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Análise: após refazer elenco, Botafogo soube entender a Série B para ser campeão e voltar à elite

O Botafogo percorreu um árduo caminho na temporada para chegar ao título da Série B com vitória por 1 a 0 sobre o Brasil-RS, no último domingo, no Estádio

Análise: após refazer elenco, Botafogo soube entender a Série B para ser campeão e voltar à elite
Análise: após refazer elenco, Botafogo soube entender a Série B para ser campeão e voltar à elite

Redação Publicado em 22/11/2021, às 00h00 - Atualizado às 10h22


O Botafogo percorreu um árduo caminho na temporada para chegar ao título da Série B com vitória por 1 a 0 sobre o Brasil-RS, no último domingo, no Estádio Bento Freitas. Em uma das segundas divisões mais difíceis da história, tanto financeira quanto esportivamente, o time alvinegro entendeu e respeitou a competição para retornar à Série A. Em Pelotas, esteve longe de sua melhor performance, mas jogou sério para garantir a taça com uma rodada de antecedência.

Pouca gente acreditou que o Botafogo pudesse ser campeão ou até mesmo conquistar o acesso. Com quase 100% do elenco desfeito após a temporada 2020, o time começou praticamente do zero. Mas se contou com a descrença de muitos, viu quem de fato poderia fazer a diferença acreditar. Em um grupo com muitas caras desconhecidas, a vaidade foi superada pela união.

No Bento Freitas mais uma prova do ambiente bom criado entre os atletas. No gol de Diego Gonçalves, aos 20 minutos do primeiro tempo, o banco de reservas se juntou ao atacante para comemorar. Isso foi comum na temporada. Ao fim do jogo, a mesma coisa: todo mundo na beira do campo pra celebrar o título. Nas redes sociais, aqueles que não viajaram ao Sul também postaram sobre a conquista.

O jogo em si não foi dos melhores. O sol castigou os jogadores, com uma temperatura que chegou perto dos 35ºC. O Botafogo até tentou ditar o ritmo, mas não conseguiu manter a intensidade por muito tempo. Do outro lado, o Brasil não fez muita força para impedir a festa alvinegra em sua casa. Em partida que teve quero-quero e abelha, não teve zebra.

Sem seu principal criador, já que Chay ficou no Rio de Janeiro, o Botafogo encontrou dificuldades de concluir contra o gol de Matheus Nogueira. Brilhou a estrela do artilheiro para abrir o placar. Rafael Navarro, o jogador alvinegro que mais deu assistências na Série B, teve a leitura certa na área para encontrar Diego Gonçalves livre para finalizar.

Rafael Navarro comemora título com torcida do Botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo
Rafael Navarro comemora título com torcida do Botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo

O atacante é exemplo da importância que teve Enderson Moreira na arrancada do time na competição. Antes do treinador, Diego Gonçalves tinha um gol e uma assistência. Cresceu de produção com a chegada do comandante a ponto de ficar marcado pelo gol do título. Ao todo, balançou as redes oito vezes e deu três passes para gols na Série B. Outros nomes percorreram o mesmo caminho: Joel Carli, Barreto, Chay, Marco Antonio e Warley também apresentaram melhora com Enderson.

Depois do gol, o time perdeu ainda mais intensidade no Bento Freitas. Passou a administrar o resultado e viu o Brasil assustar mais vezes. Na volta do intervalo, Barreto acabou expulso após matar chance clara de gol do Xavante. No lance anterior, a equipe teve um pênalti não marcado pela arbitragem. Controlar as emoções foi fundamental. Com um homem a menos, o Botafogo manteve a seriedade, não deu sopa pro azar, e ainda viu o Coritiba, principal adversário na briga pelo título, sofrer um gol do CSA. O caminho para a taça estava pavimentado.

Números de Brasil x Botafogo:

Posse de bola: 55% x 45%
Finalizações: 13 x 14
Escanteios: 7 x 7
Faltas: 17 x 15
Passes errados: 72 x 87
Desarmes: 18 x 14

Em campanha de título a regularidade é o mais importante. E isso o Botafogo conseguiu com maestria na temporada. Mesmo nos jogos mais difíceis, não se absteve de “jogar feio” em prol do resultado. O time não deixou a peteca cair e a ansiedade atrapalhar. Respeitou a máxima “jogo a jogo”. Tanto que, sob o comando de Enderson, nunca sofreu duas derrotas seguidas.

Apostou nos números no Nilton Santos para atingir o objetivo. Mas foi fora de casa, onde não atuou tão bem em 2021, que o Botafogo garantiu o topo. Depois do acesso no Rio, foi simbólico ver o time comemorar com torcedores que não têm a oportunidade de ver o Glorioso com frequência.

Jogadores do Botafogo comemoram título após vitória sobre o Brasil de Pelotas — Foto: Vitor Silva/Botafogo
Jogadores do Botafogo comemoram título após vitória sobre o Brasil de Pelotas — Foto: Vitor Silva/Botafogo

Como resumiu um torcedor na véspera, “o Botafogo é maior que o Rio de Janeiro”. Teve carioca disposto a enfrentar a longa viagem até Pelotas, mas também muitos alvinegros da cidade gaúcha e de outras localidades do país na arquibancada do Bento Freitas. O grupo de WhatsApp “Botafoguenses do RS” não parou um minuto no fim de semana. A vinda da delegação alvinegra ganhou destaque na imprensa pelotense, que avisou diariamente na última semana sobre o horário e dia que o time alvinegro estaria na cidade.

Não podia ser diferente depois da temporada desgastante que o time vivenciou rodando todos os cantos do país. Na última madrugada, o Botafogo enfrentou uma viagem de quatro horas de ônibus até Porto Alegre e mais duas horas de avião até o Rio de Janeiro. A caminhada não terminou em Pelotas e muito menos vai se encerrar com a festa do título diante do Guarani, no próximo domingo, em casa. É só o começo de uma nova história que o clube precisa escrever para se recolocar no topo do futebol nacional.

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GE

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