Polícia cumpre primeiros mandados de prisão contra suspeitos de envolvimento na morte de Marielle Franco

Agentes da Divisão de Homicídios da Polícia Civil estão nas ruas nesta quinta-feira (13) para cumprir os primeiros mandados de prisão e de busca e apreensão

Polícia cumpre primeiros mandados de prisão contra suspeitos de envolvimento na morte de Marielle Franco -

Redação Publicado em 13/12/2018, às 00h00 - Atualizado às 13h29

Agentes estão em 15 endereços espalhados por vários lugares do Rio e fora do estado.

Agentes da Divisão de Homicídios da Polícia Civil estão nas ruas nesta quinta-feira (13) para cumprir os primeiros mandados de prisão e de busca e apreensão relacionados às mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A operação é para prender milicianos – alguns suspeitos de envolvimento no atentado, que ocorreu no dia 14 de março.

Os policiais estão em 15 endereços, inclusive fora do estado, como em Juiz de Fora, em Minas. No RJ, equipes estão na Zona Oeste do Rio; em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense; em Petrópolis, na Região Serrana; e em Angra dos Reis, na Costa Verde.

Os mandados fazem parte de um inquérito à parte, mas, de acordo com o delegado Giniton Lages, que está à frente das investigações, todos têm ligação com os assassinatos. As mortes completam nove meses nesta sexta-feira (14).

A investida do Caso Marielle faz parte de operação maior contra a milícia. Em Angra dos Reis, durante o cumprimento de mandado, equipe foi encurralada por criminosos. A Polícia Civil não esclareceu se a ação tinha relação com o atentado.

Segundo informações do delegado Bruno Gilaberte, titular da 166ª DP, a ação aconteceu no Morro da Constância, no Frade. “Os agentes ficaram sob forte ameaça [dos bandidos], em local de vulnerabilidade e intensa situação de risco”, informou o delegado.

O grupo foi resgatado após ação das polícias Civil e Militar. Um dos agentes foi atingido por estilhaços e teve ferimentos leves.

O que se sabe do Caso Marielle

A vereadora Marielle Franco foi morta a tiros dentro de um carro na Rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, na Região Central do Rio, por volta das 21h30 desta quarta-feira (14). Além da vereadora, o motorista do veículo, Anderson Pedro Gomes, também foi baleado e morreu. Uma outra passageira, assessora de Marielle, foi atingida por estilhaços.

HISTÓRICO

  1. 19h: Marielle chega à Casa das Pretas, na Rua dos Inválidos, Lapa, para mediar debate com jovens negras.
  2. Imagens obtidas pela polícia mostram um Chevrolet Cobalt com placa de Nova Iguaçu, município da Baixada Fluminense, parado próximo ao local.
  3. Quando Marielle chega, um homem sai do carro e fala ao celular.
  4. 21h: Marielle deixa a Casa das Pretas com uma assessora e Anderson. Pouco depois, um Cobalt também sai e segue o carro de Marielle.
  5. No meio do trajeto, um segundo carro se junta ao Cobalt e persegue o veículo de Marielle.
  6. 21h30: na Rua Joaquim Palhares, no Estácio, um dos veículos emparelha com o carro de Marielle e faz 13 disparos: 9 acertam a lataria e 4, o vidro.
  7. Marielle e Anderson são baleados e morrem.
  8. Vereadora foi atingida por 4 tiros na cabeça.
  9. Anderson levou ao menos 3 tiros nas costas.
  10. Assessora é atingida por estilhaços, levada a um hospital e liberada.

INVESTIGAÇÃO

DELAÇÃO

Quase dois meses após o crime, uma publicação do jornal O Globo deu indícios do que pode ter sido a articulação para matar Marielle. A reportagem mostrou que uma testemunha deu à polícia novas informações que implicaram no crime o vereador Marcello Siciliano (PHS) e o ex-PM e miliciano Orlando Curicica.

Vereador do Rio Marcello Siciliano — Foto: Reprodução

A testemunha – que integrava uma milícia na Zona Oeste do Rio e foi aliado de Orlando – contou à polícia ter testemunhado uma conversa entre Siciliano e o miliciano na qual os dois arquitetaram a morte da vereadora. A motivação para o crime, segundo a testemunha, seria a disputa por áreas de interesse na região de domínio de Orlando.

“Ela peitava o miliciano e o vereador. Os dois [o miliciano e Marielle] chegaram a travar uma briga por meio de associações de moradores da Cidade de Deus e da Vila Sapê. Ela tinha bastante personalidade. Peitava mesmo”, revelou a testemunha, de acordo com o jornal.

Tanto Siciliano quanto Orlando negam que tenham planejado a morte da vereadora. No mês seguinte à publicação de O Globo, o miliciano foi, a pedido da Segurança Pública do RJ, transferido para uma unidade prisional de segurança máxima.

 Ex-PM e miliciano Orlando de Curicica — Foto: Reprodução TV Globo

RESUMO DA DELAÇÃO

SP DIARIO Marielle Franco

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