por sete jogos de invencibilidade, o Corinthians chegou para o clássico acreditando estar em igualdade de condições com o rival, mas voltou para a casa com a sensação de que a derrota poderia ter sido por placar ainda mais humilhante, tamanha a superioridade do adversário.

Nas últimas vezes em que havia enfrentado alguns dos primeiros colocados do Brasileirão, como Internacional e São Paulo, o Timão fechou a guarda e tentou evitar riscos. Teve sucesso, com duas vitórias pelo placar mínimo. Já diante do Palmeiras foi diferente. Confiante pela boa fase, o Corinthians foi para a trocação de peito aberto e parece ter ficado atordoado após o primeiro gol sofrido – justamente no momento em que se encontrava na partida. O terceiro, logo no início da etapa final, desmanchou o que restava da equipe.

O desafio agora é juntar os cacos rapidamente e não deixar a noite trágica no Dérbi estragar a reação no Campeonato Brasileiro. Ficar fora da próxima Libertadores seria uma ducha de água fria e comprometeria 2021 desportiva e financeiramente.

Cássio e Gil lamentam gol sofrido em Palmeiras x Corinthians — Foto: Marcos Ribolli

Cássio e Gil lamentam gol sofrido em Palmeiras x Corinthians — Foto: Marcos Ribolli

O baile alviverde mostra que as expectativas de parte da torcida e da imprensa em relação ao Corinthians estavam exageradas, mas não significa que tudo esteja perdido. Até porque a equipe que derreteu perante o Palmeiras não apresentou nenhum traço do “Mancinismo”, que fez o Timão parar de olhar para o Z-4 e sonhar com o G-6 (que tende a virar G-8).

Pilar para a arrancada nos últimos dois meses, a defesa corintiana lembrou no Dérbi alguns de seus piores momentos na temporada.

Gil e Jemerson foram constantemente “arrastados” pelos atacantes palmeirenses e deixaram buracos no setor.

A linha defensiva era desmontada com frequência. Os zagueiros saíam para dar combate ou perseguir algum jogador adversário e os laterais não acompanhavam. Fábio Santos deu condições para o segundo gol. Fagner, para o terceiro.

Zagueiros do Corinthians avançam e laterais não acompanham em lance do segundo gol do Palmeiras — Foto: Reprodução

Zagueiros do Corinthians avançam e laterais não acompanham em lance do segundo gol do Palmeiras — Foto: Reprodução

A bomba estourava nos zagueiros, mas o drama começava mais à frente. Pela esquerda, Cantillo e Mateus Vital davam muito espaço e não ofereciam a intensidade que o Dérbi pedia. A dupla funciona bem quando tem espaço para lançar e conduzir a bola, mas sofre em jogos mais brigados. Mancini percebeu, sacou ambos no intervalo para as entradas de Ramiro e Léo Natel, mas não conseguiu corrigir o problema.

Ainda no meio de campo, Gabriel viveu noite trágica. Um dos melhores do Corinthians nos últimos jogos, o volante esteve diretamente envolvido em três gols. Nos dois primeiros, ele saiu na caça do adversário, foi fintado com facilidade e deixou um buraco às costas. No quarto, fez uma lambança ao recuar mal a bola e entregá-la para Luiz Adriano estufar as redes. A cereja do bolo foi a expulsão bisonha do camisa 5, por agredir Danilo com a bola já fora da disputa.

Há críticas a serem feitas a todos os jogadores, mas é importante ressaltar: o Corinthians não funcionou coletivamente. Como destacou Fábio Santos na saída de campo, o Timão não conseguiu pressionar no campo adversário, nem teve capacidade de baixar as linhas e “fechar a casinha”. Neste limbo, com os setores espaçados, deu espaço para o veloz e inteligente time alviverde deitar e rolar.

O ataque também decepcionou e praticamente só levou perigo pelo alto. Jemerson, aos 6 da etapa inicial, Jô, três minutos depois, e Gil, uma vez em cada tempo, quase marcaram em cabeçadas.

Mosquito era uma válvula de escape pelo lado direito, mas não teve sucesso nas tentativas, assim como Cazares, que teve atuação bastante discreta, e Jô, que apresentou pouca mobilidade.

Gabriel, Jô e Fábio Santos em disputa pelo alto no Dérbi — Foto: Marcos Ribolli

Gabriel, Jô e Fábio Santos em disputa pelo alto no Dérbi — Foto: Marcos Ribolli

Com a goleada desenhada e um cenário ainda pior se apresentando, Mancini tentou estancar a sangria com a entrada de Xavier – Everaldo foi o quarto e último a deixar o banco de reservas.

As opções de banco também ajudam a explicar a disparidade entre Corinthians e Palmeiras na temporada.

Mesmo com um elenco desequilibrado, o Timão tem chances de conquistar uma vaga na primeira fase da Libertadores do ano que vem, até pela falta de grandes concorrentes – o principal deles é o Fluminense, aquele que foi goleado por 5 a 0 na semana passada.

O Dérbi deixa feridas, mas é preciso cicatrizá-las o quanto antes para não comprometer mais um ano.

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GE – Globo Esporte.

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