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Análise: Corinthians decepciona de novo, e time “A + B” precisará de Mancini disposto a mudar

De volta para casa após 40 dias, o Corinthians passou 77 minutos perdendo para o São Bento, lanterna do grupo B e ainda sem vitórias no Campeonato Paulista.

CORINTHIANS
CORINTHIANS

Redação Publicado em 17/04/2021, às 00h00 - Atualizado às 22h41


Quando submete Timão a testes, técnico tem de ser flexível e abrir mão de convicções

De volta para casa após 40 dias, o Corinthians passou 77 minutos perdendo para o São Bento, lanterna do grupo B e ainda sem vitórias no Campeonato Paulista. Derrota parcial oriunda de um gol em que o lateral do rival percorreu 55 metros de campo sem ter sido desarmado por nenhum jogador do Timão.

Péssimas informações, reflexo de mais um jogo de desempenho decepcionante do time comandado por Vagner Mancini. Salvo de um resultado constrangedor aos 31 minutos da etapa final, com gol de pênalti marcado pelo exímio batedor Fábio Santos (são cinco cobranças e cinco gols desde a volta). No fim, um decepcionante 1 a 1, na noite desta sexta, na Neo Química Arena.

Com uma sequência capaz de triturar seu trabalho no Timão, o treinador precisa começar a pensar em mexer não só em peças, mas também na forma de jogar de sua equipe. O time reserva, o “B”, do Corinthians se mostrou superior ao titular, considerado o “A”. Alguma coisa não está correta.

O próprio Mancini sabe disso. Em coletiva, reconheceu não só a lista extensa de problemas de sua equipe, mas também detalhou que formará um novo time titular, com as melhores peças do A e do B, para a estreia na Copa Sul-Americana, na próxima quinta-feira, contra o River Plate, no Paraguai.

O jogo

Embora tenha gerado enorme frustração na torcida, a decisão em colocar Luan novamente no banco de reservas após bom jogo contra a Ferroviária foi tomada por Mancini para fazer jus ao rodízio entre seus times A e B. Cada um jogará dois jogos como titular no retorno.

Em um primeiro tempo muito ruim, Cantillo, escalado novamente como primeiro volante, mais atrapalhou o jogo de Vitinho do que contribuiu com enfiadas de bola ou passes de efeito. Porém, dos pés dos garotos é que saíram as maiores decepções.

Rodrigo Varanda, titular inquestionável na concepção de Mancini, foi quem perdeu a bola para o contra-ataque mortal do São Bento. Gabriel, lateral e ex-atacante do time de Sorocaba, percorreu longos 55 metros e passou por cinco jogadores para marcar.

“Entra na área”, “vamos entrar no jogo”, “pra frente, meu filho”. Não foram poucas as cornetadas de Mancini para Varanda e Vitinho. Ambos sacados no intervalo para as entradas de Otero e Luan. Cauê, herói há uma semana contra o Guarani, também foi mal e deu lugar a Jô após 46 minutos de bola rolando.

Números (às vezes) mentem

O curioso do primeiro tempo foram os números: 12 finalizações para o Corinthians, dono de 68% da posse de bola. Gil, Gabriel, Vitinho e Mosquito tiveram duas finalizações cada na primeira etapa, mas nenhum deles foi capaz de empatar o duelo.

Menos convicção, mais opção

Com as opções que tinha no banco, Mancini, enfim, melhorou o cenário: o renovado Luan entrou em campo mais uma vez muito participativo. Foram três finalizações, 35 passes (de 39) certos e o que sabe fazer de melhor: aproximar o time.

Com bastante movimentação, o camisa 7 apostou em tabelas com os companheiros e se aproximou mais da área em relação ao último jogo. Teria nos pés talvez a chance da virada, se a última bola da partida não tivesse parado na barriga do árbitro Thiago Duarte Peixoto, em cena no mínimo curiosa.

Árbitro leva bolada e encerra o jogo entre Corinthians e São Bento

Árbitro leva bolada e encerra o jogo entre Corinthians e São Bento

Pelas circunstâncias, pelo momento, pelas características… Por tudo isso, o camisa 7 não deveria ocupar lugar no banco de reservas. A menos que não tenha condições físicas de estar em campo, Luan precisa, merece e quer (com razão) sequência no Corinthians. A tendência é de que tenha.

Quanto mais Mancini conseguir abrir mão de sua convicção de que o meia não é quem melhor se encaixa em seu estilo de jogo, mais opção terá para montar sua equipe.

Time A x Time B

A oscilação de garotos de 17, 18, 21 anos, como no caso do trio substituído no intervalo, é normal para o início da caminhada no Corinthians. O que não pode acontecer (e aconteceu) é o time reserva jogar melhor do que o titular e não haver mudança na equipe principal.

Sobrou tempo nas últimas semanas para Mancini colocar o Corinthians no eixo. Não aconteceu. O que se vê é uma sequência ruim de jogos (São Bento, Guarani, Retrô-PE, Mirassol, São Caetano…) e pouca ação: é preciso mudar efetivamente a maneira de jogar e as peças.

Se Luan, com porte para se tornar protagonista a curto prazo, entrou bem nos dois últimos jogos e tem como principal característica um jogo de aproximação, por que não montar um Corinthians que jogue em função de tal opção? Tabelas, movimentação e intensidade no terço final.

Camacho, Cantillo e até mesmo Ramiro são alguns dos nomes que podem preencher o meio-campo e dar qualidade ao jogo aproximado de Luan. Mas não adianta, por exemplo, insistir na tese de que o volante colombiano entrega mais como primeiro volante.

Vitinho foi um dos garotos titulares em Corinthians x São Bento — Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

Vitinho foi um dos garotos titulares em Corinthians x São Bento — Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

Também não adianta negar que a dupla Xavier/Camacho foi melhor do que a Cantillo/Gabriel. Resta saber se pelo posicionamento mais próximo da característica de origem de cada jogador na primeira dupla do que na segunda, pelas circunstâncias do jogo ou pelo momento técnico.

Nessa formação de um time ideal para a Sul-Americana, é preciso também reconhecer outras coisas: a insistência em Rodrigo Varanda começa a não se justificar, e os centroavantes Cauê e Jô têm sofrido no time. O veterano, inclusive, vive péssimo momento técnico.

São apenas exemplos do que pode ser mudado em um Corinthians que precisará se reinventar diante do cenário: não haverá contratações no primeiro semestre, salvo difícil exceção. Quando convicções não se justificam na prática, é hora de pensar em mudá-las.

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Fonte: GE – Globo Esporte.

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