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Ana Cristina e Carol Gattaz provam que sonho olímpico não tem idade

Em 2003, Carol Gattaz conquistou seu primeiro título com a Seleção Brasileira adulta: o Sul-Americano. Ana Cristina nasceu apenas no ano seguinte. Ela ainda

OLIMPICO
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Redação Publicado em 14/06/2021, às 00h00 - Atualizado às 09h11


Jogadoras estão em momentos totalmente diferentes de vida e carreira, mas se unem no mesmo desejo: disputar a primeira Olimpíada da carreira

Em 2003, Carol Gattaz conquistou seu primeiro título com a Seleção Brasileira adulta: o Sul-Americano. Ana Cristina nasceu apenas no ano seguinte. Ela ainda usava fraldas, quando Gattaz começou o início do seu maior sonho: jogar um Olimpíada. Isso quase aconteceu em 2008. Depois de fazer todo o ciclo olímpico com a seleção, foi preterida por Walewska, Fabiana e Thaisa. Foi um baque para Carol. Enquanto isso, Ana ainda brincava com suas bonecas e sequer se lembra da conquista do ouro em Pequim.

Gattaz seguiu tentando buscar seu sonho. Mais uma tentativa. Mais uma vez, acabou fora de Londres 2012. De novo, acabou trabalhando como comentarista. Foi bem e começou a cogitar que talvez não fosse seu destino disputar uns Jogos. Entre esses anos, Ana já acompanhava a mãe Ciça, também jogadora de vôlei, pelos ginásios. E vez ou outra brincava nas arquibancadas enquanto Ciça enfrentava Carol.

– Claro que era difícil, né? Eu estar do lado de fora. Eu queria muito tá dentro de quadra, mas eu tinha entendido algumas fases da minha vida. Eu falava: “ai, acho que eu já vou parar. Pro vôlei já deu, talvez eu siga esse caminho de comentarista”.

– A gente conversou sobre o trabalho na televisão bastante. Compartilhamos. Mas eu falei pra ela: “ó, eu acho que tem lenha pra queimar ainda aí, hein?” E se a gente for analisar agora, nos últimos três, quatro anos, na regularidade de todas essas temporadas, ela é a melhor central do país – relembra Nalbert, que o na época foi colega de Gattaz como comentarista.

Em 2014, as duas tomaram decisões que mudaram suas vidas. Ana calçou o tênis, colocou joelheiras e foi treinar vôlei como federada pela primeira vez, em São Caetano. Carol fechou contrato com o Minas. A ponteira dava os primeiros passos para se tornar um fenômeno pela velocidade com que se desenvolveu. Gattaz dava os primeiros passos para se tornar sua melhor versão justamente quando se espera que a jogadora já esteja em fim de carreira.

– Ressurgiu aquela vontade de jogar e aquele amor que eu sempre tive pelo vôlei, que tava um pouco adormecido nessa época. Ter ido para o Minas foi o maior acerto que tive. Eu realmente me sinto em casa.

– Eu sempre admirei muito minha mãe, as meninas que jogam com ela. Eu sempre gostei muito de assistir. Então acabou sendo muito natural seguir esse caminho. Não foi fácil. Acho que foi um desafio que foi enfrentado. Mas eu busquei dar o meu melhor e, graças a Deus hoje, to tendo a oportunidade de estar aqui na seleção jogando com essas meninas maravilhosas, que já jogaram com a minha mãe. Eu acho que aqui é o início de tudo, né? De uma carreira, se Deus quiser, de muitas vitórias.

Central Carol Gattaz, do Minas, ergue o troféu da Superliga 2020/2021 — Foto: Wander Roberto/Inovafoto/CBV

Central Carol Gattaz, do Minas, ergue o troféu da Superliga 2020/2021 — Foto: Wander Roberto/Inovafoto/CBV

Ana teve uma evolução meteórica. Em sua primeira temporada na Superliga, pelo Sesc-Flamengo, foi a sexta maior pontuadora da competição. Com 17 anos, se tornou o ponto de referência na virada de bola do time de Bernardinho. Gattaz, com 39, é o expoente do jogo rápido do bicampeão nacional Minas. Com essas performances acima do normal, a história das duas se encontra no mesmo ponto e pelo mesmo sonho: elas sonham em disputar a primeira Olimpíada.

– Ir pra uma Olimpíada com a minha idade é um sonho, é extremamente incrível pensar nisso – revela Ana.

– É minha última tentativa, né? É minha última jogada, assim, minha última tudo. Eu já tenho quase 40 anos, mas eu espero ainda realizar meu maior sonho – fala Gattaz.

As duas estão entre as 18 jogadoras convocadas pelo técnico Zé Roberto Guimarães que disputam a Liga das Nações. Dessas 18, 12 estarão em Tóquio.

Ana Cristina, destaque do Flamengo na Superliga — Foto: Wander Roberto/CBV

Ana Cristina, destaque do Flamengo na Superliga — Foto: Wander Roberto/CBV

Elogios do chefe e da ex-capitã

Estar na lista das 18 da Liga das Nações é o primeiro grande passo para seguir sonhando com a Olimpíada. Mas agora é necessário mostrar ao chefe que podem ser tão úteis que precisam estar na lista final. Nos treinos, pelo menos, o esforço de ambas parece estar sendo visto com bons olhos pelo comandante.

– A Carol tem várias coisas na vida, na carreira dela, que são muito interessantes. Brigou por posição na Olimpíada, foi cortada, ressurgiu. Ela está num processo hoje muito bom. Ela conseguiu realizar boas Superligas. É uma jogadora que está pronta. Ela precisa melhorar algumas coisas. Mas ela sempre se cuidou muito fisicamente. Ela precisa melhorar em alguns fundamentos, mas isso dá tempo. Acredito que ela está em totais condições de brigar por posição. A Aninha é um talento absoluto. Está num aprendizado enorme, mas tem uma facilidade muito grande de executar os fundamentos. É uma jogadora pronta, mas que falta experiência. No bom sentido, ela não respeita seja quem estiver na frente dela no bloqueio. Ela respeita a atleta, mas tá jogando contra, ela vai pra cima. Isso é ótimo. Ela não abaixa a guarda. Ela também tem uma grande possibilidade de ir pra sua primeira Olimpíada.

Após perder referências, Brasil enfrenta o Canadá pela Liga das Nações

Após perder referências, Brasil enfrenta o Canadá pela Liga das Nações

Quem também elogia a dupla de novata e veterana é a ex-capitã da seleção, a bicampeã olímpica Fabiana. Ela jogou por várias vezes com Gattaz e sabe da qualidade da ex-companheira.

– A gente não tem jogadoras, grandes jogadoras, que fazem essa posição dela, que é estar atacando china ali o tempo inteiro. Ficar chamando o bloqueio o tempo inteiro. E a Carol tem qualidades muito grandes. Além de grande jogadora, é uma grande pessoa. Isso faz diferença. E ela respira vôlei. Ela ama vôlei. Isso é muito importante.

Sobre Ana, Fabiana acredita que a jovem pode viver uma situação semelhente à sua. Em 2004, com 19 anos, Fabi jogou sua primeira Olimpíada, ainda como aposta para o futuro. Uma aposta que rendeu dois ouros para o Brasil.

– É a nossa promessa, é o que a gente acredita para o vôlei brasileiro. Não tenho dúvida de que o Zé está cuidando com muito amor, com muito carinho. Não pode pegar a menina, jogar lá e dizer “a responsabilidade é sua”. Tem que ser um pouco de cada vez. Quando eu fui para a seleção noviinha, eu só entrava para ajudar. Não era aquela coisa de entrar para resolver. Sempre teve o cuidado, o carinho de colocar um pouquinho aqui, um pouquinho ali. Até a jogadora estar na confiança de você escalar e seja o que Deus quiser.

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Fontes: Ge – Globo Esporte.

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