PIB do Brasil cresce 0,8% no 3º trimestre

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,8% no 3º trimestre de 2018, na comparação com os três meses anteriores, divulgou nesta sexta-feira (30) o

PIB do Brasil cresce 0,8% no 3º trimestre -

Redação Publicado em 30/11/2018, às 00h00 - Atualizado às 09h56

Em relação ao 3º trimestre de 2017, avanço foi de 1,3%. Economia apresenta melhora na comparação com os trimestres anteriores, mas ainda se encontra no mesmo patamar do 1º semestre de 2012.

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,8% no 3º trimestre de 2018, na comparação com os três meses anteriores, divulgou nesta sexta-feira (30) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação ao 3º trimestre de 2017, a alta foi de 1,3%.

Trata-se do melhor resultado trimestral no ano até o momento. Embora a economia tenha mostrado uma aceleração entre os meses de julho e setembro, a melhora se deve principalmente à fraca base de comparação com o trimestre anterior – cujo resultado foi fortemente afetado pela greve dos caminhoneiros no final de maio.

Segundo Rebeca Palis, gerente da pesquisa, com este resultado, apesar da melhora, o PIB ainda se encontra no mesmo patamar do primeiro semestre de 2012.

Variação do PIB trimestre contra trimestre anterior — Foto: Karina Almeida/G1

Veja os principais destaques do PIB:

O avanço no 3º trimestre também está ligado a motivos extraordinários como mudanças no regime de tributação no setor de óleo e gás (Repetro), que impulsionou a contabilização da importação de plataformas de petróleo como estoque de capital e influenciou significativamente a alta dos investimentos e das importações.

O resultado incorporou também os dados revisados das contas nacionais dos últimos dois anos. No início do mês, o IBGE divulgou que a retração da economia em 2016 foi menor, de 3,3%, ante 3,5% divulgado anteriormente.

Com as revisões, crescimento do PIB em 2017 foi revisado de alta de 1% para avanço de 1,1%. O IBGE também revisou o resultado do 1º trimestre, de uma alta de 0,1% para uma expansão de 0,2%,

Variação do PIB trimestre contra trimestre pela ótica da oferta — Foto: Juliane Souza/G1

No acumulado em 12 meses, o PIB cresceu 1,4% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Já no acumulado em 2018, o PIB cresceu 1,1%, em relação a igual período de 2017. Em valores correntes, o PIB no 3º trimestre alcançou R$ 1,716 trilhão.

Entre todos os componentes do PIB, a única queda foi do segmento de eletricidade e gás, água esgoto, que recuou 1,1%. “Isso é totalmente explicado pelo aumento tarifário, já que tivemos três bandeiras vermelhas, o que significa que tivemos que acionar as térmicas, que têm um custo maior”, explicou a gerente da pesquisa.

O resultado do PIB veio dentro do esperado. A expectativa da maioria dos analistas era de uma alta entre 0,7% e 0,8% na comparação com o 2º trimestre, segundo levantamento do G1.

O que o PIB tem a ver com o nosso dia a dia?

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. Em 2017, o PIB teve uma alta de 1,1%, após dois anos consecutivos de retração. No 1º e no 2º trimestres, a alta foi de 0,2%.

Para 2018, a média do mercado prevê que a economia brasileira irá crescer 1,39% no consolidado no ano, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central, em linha com o esperado pelo governo (1,4%). Para o ano que vem, a expectativa para a expansão do PIB segue inalterada em 2,5%.

Variação do PIB trimestre contra trimestre pela ótica da demanda — Foto: Karina Almeida/G1

Investimentos e consumo

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), medida do que se investe no país em máquinas, equipamentos e pesquisa, disparou 6,6% na comparação com o 2º trimestre, o melhor resultado desde o 4º trimestre de 2009, quando havia registrado crescimento de 7,1%. Em relação ao 3º trimestre de 2017, a alta foi de 7,8%.

A alta dos investimentos, entretanto, foi pontual, impulsionada pelo impacto da contabilização de plataformas de petróleo que já deveriam ter sido computadas no PIB há anos. Sem esse fator extraordinário, o investimento teria tido alta de 2,7%, ao invés de 7,8%, sesgundo o IBGE.

“Não se trata de investimento novo. Essas plataformas já deveriam ter sido computadas no PIB há anos, quando foram produzidas, exportadas de maneira fictícia e mantidas em território nacional como prestação de serviços”, explicou ao G1 a economista Silvia Matos, do Ibre/FGV.

O IBGE explicou que os expressivos resultados das exportações e dos investimentos tem relação direta com as mudanças no regime de tributação do setor de óleo e gás. “Com essa mudança, o país já pode incorporar o ativo [plataformas de petróleo] e vai continuar não pagando imposto. Então, houve uma importação fictícia – você aumenta a oferta, que reflete na formação bruta de capital fixo”, disse Rebeca Palis.

A taxa de investimento no 3º trimestre de 2018 foi de 16,9% do PIB, o que representa um aumento em relação àquela observada no mesmo período do ano anterior (15,4%). Já ataxa de poupança foi de 14,9%, sem variação na comparação com o mesmo período de 2017.

Consumo segue como motor do PIB

O consumo das famílias manteve trajetória de recuperação, com alta de 0,6%, o melhor resultado desde o 3º trimestre de 2017. O consumo das famílias continua sendo o principal motor da recuperação da economia, sustentado pela expansão da massa salarial em meio à queda da taxa de desemprego, ainda que em ritmo lento e puxada pelo aumento da informalidade.

“Mesmo você tendo um investimento acima da taxa de consumo das famílias, ela tem peso três vezes superior. O consumo das famílias pesa mais de 60% na composição do PIB, enquanto o investimento pesa menos de 20%”, explicou Rebeca Palis.

Do lado da oferta, o grande destaque do trimestre foi transportes, que cresceu 2,6% na comparação com o trimestre anterior, e ajudou a impulsionar o desempenho do setor de serviços.

“Isso tem relação direta com a greve dos caminhoneiros, já que tivemos um resultado depreciado no 2º trimestre. Se olharmos internamente, esse aumento foi justamente no transporte de cargas, não de passageiros”, destacou.

SP DIARIO economia

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