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Amplas derrotas de time paulista reabrem debate sobre futebol feminino

Quando o time de futebol feminino de Taboão da Serra perdeu uma partida do Campeonato Paulista por 29 x 0 no mês passado, parecia que as coisas não poderiam

Amplas derrotas de time paulista reabrem debate sobre futebol feminino
Amplas derrotas de time paulista reabrem debate sobre futebol feminino

Redação Publicado em 18/11/2020, às 00h00 - Atualizado às 18h51


Taboão da Serra foi eliminado ainda na fase de grupos do Estadual

Quando o time de futebol feminino de Taboão da Serra perdeu uma partida do Campeonato Paulista por 29 x 0 no mês passado, parecia que as coisas não poderiam ficar piores para o pequeno clube da periferia. A derrota pavorosa rendeu manchetes em todo o mundo, mas não foi a gota d’água. O time perdeu os três jogos seguintes por 14 x 0, 10 x 0 e 16 x 0 e foi eliminado do campeonato estadual na fase de grupos. Os resultados provocaram um novo debate sobre a competitividade do futebol feminino do Brasil. A reação – e, obviamente, a zombaria sexista – foi ainda mais previsível. Amplas derrotas de time paulista reabrem debate sobre futebol femininoAmplas derrotas de time paulista reabrem debate sobre futebol feminino

Quando o clube perdeu, “eles disseram coisas como ‘o time todo está com covid-19’, ‘nem se incomodem de jogar’, coisas assim, sabe?”, disse a capitã Lohane Ferreira. Eles estavam “falando como se o futebol fosse só para os homens, que as mulheres deveriam ficar em casa lavando a louça, como escravas dos homens. A maioria das jogadoras recebe este tipo de mensagem”.

Os resultados e as mensagens refletem os desafios enfrentados pelas jogadoras no país. Apesar de a seleção brasileira feminina ser competitiva na arena global e do sucesso internacional da atacante Marta, a única mulher escolhida como Jogadora do Ano pela Fifa seis vezes, a maioria das brasileiras passa apuros no mundo do futebol.

Até times veteranos são acusados de não oferecerem às equipes femininas os mesmos equipamentos ou instalações dos times masculinos, e a paridade salarial é um sonho distante. Taboão só conseguiu um campo de treinamento três dias antes do início do campeonato, e suas jogadoras arcam com quase toda a responsabilidade pelos preparativos, treinamentos e equipamentos.

“Não temos nenhum tipo de ajuda, nem chuteiras”, disse a meio-campista Alieni Baciega Roschel. “Todas as jogadoras têm que pagar pelo próprio equipamento. Elas pagam do próprio bolso para chegar ao treinamento. Cada uma delas gasta entre 20 e 30 reais por dia com transporte, algumas levam duas ou três horas para chegar em casa, algumas vêm direto do trabalho”.

Como muitos times brasileiros, o Taboão enfrenta dificuldades financeiras e está estudando se concentra todos seus recursos no time masculino no ano que vem — mas as jogadoras prometeram continuar jogando.

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Agência Brasil

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